Uma leitora acusou-me de estar criticando o descaso do Rio de Janeiro com seus pobres por preferir que as Olimpíadas viessem para São Paulo.
Não, nunca fui dado ao bairrismo. Preocupo-me mesmo é com a sina dos miseráveis.
Penso sempre em quão inúteis são os sacrifícios e tormentos que os homens infligem aos homens.
No Brasil, p. ex., temos áreas imensas para ocupar, de forma consciente, sem prejuízo do verde que te quiero verde.
Por que nos concentrarmos em cidades que deixam de ser maravilhosas exatamente pelo excesso de gente?
Por que não nos espalharmos, morando em núcleos dedicados, cada um, a determinada faina?
Nos primórdios da industrialização, as vilas operárias erguiam-se ao lado das fábricas.
Na Mooca da minha infância morava boa parte dos trabalhadores do grande cotonifício lá instalado. Como meu pai, que levava 15 minutos para caminhar até seu emprego.
Hoje, as pessoas mais pobres são as que residem a uma distância maior do seu ganha-pão. Chegam a perder até quatro horas no ir e vir. Para quê?
E qual a necessidade de habitarem em áreas de risco, quando poderiam estar residindo em segurança?
Nenhuma. Pois, já estão dadas todas as condições para os homens reconstruírem o mundo de forma equilibrada, harmoniosa e justa, garantindo a cada indivíduo deste sofrido planeta uma morada decente, alimentação suficiente, educação e saúde, utensílios e lazer, tudo que hoje associamos à vida civilizada.
Basta eliminarmos o que é inútil e direcionarmos o labor humano para a produção do essencial.
Ao longo dos milênios, os seres humanos tiveram como principal motivação, na luta contra a necessidade, a obtenção de melhores condições materiais que a dos vizinhos. Como a cenoura erguida à frente do burro para que ele puxe a carroça, isto fez a humanidade avançar, quando ainda não havia o suficiente para todos viverem igualmente bem.
Hoje há. A barreira da necessidade foi transposta pelos avanços científicos e tecnológicos dos dois últimos séculos. Então, o que impede o homem de alçar-se a um patamar superior de civilização não é mais a carência do básico, mas o desvio do esforço humano para o supérfluo, em detrimento dos enormes contingentes humanos colocados à margem do progresso.
Que proveito o homem comum tira da existência dos bancos, da publicidade, de quase todas as burocracias, da indústria bélica?
Nenhum. São atividades desnecessárias, como tantas outras. Nada perderíamos com sua supressão, por obsolescência.
Organizando-se para disponibilizar apenas o que é realmente necessário, os homens poderiam dar sua contribuição à coletividade numa jornada de trabalho muito menor do que a atual -- e em condições realmente humanas, não estafantes e/ou estressantes.
Teriam tempo de sobra para buscar o que quisessem acrescentar a suas vidas: um convívio realmente humano com seus semelhantes, cultura, esportes, dança, ioga, o que preferissem.
Até o luxo, por que não? Desde que o conseguissem obter sem que isto implicasse privar outro cidadão do essencial, como agora.
Tudo depende de uma mudança de prioridades:
Se os homens forem se unindo aos poucos, com as premissas corretas, poderão tomar seu destino nas mãos -- sem prejuízo da liberdade, da qual ninguém realmente civilizado hoje abre mão.
Ainda mais quando as agressões insensatas à natureza estão colocando em risco o próprio futuro da espécie humana. A união acabará sendo obrigatória, como alternativa à extinção.
Ou alguém acredita que os atuais poderes planetários conseguirão, p. ex., reduzir as emissões dos gases causadores das alterações climáticas a um patamar seguro, na contramão dos interesses de várias indústrias?
Não, nunca fui dado ao bairrismo. Preocupo-me mesmo é com a sina dos miseráveis.
Penso sempre em quão inúteis são os sacrifícios e tormentos que os homens infligem aos homens.
No Brasil, p. ex., temos áreas imensas para ocupar, de forma consciente, sem prejuízo do verde que te quiero verde.
Por que nos concentrarmos em cidades que deixam de ser maravilhosas exatamente pelo excesso de gente?
Por que não nos espalharmos, morando em núcleos dedicados, cada um, a determinada faina?
Nos primórdios da industrialização, as vilas operárias erguiam-se ao lado das fábricas.
Na Mooca da minha infância morava boa parte dos trabalhadores do grande cotonifício lá instalado. Como meu pai, que levava 15 minutos para caminhar até seu emprego.
Hoje, as pessoas mais pobres são as que residem a uma distância maior do seu ganha-pão. Chegam a perder até quatro horas no ir e vir. Para quê?
E qual a necessidade de habitarem em áreas de risco, quando poderiam estar residindo em segurança?
Nenhuma. Pois, já estão dadas todas as condições para os homens reconstruírem o mundo de forma equilibrada, harmoniosa e justa, garantindo a cada indivíduo deste sofrido planeta uma morada decente, alimentação suficiente, educação e saúde, utensílios e lazer, tudo que hoje associamos à vida civilizada.
Basta eliminarmos o que é inútil e direcionarmos o labor humano para a produção do essencial.
Ao longo dos milênios, os seres humanos tiveram como principal motivação, na luta contra a necessidade, a obtenção de melhores condições materiais que a dos vizinhos. Como a cenoura erguida à frente do burro para que ele puxe a carroça, isto fez a humanidade avançar, quando ainda não havia o suficiente para todos viverem igualmente bem.
Hoje há. A barreira da necessidade foi transposta pelos avanços científicos e tecnológicos dos dois últimos séculos. Então, o que impede o homem de alçar-se a um patamar superior de civilização não é mais a carência do básico, mas o desvio do esforço humano para o supérfluo, em detrimento dos enormes contingentes humanos colocados à margem do progresso.
Que proveito o homem comum tira da existência dos bancos, da publicidade, de quase todas as burocracias, da indústria bélica?
Nenhum. São atividades desnecessárias, como tantas outras. Nada perderíamos com sua supressão, por obsolescência.
Organizando-se para disponibilizar apenas o que é realmente necessário, os homens poderiam dar sua contribuição à coletividade numa jornada de trabalho muito menor do que a atual -- e em condições realmente humanas, não estafantes e/ou estressantes.
Teriam tempo de sobra para buscar o que quisessem acrescentar a suas vidas: um convívio realmente humano com seus semelhantes, cultura, esportes, dança, ioga, o que preferissem.
Até o luxo, por que não? Desde que o conseguissem obter sem que isto implicasse privar outro cidadão do essencial, como agora.
Tudo depende de uma mudança de prioridades:
- o bem comum como medida de todas as coisas, em lugar da desigualdade e da ganância;
- a racionalidade, em lugar da anarquia do mercado;
- a cooperação, em lugar da competição;
- a tomada das principais decisões pela própria comunidade, em lugar da delegação de poderes a profissionais;
- a coexistência harmoniosa com a natureza, em lugar da sua devastação.
Se os homens forem se unindo aos poucos, com as premissas corretas, poderão tomar seu destino nas mãos -- sem prejuízo da liberdade, da qual ninguém realmente civilizado hoje abre mão.
Ainda mais quando as agressões insensatas à natureza estão colocando em risco o próprio futuro da espécie humana. A união acabará sendo obrigatória, como alternativa à extinção.
Ou alguém acredita que os atuais poderes planetários conseguirão, p. ex., reduzir as emissões dos gases causadores das alterações climáticas a um patamar seguro, na contramão dos interesses de várias indústrias?
3 comentários:
E não vejo outra forma de plena ocupação da capacidade laboral - fim do desemprego, do subemprego e das falsas atividades empreendedoras que não passam de biscates disfarçados - que não se faça pela redução da jornada de trabalho.
Caro Lungaretti: vc assistiu a entrevista daquele general Leônidas na GloboNews? Gostaria q de saber sua opinião sobre isso.
Obrigado
Beto,
francamente, o veredicto da História sobre a ditadura de 1964/85 já foi dado e essas falácias de velhos gorilas não têm a mínima importância.
Hoje me ocupo de coisas mais sérias, como as que estão neste artigo.
Um abração!
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