Cerca de mil palestinos, incluindo mulheres e crianças, foram atingidos pelas bombas que Israel disparou na faixa de Gaza.
Não houve, sequer, a preocupação de escolher horários em que houvesse menos pessoas nas ruas.
Foi uma agressão bestial, repulsiva, inominável.
Todo indivíduo, grupo ou nação que, sofrendo ataques de inimigos identificados, retalia indiscriminadamente em civis inocentes, é um réprobo aos olhos da civilização.
Os judeus parecem um triste exemplo de vítimas que, ao tornarem-se poderosas, acabaram reproduzindo as piores práticas dos seus carrascos.
Tudo que havia de belo e nobre no sonho da nação judaica virou uma caricatura grotesca:
* os kibutzim cada vez mais deixam de ser comunidades coletivas voluntárias, de inspiração socialista, para assemelharem-se às empresas capitalistas, inclusive contratando trabalhadores em regime assalariado;
* a perspectiva de viver em harmonia com os vizinhos cedeu lugar à mentalidade de bunker, com todas as distorções decorrentes (a absoluta falta de compaixão pelos não-judeus, encarados como não-pessoas, em primeiro lugar);
* e a milenar tradição humanista do povo judeu hoje está em frangalhos, depois de décadas de carnificinas cometidas contra os povos árabes, sobejamente incapazes de resistir à superioridade militar israelense.
Israel é mais uma utopia que virou distopia, um 1917 que se tornou 1984 orwelliano. Lamento profundamente.
Mas, nunca deixarei de registrar minha indignação e meu protesto contra matanças como esta que os israelenses, emblematicamente, cometeram dois dias após o Natal.
2 comentários:
Talvez eu nem tivesse o direito de postar no seu blog, pois a minha opinião é muito senso-comum.
As vezes eu me questiono muito a respeito da PAZ. Será mesmo que Paz é coisa desse mundo ? Ou será que ao perceber a não existência da paz é que nos refugiamos atrás de algum guru de auto-ajuda.
"Os israelenses (me senti maias a vontade ao utilizar israelenses a judeus)parecem um triste exemplo de vítimas que, ao tornarem-se poderosas, acabaram reproduzindo as piores práticas dos seus carrascos"
Fico pensando que na roda da história, as vítimas e os carrascos são de fato uma questão de tempo e de oportunidade.
Gostei do seu texto.
AndréaPhillips
andreaphill@gmail.com
Carnificinas, atrocidades e soluções finais são sempre condenáveis, partam de quem partirem e atinjam quem atingirem.
O Holocausto foi hediondo e dantesco, assim como o extermínio menos lembrado de outros povos, por parte de Hitler.
Atribuem-lhe a morte de 6 milhões de judeus e esquecem, p. ex., os 20 milhões de soviéticos que os nazistas trucidaram.
Tudo isso pertence à pré-História da humanidade - da qual, infelizmente, Israel mostra não ter saído até hoje.
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