O Brasil exorcizou seus fantasmas na vitória por 3x1 contra a Costa do Marfim, provando que continua sendo um dos principais candidatos à conquista do Mundial da África do Sul.
Mas, deixou também evidenciado que a vitória, se vier, será decorrente da qualidade individual dos jogadores, que podem decidir partidas com seus lampejos, apesar do incipiente jogo coletivo.Assim, a Costa do Marfim mandava no jogo até os 25' do 1º tempo, quando, após rápida combinação Robinho/Luís Fabiano/Kaká, este devolveu ao artilheiro, que acertou chute fortíssimo, a queima-roupa. 1x0.
Até então, nossa Seleção estava dispersiva, errando passes óbvios, com péssima saída de bola e Kaká sendo desarmado facilmente pelos africanos -- os quais, embora mais desenvoltos e melhor distribuídos no gramado, não conseguiam criar lances agudos.
O tento reergueu o moral de Luís Fabiano e kaká -- mas, não o suficiente para o Brasil encaixar bons contra-ataques, aproveitando os espaços que começavam a surgir na defesa adversária.
Veio o 2º tempo e, num lance de muito oportunismo, Luís Fabiano deu dois chapéus nos zagueiros e fez 2x0, depois de ajeitar a bola com o braço.
Este gol irregular aos 5' desconcertou os marfinenses, que assistiriam à boa jogada de linha de fundo do renascido Kaká, cruzando para Elano completar: 3x0, aos 17'.
O resto foi violência, catimba e, aos 34', um gol de Drogba, que estava desmarcado quando saltou para cabecear no meio da área brasileira.
O árbitro francês, que já errara ao validar o segundo tento brasileiro, foi complacente com as entradas duras dos africanos, inclusive a que alijou Elano da partida (depois de ter novamente a felicidade de compensar seu mau desempenho com um gol).
A maré anda tão ruim para Kaká que, quando começava a reencontrar o ritmo de jogo, caiu na provocação adversária, reagindo com uma cotovelada que lhe valeu a expulsão. Com isto, não enfrentará Portugal, retardando sua recuperação técnica.
O certo é que o Brasil chegou às oitavas-de-final com falhas e carências em todos os compartimentos da equipe: defesa desatenta em alguns lances, lateral esquerdo chinfrim, meiocampistas defensivos que não sabem sair jogando, falta de um meiocampista ofensivo que dite o ritmo e faça assistências precisas, atacantes que alternam altos e baixos.
Mas, tem compensado suas deficiências com um ótimo aproveitamento das poucas chances criadas por seus jogadores -- que continuam sendo melhores do que quase todos os outros desta Copa. Num estalo, decidem tudo.
Subsiste, claro, o risco de ser derrotado por um conjunto melhor, como o da Espanha; ou por uma Seleção que tenha valores individuais melhores, como a Argentina de Messi.
Como também não pode ser descartada a hipótese de que chegue ao título jogando assim mesmo; afinal, o nível deste Mundial está longe de ser alto e o matador Luís Fabiano provou hoje que, em dois lances, é capaz de alterar o rumo de uma partida.
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