A Folha de S. Paulo revelou em sua matéria de capa de 01/02 que "o 'spread' (diferença entre os juros pagos pelos bancos na captação de recursos e a taxa aplicada por eles nos empréstimos que concedem) no Brasil é o maior do mundo e 11 vezes o dos países desenvolvidos": 34,88 pontos percentuais x 3,16 pontos.
Mesmo quando denuncia que a agiotagem bancária atingiu os píncaros no Brasil, a Folha não ousa dar nome aos bois. Já eu, que não tenho obrigação de manter aparência nenhuma, informo aos meus leitores que a tradução correta de spread é ágio.
Então, enquanto os bancos e a imprensa dócil a seus interesses (a maioria dos veículos importantes) atribuem as dificuldades de crédito ora enfrentadas pelas empresas à "alta" taxa básica de juros, o presidente do BC Henrique Meirelles coloca o ágio bancário como o grande vilão.
O pior é que o ágio bancário vem aumentando paralelamente à piora da crise, tendo no último trimestre subido mais ainda, para 38,91 pontos (incidindo, p. ex., sobre as tarifas do cheque especial). "Como imagina que a inadimplência vai crescer, a instituição [bancária] se antecipa a essa elevação de custos. Temos ouvido diariamente dos empresários que os juros estão impeditivos para os negócios", afirma Rogério César Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.
Em suma, todos perderemos com a grande crise capitalista que está começando e ninguém sabe exatamente quando e como terminará. A única certeza é a de que os bancos perderão menos. São os maiores privilegiados em todas as situações.
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