As mazelas do capitalismo putrefato, que acaba agindo insensivelmente como agente da destruição da espécie humana, não evidenciam-se apenas nos chamados ataques especulativos (o colunista Clóvis Rossi prefere chamá-los de arrastões...) contra Grécia e Espanha.
A ganância desmedida destrói nações no atacado e mata coitadezas no varejo.
Todos choram a desdita das nações, mas eu lamento também cada coitadeza sacrificado à sanha capitalista.
Caso de José Aparecido Ferreira da Silva, 18 anos, servente de pedreiro que despencou de uma obra insegura no bairro paulistano da Mooca.
Tempo é dinheiro e equipamento custa dinheiro. Já a vida de um peão não vale nada.
Os proprietários da construtora foram flagrados pela Polícia Militar quando instalavam apressadamente uma proteção que faltava no local do acidente. E ofereceram R$ 10 mil para os soldados esquecerem o que não deveriam ter visto.
Detidos em flagrante no momento da entrega do dinheiro, foram autuados por corrupção ativa, fraude processual e homicídio culposo.
Quanto tempo de prisão os aguarda? Eu apostaria que não ficarão atrás das grades nem um ano.
Quantas décadas roubaram do pobre servente?
Só haveria verdadeira justiça se passassem presos o tempo que José Aparecido Ferreira da Silva teria presumivelmente de vida.
Isto jamais acontecerá no Brasil.
Caso o José Aparecido cometesse um homicídio culposo tentando roubar qualquer propriedade de um capitalista, decerto o trancafiariam numa masmorra e jogariam a chave fora.
Quando um capitalista comete homicídio culposo por arrogante desleixo ao organizar as atividades dos seres humanos a seu serviço, quase nada lhe acontece, apenas uns incômodos passageiros.
Roberto Bussab e Takao Kageyama: são estes os cidadãos que causam morte por descaso com os subumanos, modificam cena de crime para evitar multa e tentam subornar autoridades que estão cumprindo seu dever. Lembremo-nos dos nomes, talvez ainda os encontremos na lista de empreiteiros do ano.
De cara, já foram encaminhados a um distrito policial com instalações apropriadas para criminosos com curso superior. Não serão espancados nem estuprados em cadeias abarrotadas, como decerto aconteceria com sua vítima.
A igualdade perante a lei simplesmente inexiste no capitalismo brasileiro.
Todos choram a desdita das nações, mas eu lamento também cada coitadeza sacrificado à sanha capitalista.
Caso de José Aparecido Ferreira da Silva, 18 anos, servente de pedreiro que despencou de uma obra insegura no bairro paulistano da Mooca.
Tempo é dinheiro e equipamento custa dinheiro. Já a vida de um peão não vale nada.
Os proprietários da construtora foram flagrados pela Polícia Militar quando instalavam apressadamente uma proteção que faltava no local do acidente. E ofereceram R$ 10 mil para os soldados esquecerem o que não deveriam ter visto.
Detidos em flagrante no momento da entrega do dinheiro, foram autuados por corrupção ativa, fraude processual e homicídio culposo.
Quanto tempo de prisão os aguarda? Eu apostaria que não ficarão atrás das grades nem um ano.
Quantas décadas roubaram do pobre servente?
Só haveria verdadeira justiça se passassem presos o tempo que José Aparecido Ferreira da Silva teria presumivelmente de vida.
Isto jamais acontecerá no Brasil.
Caso o José Aparecido cometesse um homicídio culposo tentando roubar qualquer propriedade de um capitalista, decerto o trancafiariam numa masmorra e jogariam a chave fora.
Quando um capitalista comete homicídio culposo por arrogante desleixo ao organizar as atividades dos seres humanos a seu serviço, quase nada lhe acontece, apenas uns incômodos passageiros.
Roberto Bussab e Takao Kageyama: são estes os cidadãos que causam morte por descaso com os subumanos, modificam cena de crime para evitar multa e tentam subornar autoridades que estão cumprindo seu dever. Lembremo-nos dos nomes, talvez ainda os encontremos na lista de empreiteiros do ano.
De cara, já foram encaminhados a um distrito policial com instalações apropriadas para criminosos com curso superior. Não serão espancados nem estuprados em cadeias abarrotadas, como decerto aconteceria com sua vítima.
A igualdade perante a lei simplesmente inexiste no capitalismo brasileiro.
8 comentários:
Uma triste verdade, até quando?
Revoltante e muito bem descrito.
O mal desse sistema cruel não é o que ocorre em salões de luxo onde mafiosos travestidos de "altos executivos" colocam a faca no pescoço de uma nação como a grega - dotada de inigualável patrimônio cultural e histórico -, mas sim o que acontece todos os dias em todos os lugares do mundo com os "josés aparecidos".
Quantos josés custará à Grécia continuar enriquecendo os milionários?
Quando o cinismo dos Estados Unidos terem déficits que quebrariam qualquer país do mundo se manterem incólumes gastando trilhões em salvamentos de bancos e guerras, enquanto impõe que outros países se sacrifiquem por décadas - como aqui no Brasil com 20 anos de economia estagnada pagando a divida do milagre econômico da ditadura?
Além de cruel o capitalismo é cínico como aqueles que o defendem.
PS. Vi o excelente filme italiano "Sacco e Vanzetti" - graças à sua menção em um post anterior e gostei muito. Não conhecia esta vergonhosa história. Que continua a ser igual. Apesar de quererem nos convencerem que não.
Roberto,
o Howard Fast teve um bom início de carreira, antes de virar fábricante de best-sellers.
Seu "A Tragédia de Sacco e Vanzetti" foi provavelmente o primeiro livro de esquerda que eu li, retirado de uma biblioteca circulante, quando eu tinha uns 15 anos.
Marcou-me muito. E foi meio premonitório, pois acabei envolvido numa batalha semelhante, defendendo o Cesare.
O filme não negou fogo. Além das excepcionais atuações do Volonté e do Cucciola, tem uma das melhores trilhas musicais que já escutei.
O Morricone é gênio e escolheu a melhor cantora que havia para transmitir a dramaticidade daquelas canções -- até porque a Joan Baez compartilhava nossos ideais.
Um abração!
bom.. quem escreveu isso é um idiota... assistiu a uma reportagem na TV... entendeu errado, ainda... e acha que pode falar com propriedade sobre o ocorrido, sobre o cotidiano da construção, e pior sobre as motivações dos responsaveis. você pegou uma reportagem, que já é algo terrivelmente tendencioso e superficial... emporcalhou um pouco com sua opnião de mesa de bar e escreveu essa bobagem, se vc tem aspirações de ser um jornalista/colunista deveria pelo menos estar a par de todos os fatos e todas as perspectivas, antes de dar sua opnião, senão ela não valerá um centavo cara...
sem base... vira papo de debilmental no bar da esquina...
Adriano,
não vi um único argumento na sua mensagem, só ofensas, numa vã tentativa de defender o indefensável.
A reportagem na qual me baseei não foi de TV, mas da "Folha On Line": DONOS DE CONSTRUTORA ADULTERAM LOCAL DE MORTE DE SERVENTE, TENTAM SUBORNAR POLICIAIS E SÃO PRESOS (http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u730862.shtml). Partiu das declarações dos policiais militares e do Boletim de Ocorrência, já que o advogado dos acusados não quis se manifestar.
De resto, venho sendo jornalista/colunista desde 1972. E não exatamente de mesas de bar.
É muito fácil julgar as pessoas observando-se a situação por fora. Sabe-se que foi a vida de um garoto, possivelmente com aspirações e planos, que foi perdida (isso é realmente triste e desolador), porém, não pode-se esquecer que em TUDO que acontece no mundo, não há culpados ou inocentes. Cadê a fiscalização por parte dos órgãos responsáveis? Cadê a NOSSA fiscalização? O que NÓS fazemos quando vemos algum trabalhador exercendo uma tarefa arriscada sem proteção? Procuramos o órgão responsável e fazemos uma denúncia, ou ficamos calados? Ou pior: estamos tão alienados a ponto de deixarmos de perceber (voluntariamente ou não) o que acontece ao nosso redor?
Além disso, outra coisa que penso sempre quando se comenta que "fulano" deve pagar pelo que fez, apodrecer na prisão ou algo do gênero é: qual é o verdadeiro intuito da prisão? Ser uma forma de vingança ou servir como um meio de reflexão e reabilitação? Em fim, creio que todos já sofrem o suficiente nessa história toda.
Não precisamos de vilões, mas sim de percepção, reflexão, debates e acima de tudo, AÇÃO da parte de cada um de nós!
Respeitosamente, Sabrina M. dos Santos
O caso é muito melindroso, Sabrina. Não envolve apenas o destino de dois empreiteiros gananciosos.
Há uma tradição de impunidade dos ricos e poderosos no Brasil. E a construção civil é uma das atividades em que os abusos contra os trabalhadores são mais frequentes.
Então, se mais este caso tiver desfecho insatisfatório, outros empreiteiros também preferirão economizar tostões do que investir em melhores condições de trabalho.
Daí o perigo de sermos condescendentes com esses senhores que cometeram três graves erros:
- desleixo inaceitável quando há vidas em jogo
- tentativa de fugir às suas responsabilidades pelo ocorrido
- tentativa de suborno de autoridades
Sempre que os flagrados são capitalistas, pede-se compreensão e benevolência. Mas, pelos privilégios de que desfrutam, são exatamente esses que não têm desculpas para proceder errado.
Então, como revolucionário que sou e nunca escondi, eu tomo o partido da vítima.
Sem ilusões: sei que esses empreiteiros escaparão do castigo merecido, assim como o Pimenta Neves, o Paulo Maluf, o Daniel Dantas, o Antonio Palloci, o José Sarney e outros que tais.
Além da matéria da “Folha On Line”, na qual me baseei para escrever o artigo, há agora uma opção: http://www.folhavp.com.br/materia3.htm
Trata-se de uma reportagem da “Folha da Vila Prudente” que, por ser da região, apurou de forma um pouco mais aprofundada o episódio.
É mais detalhada e rica. Lendo-a, constata-se que o texto inicial da “Folha On Line” estava basicamente correto. E que o comportamento dos empreiteiros foi mesmo o pior possível.
Não gastaram R$ 10 mil para dotar a obra de equipamentos de segurança essenciais. Mas, correram a oferecer R$ 10 mil para subornar policiais que estavam cumprindo com correção seu dever.
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