Minha primeira esposa não podia ter filhos.
Foi uma constatação dolorosa, que nos surpreendeu depois de vários anos de vida em comum, quando finalmente decidimos ser o instante propício para o projeto nenê.
Foi uma constatação dolorosa, que nos surpreendeu depois de vários anos de vida em comum, quando finalmente decidimos ser o instante propício para o projeto nenê.
Acabamos adotando uma recém-nascida, em 1984.
Mas, trabalhando em três empregos, fui um pai distante por falta de opção. Houve tempo em que, a cada 14 dias, só tinha um (sábado) livre. A mãe é que a levava a parques, teatros, cinemas.
E ainda sentia latejarem as feridas da passagem pela luta armada. Minha cabeça continuava mais voltada para os problemas dos adultos.
O certo é que não curti como deveria essa primeira filha. Eu era paciente e bondoso, mas inexistia verdadeira cumplicidade entre nós.
E conservava resquícios daquele raciocínio típico dos esquerdistas de minha geração: temos o direito de colocar uma criança num mundo tão injusto e desumano?
O certo é que a chegada do primeiro netinho me fez perceber um sentimento até então latente: queria ser pai biológico! E, para minha surpresa, notei que isto se tornara muito importante para mim.
Sou um enxadrista bizarro: calculo, tanto quanto possível, todas as consequências de cada jogada, no tabuleiro e na vida, mas tenho também momentos em que, seguindo o bom conselho do Chico Buarque, ajo duas vezes antes de pensar.
Assumir esse novo projeto nenê, aos 50 anos, convulsionou totalmente minha vida. Paguei um preço altíssimo, incluindo dois anos de terrível penúria... mas o concretizei.
Vendo minhas filhas (a de sete anos e a de um ano e meio) começarem a brincar e interagir, avalio que foi o melhor passo que dei até hoje.
Acompanhar a gravidez, o nascimento, os primeiros passos, o crescimento e o aflorar da personalidade de uma criança são emoções indispensáveis e insubstituíveis, sem as quais nenhuma existência é completa.
Mas, trabalhando em três empregos, fui um pai distante por falta de opção. Houve tempo em que, a cada 14 dias, só tinha um (sábado) livre. A mãe é que a levava a parques, teatros, cinemas.
E ainda sentia latejarem as feridas da passagem pela luta armada. Minha cabeça continuava mais voltada para os problemas dos adultos.
O certo é que não curti como deveria essa primeira filha. Eu era paciente e bondoso, mas inexistia verdadeira cumplicidade entre nós.
E conservava resquícios daquele raciocínio típico dos esquerdistas de minha geração: temos o direito de colocar uma criança num mundo tão injusto e desumano?
O certo é que a chegada do primeiro netinho me fez perceber um sentimento até então latente: queria ser pai biológico! E, para minha surpresa, notei que isto se tornara muito importante para mim.
Sou um enxadrista bizarro: calculo, tanto quanto possível, todas as consequências de cada jogada, no tabuleiro e na vida, mas tenho também momentos em que, seguindo o bom conselho do Chico Buarque, ajo duas vezes antes de pensar.
Assumir esse novo projeto nenê, aos 50 anos, convulsionou totalmente minha vida. Paguei um preço altíssimo, incluindo dois anos de terrível penúria... mas o concretizei.
Vendo minhas filhas (a de sete anos e a de um ano e meio) começarem a brincar e interagir, avalio que foi o melhor passo que dei até hoje.
Acompanhar a gravidez, o nascimento, os primeiros passos, o crescimento e o aflorar da personalidade de uma criança são emoções indispensáveis e insubstituíveis, sem as quais nenhuma existência é completa.
Um comentário:
Parabéns, lindas e felizes criancas :-)
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