sexta-feira, 17 de agosto de 2018

TOSTÃO ABRE O JOGO: GUARDIOLA CONTINUA IRREQUIETO, INOVADOR; FELIPÃO MEDIOCRIZOU NOSSO FUTEBOL

Mestre Tostão, craque com a bola e com o teclado
Guardiola completou dez anos como treinador. Parece que foram cem.

O Barcelona, dirigido por ele, fez uma marcante transformação no futebol.

Guardiola continua irrequieto, inovador. É um treinador moderno, apaixonado pelo passado. Guardiola priorizou a posse de bola, a troca de passes, as triangulações e o domínio da bola e do jogo, como o Santos, na época de Pelé.

Guardiola privilegiou a marcação por pressão, para recuperar a bola perto do outro gol, como a seleção holandesa, na Copa de 1974. Guardiola influenciou os goleiros de todo o mundo a aprenderem a jogar com os pés.

Guardiola, principalmente, exigiu de seus jogadores que, ao mesmo tempo, fossem eficientes e jogassem bom futebol, agradável, para melhorar a qualidade do espetáculo. Sem utopia, nada é possível.
Mestre Guardiola, que nunca abre mão do futebol bem jogado

Volto à realidade brasileira. Bastou o Palmeiras, com Felipão, ficar quatro jogos sem sofrer gols e ganhar do fraco Cerro Porteño, do Paraguai, para a turma que acha que o 7 a 1 foi um apagão encher a bola do técnico.

Imagine o que diriam se o Palmeiras tivesse vencido, com Felipão, o Boca Juniors, em La Bombonera, como aconteceu recentemente, pela Libertadores, sob o comando de Roger Machado.

Felipão possui virtudes e merece elogios por suas conquistas. Suas preferências técnicas e táticas, muitas vezes, dão certo, como os chutões, as bolas aéreas, a presença de volantes somente marcadores e de centroavantes que só empurram a bola para o gol e, principalmente, o jogo fatiado, truncado, sem trocar passes no meio-campo.
Sargentão Felipão, que encara o esporte como uma guerra
Ele e quase todos os outros técnicos que dominaram o futebol brasileiro durante longo tempo dividiram o meio-campo entre os volantes que marcavam e os meias ofensivos que atacavam.

A bola passava direto da defesa para o ataque. Isso mediocrizou nosso futebol.

Como sou um homem dividido entre a utopia e o utilitarismo, entre Dom Quixote e Sancho Pança, tento ver os dois lados, sem intolerância e radicalismo, mas sem deixar de fazer minhas escolhas, de dizer o que penso.

Prefiro mil vezes as ideias de Guardiola às de Felipão e de tantos outros treinadores, que só se preocupam com o resultado, sem valorizar a qualidade do jogo. (por Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão)

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