A primeira metade do artigo O discurso patrioteiro, do colunista esportivo José Geraldo Couto, é antológica. Subscrevo-a e reproduzo com entusiasmo.
Pena que ele não soube finalizar o texto, fechando-o sem impacto. Acontece.
Mas, a parte boa lava a alma de quantos estamos arrancando os cabelos face à perspectiva de termos de torcer por um Brasil desfigurado e burocrático no Mundial. Vamos a ela:
Em 1990, um único lampejo de um fora de série bastou para mandar
a Seleção de Lazaroni e Dunga para casa. Daquela vez faltou Neto.
Pena que ele não soube finalizar o texto, fechando-o sem impacto. Acontece.
Mas, a parte boa lava a alma de quantos estamos arrancando os cabelos face à perspectiva de termos de torcer por um Brasil desfigurado e burocrático no Mundial. Vamos a ela:
"O que mais me deixou preocupado, na convocação da seleção brasileira, não foi tanto a escolha óbvia e inercial dos jogadores, mas o discurso patrioteiro de Dunga. Ouvir o treinador justificar suas opções foi como entrar no túnel do tempo e cair nos piores anos da ditadura militar.
"No mais acabado estilo 'Ame-o ou deixe-o', o que Dunga disse, com quase todas as letras, foi: quem não gosta da minha seleção não gosta do Brasil. Por nossas críticas à convocação, Juca Kfouri, Xico Sá e eu fomos tratados (via e-mail ou comentários na Folha Online) como inimigos da pátria por leitores mais exaltados, embalados pelo ufanismo reinante.
"Na visão de Dunga e seus seguidores, jogar na seleção é como fazer serviço militar, e a Copa do Mundo é uma guerra suja, como todas as guerras. Sinto muito, mas não é essa a minha visão.
"Copa do Mundo, para mim, é ou deveria ser o momento em que os melhores futebolistas do planeta, defendendo seus respectivos países, fazem o espetáculo esportivo supremo. É, ou deveria ser, um espaço de arte e encantamento, em que o futebol justifica seu estatuto de esporte mais amado em todo o mundo.
"Foi nesse espaço, nessa espécie de Olimpo transitório, que brilharam figuras como Pelé, Garrincha, Cruyff, Beckenbauer, Platini, Maradona, Romário, Ronaldo, Zidane...
"Alijar do evento os jogadores mais talentosos do país, em favor dos mais disciplinados e leais ao chefe, é um crime contra o próprio futebol e uma traição a um dos traços mais ricos da cultura brasileira, que é o nosso jeito de jogar bola."
Em 1990, um único lampejo de um fora de série bastou para mandar
a Seleção de Lazaroni e Dunga para casa. Daquela vez faltou Neto.
4 comentários:
A qualquer um que venha com esse discurso de patriota, basta lembrar-lhe uma coisa: ser patriota, recebendo 500.000 por mês (ou mais) é muito mole, quero ver é encarar os engarrafamentos nas marginais (ou "os") de São Paulo e do Rio, recebendo um pouco mais de sálario mínimo! Tenho 49 anos de janela e nunca engoli essa história de patriotismo de futebol, digna dos Zagalos da vida. Posso não gostar de um presidente, mas somente ele possui minha procuração para me representar no mundo. A seleção, ganhando ou perdendo um torneio, em nada mudará minha vida e posso GARANTIR que tristeza não consta em meu dicionário para eventuais derrotas esportivas, Dunga é um 'fora da realidade', está querendo eximir-se de um provável fracasso, tentando fazer com que o povo volte aos "tempos das cavernas". Ele só se esquece que não somos mais tão idiotas assim.
Ganhar ou perder são faces da mesma moeda, não representa o fim de nada (nem a vida na terra é o fim). Se alguém me pergunta se vou torcer pelo time de Dunga, respondo que sim, mas não darei minha vida por esse time jamais. Se ele fala em patriotismo, que se aliste e vá pro Haiti, os soldados que lá estão (por motivos diversos) e os voluntários como Dona Zilda Arns, que derão suas vidas por acreditarem em algo que está longe desses mercenários é que merecem a honra de me representarem (mesmo que eu não goste dessa intervenção no Haiti). Chega, tô p da vida com esse tro,lo,lo. Se ficar escrevendo mais, sairá muitos palavrões.
Celso, desculpe-me "deram'...
Dunga e a Ditadura,
Dunga não tem dúvidas sobre a ditadura,
até porque entre é amigo de Pedro Seelig, delegado do DOPS no Rio Grande do Sul.
Veja a seguinte reportagem:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2380427.xml&template=3898.dwt&edition=11558§ion=1010
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:6gfVFyC34doJ:www.sinpro-rs.org.br/extra/mar01/polemica1.asp+pedro+seelig&cd=10&hl=en&ct=clnk
Sou jornalista faz meio século, desde 1961, e venho testemunhando nesse tempo todo, a imprensa, leia-se até jornalistas que nunca calçaram uma chuteira, querer escalar a Seleção e tratar os técnicos como débeis mentais. A Seleção é a Pátria de chuteiras, sim. E a Seleção de Dunga teria enfiado 5 nesses timinhos da Argentina e França. Volta, Dunga!Apóllo Natali.
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