sábado, 27 de dezembro de 2008

ERROS COMPROMETEM INVESTIGAÇÃO DO CASO ISABELLE

George Sanguinetti, respeitadíssimo médico legista (foi quem estabeleceu que P.C. Farias e amante foram vítimas de duplo homicídio, não tendo matado um ao outro, como se tentou fazer crer) contratado pelos advogados Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, concedeu longa entrevista à revista Época, reforçando a impressão de que a espetacularização do caso Isabelle levou a uma investigação eivada de erros, em que a pressão da opinião pública, açulada pela mídia, sobrepôs-se à consistência técnica.

Não possuo conhecimento específico para concluir se ambos são ou não culpados. Mas, mantenho o que disse na época: o direito de defesa foi atropelado por um rolo compressor midiático. Concordo inteiramente com a posição do legista, de que a investigação terá de ser retomada (eufemismo para refeita), num clima mais sereno, sem holofotes e maltas ululantes.

Eis um trecho interessante da entrevista de Sanguinetti:

"...tecnicamente, há muitas falhas no arrazoado de imputação de culpa a eles. Não há nem nunca houve marca de esganadura em redor do pescoço e eu, um professor de medicina legal com 35 anos de profissão, tive que ouvir de um perito de São Paulo que pode haver esganadura sem lesões externas e internas. Está nos autos e foi dito frente ao excelentíssimo juiz. Isso é um absurdo, não pode acontecer. Tenho gravada uma entrevista de TV que mostra um perito dizendo que não houve esganadura. O atrapalho que houve foi interpretativo. Queriam mostrar, além do fato de a menina ser jogada, uma cena de selvageria da pior qualidade, que não tem consistência. É o caso da agressão dentro do carro, em que está descrito que o ferimento teria sido produzido “possivelmente” com uma chave. Que chave? Cadê a prova técnica? Para citar a existência, tem que mostrar o instrumento. Cadê o instrumento que fez aquela lesão? Se não apresentou nenhum, apresente como mais uma conseqüência da queda, do politraumatismo. Também não aceito o fato de que não houve fraturas da queda porque havia chovido, a terra não estava compactada e havia um gramado de dez centímetros. Tenha paciência! Isso é cartesiano e atinge o meu raciocínio. Colocaram que houve duas mortes, a primeira, de esganadura por asfixia mecânica. Nunca. E, depois, o politraumatismo. São erros. Além disso, colocam no laudo que foi uma “morte violenta”. Isso é redundância. Toda morte que vai para o IML não é natural, é violenta. Para colocar uma pena maior, também colocam “houve uso de violência devido à esganadura”. A violência foi feita em se jogar a criança do sexto andar."

Um comentário:

Anônimo disse...

Fico feliz por às vezes se ver pessoas que ousam pensar, e não repetir como eco, idiotas, a opinião corrente, que como enxurrada parece impedir as pessoas de refletirem sobre as hilações. Aliás, não conhecia esta palavra ou se conhecia nunca prestei atenção nela. Mas o que é uma hilação? Parte-se de fatos e monta-se uma história com a imaginação, eivada de uma pretensa probidade e de modo a convencer os ignorantes ou desavisados. O tom bombástico impede as pessoas de pensarem. Por exemplo: Se eles discutiram lá pelas 11, 11:20 por que deixaram o carro ligado até às 11:36? Se a menina entrou desacordada como o irmão que teria pedido socorro não relatou nada ao vizinho nem no momento do susto, será que é possível controlar uma criança de 4 anos em desespero? É absurdo...O próprio depoimento da vizinha que ouviu os gritos dizia que a criança gritou e parecia ter ido para o interior, ou seja, ela não teria entrado pingando sangue, seria mais fácil ela ter se machucado e corrido em direção à porta para fugir...Teria algum sentido passarem uma tarde agradável, e chegarem em casa e matar a criança do nada...

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