sexta-feira, 7 de maio de 2010

SARNEY QUER O BRASIL COMO POLICIAL DO CONTINENTE

José Sarney é patético.

Coronelão da política à moda antiga, deu sustentação parlamentar à ditadura de 1964/85 enquanto lhe foi conveniente.

Como bom arenoso (*), disse amém a todas as arbitrariedades e atrocidades.
Quando o regime militar já fazia água, pulou fora: compôs-se com os oposicionistas consentidos, pegou carona na candidatura presidencial de Tancredo Neves pela via indireta, foi eleito vice-presidente do Brasil sem um mísero voto dos eleitores e tirou a sorte grande com a morte do titular.

O que fez com a Presidência que herdou sem merecer?


Apoiou a convocação da Constituinte, mas omitiu-se totalmente dos esforços para se gerar uma boa Carta Magna. Sua única prioridade, o tempo todo, foi evitar que reduzissem a duração do seu mandato presidencial. O resto que se danasse.


Deu aval aos mais esdrúxulos experimentos econômicos, cujo resultado concreto foi o recorde brasileiro de inflação: estava chegando a 100% ao mês, no final do seu catastrófico governo.


E desperdiçou a oportunidade de, nas águas da redemocratização, dotar o Brasil de uma verdadeira anistia política, em substituição àquela que os militares nos enfiaram goela adentro para lhes servir como habeas corpus preventivo.


Gerou o fenômeno Collor, reação óbvia do eleitorado ao total descrédito que o Governo Sarney acarretou para a classe política. Assim, a disputa acabou se travando entre dois
outsiders, já que aqueles que vinham mandando nos destinos do País ficaram com a reputação em frangalhos.

A do próprio Sarney, então, tornou-se tão negativa que ele até teve de mudar fraudulentamente seu domicílio eleitoral para conseguir uma cadeira senatorial.


Continuou a mediocridade de sempre, na política e nas letras, até o surgimento de provas irrefutáveis das graves irregularidades que cometeu ou consentiu como presidente do Senado.

Só deixou de ser expelido porque Lula, com enorme desgaste pessoal, atirou-lhe uma bóia. Esta será sempre lembrada como uma das piores decisões do ex-metalúrgico que, de perseguido pela ditadura, passou a protetor de um serviçal do regime militar.

Agora Sarney, utilizando seu espaço na Folha de S. Paulo (foram feitos um para o outro), confessa que tentou convencer o então presidente estadunidense Ronald Reagan a meter o nariz nos assuntos bolivianos, da mesma forma como atualmente prega que o Brasil meta o nariz nos assuntos paraguaios:

"O chamado Exército do Povo Paraguaio não pode se transformar numa Farc ou num Sendero. Com determinação e força, o Brasil deve ajudar o presidente Lugo a manter a ordem no seu país e não permitir jamais que nossas fronteiras sejam violadas, para evitar essa conjugação infame de guerrilha com narcotráfico".

Ou seja, os leopardos nunca perdem as pintas: quase meio século depois, Sarney continua com a mesmíssima mentalidade de quando lambia as botas dos fascistas.

* integrante da Arena, o partido que fingia ser situação no regime militar, enquanto o MDB fingia ser oposição. Na verdade, o real e único poder estava na caserna.

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