Quem acompanha meu trabalho, sabe que não morro de amores por Marta Suplicy.
Os motivos são vários, mas vou me limitar ao principal: ela simbolizou, para mim, a transição do PT ideológico, formado por sindicalistas e membros da Resistência à ditadura militar, para o PT fisiológico, que passou a buscar o poder a qualquer preço.
Simplesmente, nunca teve o perfil de candidata do partido quando o PT era aquele saudoso Partido dos Trabalhadores que não existe mais. Sexóloga de TV, tinha como única credencial ser esposa do valoroso Eduardo Suplicy, que merece todo meu apreço e respeito. Agora, nem isto ela é mais.
Ressalva feita, vou elogiá-la, porque desta vez ela merece: teve a dignidade de não renegar sua convicções ao sabor dos interesses eleitoreiros.
Num debate com pastores no Colégio Batista Brasileiro, durante a campanha do 1º turno, contrariou os interlocutores: "Eu não aceitaria campanha contra os homossexuais. Quem conhece a minha história sabe disso, e até pela minha formação como psicanalista, não poderia ser diferente."
Também se posicionou contra a obrigatoriedade de ensino religioso.
O presidente Lula participou nesta sexta-feira (10) de um evento com 50 líderes evangélicos e tentou colocar panos quentes: "Vocês já foram vítimas de muito preconceito no país. Portanto, vocês não podem retribuir esse preconceito".
Marta, é claro, não foge à regra dos políticos e também faz lá suas concessões.
P. ex., está disposta a abrir uma exceção na Lei Cidade Limpa, deixando que as igrejas evangélicas voltem a enfeiar São Paulo com seus letreiros descomunais (um tremendo erro).
Também pretende autorizar a realização da Marcha Para Jesus na av. Paulista (o que será justo caso a Marcha do Orgulho GLBT continue ocorrendo lá, mas o melhor mesmo seria liberar o cartão postal da cidade apenas para eventos de espectro mais amplo, como o reveillon).
Como sempre prefiro elogiar do que criticar, estou torcendo para Marta não recuar das posições que sustentou corajosamente há algumas semanas.
Se ela exceder minhas expectativas, compensará um pouco a decepção que Fernando Gabeira me causou, também no departamento de caça ao voto dos evangélicos.
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