Quanto mais se desmoraliza na guerra dos argumentos, mais Laerte Braga parte para as agressões mentirosas, delirantes e destrambelhadas, como remanescente emblemático do stalinismo que ele é.
Não vou acompanhá-lo nessa guerra de lama. Apenas, transcreverei seu comentário de ontem (05/02) no blogue Apesar de Vc... 1964/1985 e o artigo em que relatei o episódio do documentário Tempo de Resistência, ao qual ele se refere.
É o suficiente para os leitores chegarem a uma conclusão sobre quem é quem.
Tudo que eu tinha para dizer sobre os eventos de 1970, já disse no meu livro Náufrago da Utopia. Não vou passar a vida inteira restabelecendo a verdade, cada vez que algum caluniador vier me atacar, aludindo a acordos que jamais foram firmados e dos quais não pode apresentar prova nenhuma, porque inexistem.
Nem recorrerei à Justiça burguesa pois, como afirmei no artigo abaixo, não é assim que resolvo minhas pendências com a esquerda (mesmo com essa excrescência autoritária e putrefata a que se filia o Laerte).
Prefiro sempre o jogo franco, expondo aos cidadãos civilizados a mediocridade intelectual e a pequenez moral de quem encabeça campanhas de satanização de adversários políticos em pleno século XXI.
A FALÁCIA
"Eu não vou perder tempo com Celso Lungaretti. Poderia transcrever aqui um mail que atestaria o seu mau caratismo e sua pusilanimidade.
"Vou só relatar um fato - há uns meses atrás cheguei à minha casa e resolvi ver o que estava passando em alguns canais de tevê.
"Num deles, Canal Brasil, estava sendo exibido um documentário sobre o período da repressão.
"Num dado momento, ao falar sobre o grupo de Lamarca, um dos integrantes do mesmo, gente séria, referiu-se à queda do grupo por conta de um "TRAIDOR". O nome? Celso Lungaretti.
"A diferença entre "ex-jornalista" que ele me rotula, mau caráter, é traidor e que TRAIDOR não existe ex é sempre traidor.
"Além de ter entregue os companheiros, fez um acordo com os militares e ele aceitava, como parte do acordo, aplicar choques em companheiros presos além de ter ido à tevê dizer-se arrependido.
"Só isso."
Laerte Braga
"Vou só relatar um fato - há uns meses atrás cheguei à minha casa e resolvi ver o que estava passando em alguns canais de tevê.
"Num deles, Canal Brasil, estava sendo exibido um documentário sobre o período da repressão.
"Num dado momento, ao falar sobre o grupo de Lamarca, um dos integrantes do mesmo, gente séria, referiu-se à queda do grupo por conta de um "TRAIDOR". O nome? Celso Lungaretti.
"A diferença entre "ex-jornalista" que ele me rotula, mau caráter, é traidor e que TRAIDOR não existe ex é sempre traidor.
"Além de ter entregue os companheiros, fez um acordo com os militares e ele aceitava, como parte do acordo, aplicar choques em companheiros presos além de ter ido à tevê dizer-se arrependido.
"Só isso."
Laerte Braga
A VERDADE
Há um mês recebi esta mensagem do valoroso companheiro Luiz Aparecido ("ex-preso politico e até hoje militante do glorioso PCdoB", como faz questão de ressaltar):
"Acabei de assistir hoje, domingo, dia 21 de junho de 2009, no Canal Brasil da SKY e repetido por outros canais de assinatura, o documentario, 'Tempo de Resistencia', onde inumeros revolucionarios dão seu depoimento sobre a resistencia dos combatentes brasileiros à Ditadura. Entre os depoimentos sinceros e emocionantes (...) há tambem o de Darci Rodrigues. Este ultimo me chocou ao repetir a cantilena mentirosa e falsa, de que o campo de treinamento da guerrilha da VPR, no Vale do Ribeira no inicio dos anos 70, no interior de São Paulo, foi entregue pelo quem ele chama de traidor, Celso Lungaretti.Passei exato um mês esperando que os responsáveis pela acusação, a partir dos e-mails que lhes enviei, dessem uma solução digna ao episódio. Como nada fizeram, só me resta tornar público o que houve, deixando aos leitores as conclusões.
"É mais que a hora, de exigir dos produtores e diretores do documentario que façam, em nome da verdade histórica, o esclarecimento que historiadores como Jacob Gorender e a própria vida ja fizeram: Celso Lungaretti não foi o delator que entregou o local do treinamento para a repressão. Como esta informação se tornou publica e abrange, atraves do documentario exibido no 'Canal Brasil' e outros veiculos, fórum de seriedade histórica, é necessário mais uma vez isentar o Lungaretti desta perfidia e se for o caso, até entrevistarem o Celso e outros companheiros da época, para apontar o verdadeiro delator daquele fato.
"As torturas barbaras e humilhantes que nós revolucionarios fomos submetidos nos porões da ditadura, devem ser denunciadas sempre, assim como a verdade dos fatos que elas originaram. Se alguns e não foram poucos, fraquejaram e abriram companheiros e ações, os fatos devem ser esclarecidos. Mas uma mentira não pode destruir a reputação, a honra, a vida e a coragem de quem teve a audacia e o desprendimento humano de enfrentar, armados ou não, o aparato selvagem da ditadura.
"Dou meu depoimento publico da honestidade e coragem histórica de Celso Lungaretti...".
Preso em instalações militares e impossibilitado de me defender, fui em 1970 acusado pela Vanguarda Popular Revolucionária de haver delatado a área na região de Registro (SP) em que Carlos Lamarca e outros militantes treinavam guerrilha. A repressão deslocou milhares de soldados para lá, mas alguns companheiros escaparam como civis, outros embrenhando-se nas matas. A fuga destes últimos, comandada por Lamarca, foi, indiscutivelmente, uma das maiores proezas militares da História brasileira.
Quando fui libertado, nada havia mais a fazer. A falsidade passava por verdade e eu não tinha como conseguir provas para sustentar minha versão, nem tribunas para apresentá-la, em meio à censura e à intimidação reinantes.
Quando a engrenagem de terrorismo de estado começava a ser desmontada, fui entrevistado por veículos como a revista IstoÉ e o jornal Zero Hora (RS), relatando, então, as torturas sofridas durante os dois meses e meio que passei incomunicável nos cárceres da ditadura e que me causaram uma lesão permanente.
Mas, o foco dessas reportagens não era o episódio de Registro e, como eu ainda não conseguira nenhuma prova de minha inocência, não insisti para que delas constasse minha refutação.
Em 1994, no entanto, Marcelo Paiva fez-me tal acusação nas páginas da Folha de S. Paulo e eu não poderia deixar de exigir direito de resposta. Travamos polêmica e eu expus pormenorizadamente o que eu realmente fizera e os fatos de que tinha conhecimento.
Ainda sem provas, era minha versão bem sincera do que se passara:
- participei da equipe precursora que foi implantar uma escola de guerrilhas à altura do km. 254 da BR-116;
- a área foi considerada inadequada e abandonada em dezembro/1969;
- voltei para o trabalho urbano exatamente por desconhecer a localização da área seguinte, na qual o trabalho prosseguiu (caso contrário, por motivos de segurança, não poderia ter saído de lá);
- ao contrário do que o Lamarca me fez crer, a área 2 não se localizava a centenas de quilômetros de distância, mas apenas a 16;
- em abril/1970, ao ser preso e muito torturado, revelei a localização da área 1, por avaliar que seria informação inútil para a repressão, mas serviria para eu me recompor e ganhar tempo, enquanto preserva informações realmente importantes;
- talvez, como Marcelo Paiva sustentou, a partir dessa área 1 tivessem descoberto alguma ligação com a área 2, mas a responsabilidade, aí, seria de erro cometido pela própria VPR na instalação dos campos.
Em 2004, a prova que tanto me fazia falta finalmente caiu nas minhas mãos, quando Ivan Seixas, em seu site Resgate Histórico, publicou um relatório secreto de operações do II Exército, cuja existência eu desconhecia.
Dele constava, explicitamente, a informação de que duas equipes do DOI-Codi foram deslocadas para Registro a fim de apurar minha informação sobre a área 1 e voltaram relatando que não havia mais atividades no local; enquanto isso, novas informações, decorrentes de prisões posteriores, forneceram à repressão a localização exata da área 2.
Estava tudo lá, preto no branco. Meu próprio temor de haver contribuído indiretamente para a descoberta da área 2 era infundado. A coisa se passara de outra maneira, felizmente para mim.
Enviei os textos de minha polêmica com Marcelo Paiva e a cópia desse relatório para alguns historiadores. Jacob Gorender, com sua dignidade exemplar, assumiu a responsabilidade de esclarecer o episódio, a partir desse material e de outros documentos sigilosos que informou possuir.
Duas semanas depois, enviou carta à Folha de S. Paulo e a O Estado de S. Paulo, comunicando:
Aí foi lançado o documentário Tempo de Resistência, com a insólita acusação do ex-companheiro Darcy Rodrigues. Em meados da década atual, ninguém sequer cogitava traição da minha parte. Torturado com relatórios médicos e lesão para apresentar não pode ser confundido com os cabos Anselmos da vida.
Mandei mensagem ao autor do livro que serviu de base para o filme, Leopoldo Paulino ( leopoldo@leopoldopaulino.com.br ), esclarecendo não só que a acusação era infundada, como que Darcy Rodrigues tinha um motivo pessoal, não político, para fazê-la, sendo que a desavença entre nós dois era conhecida e constava até de livro de um jornalista sobre o período.
Leopoldo Paulino nada respondeu. E, como o documentário teve pouca repercussão nos cinemas, acabei deixando pra lá.
Sua exibição na TV a cabo, entretanto, está atingindo público mais amplo. Então, voltei a protestar, pedindo-lhe que fizesse algum tipo de retificação ou esclarecimento.
Também contatei o cineasta André Ristum ( andreristum@yahoo.com ), diretor do filme, que respondeu:
Quanto a Paulino, falhou como revolucionário, pois foi duas vezes alertado de que cometia uma injustiça contra outro revolucionário e em ambas se omitiu: nem corrigiu seu erro, nem sustentou sua posição. Apenas calou.
E falhou como escritor que pretende historiar a resistência, já que não teve a mínima preocupação prévia de ouvir quem sofria grave acusação, nem se dispôs a apresentar o outro lado quando isto lhe foi depois formalmente solicitado.
Segundo um jurista que me-é solidário, caberiam três providências legais neste caso, que poderiam até ser tomadas simultaneamente:
Dele constava, explicitamente, a informação de que duas equipes do DOI-Codi foram deslocadas para Registro a fim de apurar minha informação sobre a área 1 e voltaram relatando que não havia mais atividades no local; enquanto isso, novas informações, decorrentes de prisões posteriores, forneceram à repressão a localização exata da área 2.
Estava tudo lá, preto no branco. Meu próprio temor de haver contribuído indiretamente para a descoberta da área 2 era infundado. A coisa se passara de outra maneira, felizmente para mim.
Enviei os textos de minha polêmica com Marcelo Paiva e a cópia desse relatório para alguns historiadores. Jacob Gorender, com sua dignidade exemplar, assumiu a responsabilidade de esclarecer o episódio, a partir desse material e de outros documentos sigilosos que informou possuir.
Duas semanas depois, enviou carta à Folha de S. Paulo e a O Estado de S. Paulo, comunicando:
"Na primeira edição do meu livro 'Combate nas Trevas' (...) escrevi (...) que Celso Lungaretti forneceu ao Exército a primeira informação sobre um campo de treinamento de guerrilheiros da VPR em Jacupiranga, no vale do Ribeira. (...) Não obstante, no mês corrente, Celso Lungaretti contatou-me, por via telefônica, para chamar a minha atenção para o fato de que dera a aludida informação sob tortura e sabendo que o campo de treinamento onde estivera se encontrava desativado havia dois meses. O relatório do comandante do 2º Exército na época, general José Canavarro Pereira, co-assinado pelo general Ernani Ayrosa da Silva, sobre a Operação Registro (localidade do vale do Ribeira), confirma que, efetivamente, aquele campo de treinamento fora desativado. Sucede, no entanto, que, quase simultaneamente, chegaram ao 2º Exército informações procedentes do 1º Exército, com sede no Rio de Janeiro, de que um novo campo de treinamento de guerrilheiros, adjacente ao anterior, se encontrava em atividade. (...) A respeito dessa segunda área, nenhuma responsabilidade cabe a Celso Lungaretti, que ignorava a sua existência. Sua vinculação com o episódio restringiu-se, por conseguinte, à informação sobre a área que sabia desativada, fornecida, segundo afirma, sob tortura irresistível."A publicação desta carta do Gorender na Folha de S. Paulo (ver aqui) abriu caminho para o lançamento do meu livro Náufrago da Utopia (ver aqui). Eu considerei acertadas minhas contas com a História e passei priorizar as lutas presentes, ao invés de ficar remoendo o passado.
Aí foi lançado o documentário Tempo de Resistência, com a insólita acusação do ex-companheiro Darcy Rodrigues. Em meados da década atual, ninguém sequer cogitava traição da minha parte. Torturado com relatórios médicos e lesão para apresentar não pode ser confundido com os cabos Anselmos da vida.
Mandei mensagem ao autor do livro que serviu de base para o filme, Leopoldo Paulino ( leopoldo@leopoldopaulino.com.br ), esclarecendo não só que a acusação era infundada, como que Darcy Rodrigues tinha um motivo pessoal, não político, para fazê-la, sendo que a desavença entre nós dois era conhecida e constava até de livro de um jornalista sobre o período.
Leopoldo Paulino nada respondeu. E, como o documentário teve pouca repercussão nos cinemas, acabei deixando pra lá.
Sua exibição na TV a cabo, entretanto, está atingindo público mais amplo. Então, voltei a protestar, pedindo-lhe que fizesse algum tipo de retificação ou esclarecimento.
Também contatei o cineasta André Ristum ( andreristum@yahoo.com ), diretor do filme, que respondeu:
"Para a realização deste documentário eu e minha empresa fomos contratados pelo Leopoldo Paulino, para executar a obra baseada em seu livro.Mas, em entrevista posterior à que concedeu para o filme (ver aqui), o próprio Darcy deixou de sustentar a antiga acusação:
"Assim, conforme contrato assinado entre nós, o responsável pelo conteúdo, seja do ponto de vista das informações passadas seja do ponto de vista legal, é o próprio Leopoldo Paulino.
"Eu, até pela minha pouca idade, não poderia jamais me responsabilizar por informações a respeito de uma época que não vivi e pouco conheço.
"Peço então que se comunique diretamente com o Leopoldo, ou com o Darcy...".
"[Darcy] Discorre também sobre o erro de haver levado para o campo pessoas, que não estavam totalmente convencidas dessa necessidade e de outras, que não tinham conhecimento completo da organização. Cita um caso: 'Celso Lungaretti foi para a primeira área, não se deu bem, voltou para a cidade e nem conheceu a segunda' [grifo meu]."Em respeito à trajetória de luta do Darcy, optei por considerar suficiente este seu reconhecimento da minha inocência. Melhor passarmos uma borracha em acontecimentos tão distantes quanto deprimentes.
Quanto a Paulino, falhou como revolucionário, pois foi duas vezes alertado de que cometia uma injustiça contra outro revolucionário e em ambas se omitiu: nem corrigiu seu erro, nem sustentou sua posição. Apenas calou.
E falhou como escritor que pretende historiar a resistência, já que não teve a mínima preocupação prévia de ouvir quem sofria grave acusação, nem se dispôs a apresentar o outro lado quando isto lhe foi depois formalmente solicitado.
Segundo um jurista que me-é solidário, caberiam três providências legais neste caso, que poderiam até ser tomadas simultaneamente:
- "a formalização de um pedido de direito de resposta ao Canal Brasil, que foi o veículo pelo qual esta afronta à sua imagem foi desferida";
- "o pedido judicial para que este documentário seja editado, sob pena de sua execução em território nacional ser proibida, com cominação de multa caso a ordem venha a ser descumprida";
- "o pedido de reparação por danos morais, contra os produtores do documentário e o próprio difamador, já que tal veiculação já está lhe causando problemas e constrangimentos".
Mas, depois de haver lutado tanto por uma noção mais elevada de Justiça, estaria faltando com meus princípios se recorresse a uma instância do Estado que execro, contra outro ex-militante da resistência.
É no tribunal das consciências que tais atitudes devem ser julgadas. Então, preferi apenas expor os fatos, para que cada leitor tire suas conclusões e, se quiser, tome alguma atitude.
É no tribunal das consciências que tais atitudes devem ser julgadas. Então, preferi apenas expor os fatos, para que cada leitor tire suas conclusões e, se quiser, tome alguma atitude.
15 comentários:
Celso, li e comprei o seu livro, assisti ao documentário 'Tempo de Resistência' no 'Canal Brasil' em 2009 e lembro-me perfeitamente bem do comentário deste Darci Rodrigues sobre a sua participação na guerrilha, acusando-o deste fato que não tem como ser comprovado historicamente e pelo qual você já demonstrou a sua inocência, inclusive com a confirmação da sua versão pelo Gorender.
Quero manifestar a minha total solidariedade e apoio à você neste caso, pois estou convencido, com base em tudo que li e vi a respeito, que nada pode ser usado contra ti.
Oi, Celso. Também estou mais interessado em debater Dilma e o presidente Lula...
A derrota da luta armada não aconteceu por causa de uma pessoa; estou interessado em debater Debray, Terra em Transe, Caio Prado Júnior, textos e filmes que influenciaram a luta armada, mas não argumentos ad hominem.
Lucio,
na resposta que eu dei ao seu comentário de ontem deixei claro meu desejo de encerrar esta polêmica que está sendo desgastante para nós dois, mas muito mais para o Laerte: ele está visivelmente perdendo a serenidade e revelando uma faceta de sua personalidade que os leitores até agora desconheciam.
Mas, enquanto o Laerte insistir em continuar me atacando nos espaços da esquerda, eu continuarei replicando em escala ampla.
Não deixarei que essas falácias circulem apenas junto a um público menos vacinado contra teorias conspiratórias. Se é essa a verdadeira imagem do Laerte, eu a tornarei conhecida dos civilizados.
Quem disparou o primeiro tiro é que deve pôr um fim a esta polêmica. Não fui eu.
Eu acho tb que é preciso discutir Stálin sem demonizá-lo, assim como ler seus textos; Slavoj Zizek anda fazendo isso. Para mim, stalinista não deve ser usado como xingamento.
O Laerte identificou nos comunicados da Anistia Internacional um coro a uma difamação midiática internacional contra o Chávez. Embora Lugarzo argumente, de fato os comunicados são usados pela grande mídia para dizer que Chávez está reprimindo os estudantes (que são visivelmente da elite branca rica e, provavelmente, são instigados pela CIA).
Lúcio,
prefiro a visão do Isaac Deutscher: Stalin encarna o que há de pior no movimento socialista.
O acordo firmado com a Alemanha hitlerista e o massacre sistemático da Velha Guarda bochevique, bem como dos trotskistas, anarquistas, sociais-revolucionários, etc., o colocam como um dos personagens mais nefastos da esquerda em todos os tempos.
É assim que o vejo.
Quanto à Anistia Internacional, conforme já expliquei, cumpre sua função de denunciar violações dos direitos humanos onde quer que eles ocorram. Simultaneidade não quer dizer identidade.
Basta ir ao site da AI e verificar a imensidão de relatórios que existem contra Israel e quão poucos há contra a Venezuela.
Celso: o acordo com Hitler surgiu porque as potências ocidentais traíram a URSS em Munique. Elas entregaram dois países sem lutar (Austria e Tchecoslováquia) de maneira a fazer com que Hitler invadisse a URSS e não elas.
Celso, mesmo se fossem verdade as acusações e tal não teria sentido a condenação tampouco seu sentimento de ter contribuído para o fim da resistência e tudo mais. Tudo foi luta e nada mais. E ainda será.
"Em seus papiros papillon já me dizia
que nas torturas toda carne se trai
e normalmente, comumente, fatalmente, felizmente
displicentemente o nervo se contrai"
Wilson,
entendi o que você quis dizer, mas é sempre bom deixar claro para os outros: nunca tive sentimento nenhum de ter contribuído para o fim da resistência, muito pelo contrário.
Foi a consciência de haver sido apenas um bode expiatório pela derrota que me manteve moralmente vivo e me deu forças para aguentar 34 anos até que pudesse restabelecer a verdade dos fatos.
De resto, como coloquei no "Náufrago", nem fui exemplo de destemor ante a tortura, nem fui responsável pela grande maioria das culpas que foram jogadas nas minhas costas.
O sequestro do embaixador alemão, executado por uma unidade da VPR cuja existência a repressão desconhecia, só foi possível porque eu e outros presos da Organização conseguimos preservar essa informação.
Aos 19 anos, eu não tinha forças para desafiar o inimigo frontalmente, mas consegui iludi-lo durante quase todo o tempo. E este mérito jamais me tirarão.
Ate aparece que os "revolucionários conteporaneos" aguentaria os "pau-de araras" e etc...
Agora parece que comecei a entender a polêmica...
Bom, Stalin foi quem derrotou o nazi-facismo na Europa.
Mas tem coisas na história que são sagradas e quando ha novas versões para elas surge uma grande polemica, coisas como:
A ditadura militar brasileira,o holocausto judeu,o estalenismo,a revolução cubana,a questão da escravidão no país e assim por diante.
Eu estou tentando postar um comentário aqui, mas não consigo, sempre aparece um aviso de conter erros.
Vou tentar mais uma vez. O problema do Celso é que ele confundiu a crítica a ANISTIA INTERNACIONAL como sendo a ele. A tal negócio da primeira pessoa, centro do palco, farol da esquerda.
O dia que ele explicar o acordo que fez com a ditadura para ir à tevê renegar a luta contra a ditadura ele pode falar o que quiser, até lá fica difícil.
E mais, se fosse um sujeito sem ética eu traria aqui alguns mails pessoais do Celso, são de estarrecer por conta do mau caratismo disfarçado de bom mocismo.
Laerte Braga
Ir à tevê negar as idéias, a luta, é "iludir o inimigo", não é isso que seus antigos companheiros acham e não isso que está no documentário "Tempos de Resistência".
O problema do Celso é eu, eu, eu, uma espécie de farol da esquerda.
A pilha, ou bateria sei lá, acabou.
Laerte Braga
Laerte,
que eu saiba, fui à TV com o ouvido estourado ainda gotejando sangue e pus, sob ameaça de morte, aconselhar a juventude a não ingressar numa luta que já estava perdida.
Quanto ao documentário, parece que você não lê nada que desminta suas fantasias: não é obra idônea, tanto que o Darcy Rodrigues já mudou sua opinião a respeito dos fatos ocorridos em 1970 e o cineasta André Ristun se nega a restabelecer a verdade histórica. Deixa produzindo efeitos negativos contra mim uma declaração do Darcy que não representa a posição atual do Darcy.
O termo "acordo" é calunioso, injurioso e difamatório. Não houve trato nenhum e você sabe muito bem disso.
Continuei preso, sem regalias nem vantagens, com a única diferença que deixaram de me torturar, pois não podiam mais arriscar que eu morresse (e eu estivera próximo de um ataque cardíaco no 3º dia da minha prisão).
Quanto ao fato de que você não citou meu nome, ao apoiar a posição do Castor e de toda a banda de música que participava daquele ataque orquestrado contra mim e o Lungarzo, foi, aí sim, uma forma de salvar as aparências.
Você se preservou, enquanto outros, inclusive sua companheira Nanda, faziam o serviço sujo, insinuando que eu estava na folha de pagamentos da CIA e questionando minha condição de revolucionário.
Estou um pouco velho para acreditar que o principal adversário não seja quem comanda os adversários; que alguém como você siga os passos de um Castor qualquer ao invés de apontar o caminho para ele. Sei muito bem como se montam esses rolos compressores "espontâneos".
Enfim, acho estranho que acontecimentos de quatro décadas atrás nada significassem para você até o outro dia e, de repente, ocupem tanto teu pensamento. Também a extrema-direita, quando quer me atacar, não encontra munição mais nova e vai garimpar no arquivo morto.
Finalmente: a oferta de cessação de hostilidades continua em pé. Não vejo nenhuma possibilidade ou interesse em atuar ao seu lado, mas também me desagrada fornecer trunfos à direita, que já os tem demais.
O melhor é que cada um siga o seu caminho e evite, tanto quanto possível, interferir na caminhada do outro.
Celso, embora o conheça apenas de um brevíssimo encontro, no ato da Ditabranda, tenho outros amigos que resistiram em armas à ditadura. Pagaram muito caro por sua coragem, e alguns, por seus erros políticos.
A tortura é uma abominação, e ninguém pode orgulhar-se de resistir indefinidamente, até porque ela só acabava com a morte. Quem sobreviveu a ela é um herói, todos. Quem a praticou é criminoso, seja onde for e quando tenha sido.
Receba minha integral solidariedade, minha compreensão pelo sofrimento que ainda persiste, agora inflingido por ex-companheiros. Como vc afirmou, esta discussão personalizada só interessa à direita. E seu corpo fala por você, para todos nós.
Vamos à luta, Companheiro, que outubro está aí!
Algaravias Mentais
É estranho !
A mim o foco da divergência seria a legitimidade ou não do novo governo (Lobo,"lobo"?!)de Honduras.E a pressão de ongs de direitos humanos cobrando investigação sobre crimes civis soaria como legitimação do golpe contra Zelaia.
Creio que não ter concordância sobre esse ponto é mais que normal,natural.
Os argumentos de celso a esse respeito são razoáveis e discordar deles também.O inexato é o rebaixamento da discussão ocasionado por ataques a honra pessoal.É lamentável a insistência de esquerdistas teocráticos de repisar fatos ligados ao período repressivo brasileiro que tinha uma missão diabolicamente sádica:
- Aniquilar o humano .
Não é demais compreender que Celso Lungaretti é mais uma das milhares de vítima da ditadura militar que foi destroçado e pagou um preço altíssimo na vida.Não é difícil perceber sua identificação com a defesa dos direitos humanos patrocinadas por ongs.
Discordar de sua posição humanista , de sua apreciação sobre Hugo Chaves,Farcs ,por exemplo não significa tratá-lo como traidor.
Façamos o BOM COMBATE
Cezar
Polêmicas às vezes revelam os piores aspectos de cada um de nós.
Passado esse momento de exacerbação de parte a parte, o Laerte escreveu p/ mim, agradecendo por eu ter-lhe encaminhado um jornalista interessado num assunto que ele dominava e eu não.
Depois, quando surgiu o processo do Casoy contra mim, a companheira do Laerte, Nanda Tardim, pediu que eu voltasse a postar meus artigos no blogue que os dois mantêm, JUNTOS SOMOS FORTES.
Como sempre considerei que o enfrentamento do inimigo é mais importante do que as desavenças entre nós, aceitei retomar minha colaboração.
Aliás, também em função do processo do Casoy, acabei me reaproximando do Castor, depois que fui pedir a solidariedade dos blogueiros independentes e o encontrei pessoalmente.
Decidimos que, em certos assuntos sobre os quais nunca concordaremos, é melhor simplesmente um não comentar o que o outro escreveu, para que não haja ressentimentos na hora de somarmos forças nas lutas maiores.
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