quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A QUASE DESCONHECIDA MINISSÉRIE "HELENA DE TROIA" DÁ DE GOLEADA NA SUPERPRODUÇÃO "TROIA" COM BRAD PITT

Guerra de irmãos: os príncipes troianos Heitor (Daniel Lapaine) e Paris (Matthew Marsden)...
A guerra de Troia até hoje inspira discussões acaloradas entre os historiadores, primeiramente sobre ter ou não ocorrido; e depois, quanto ao que seria reminiscência histórica e o que seria mera fantasia nos textos de Homero, a Ilíada e a Odisseia, os únicos que nos chegaram intactos às mãos. Ela é também citada em seis poemas épicos de outros autores, dos quais só restaram fragmentos.

A evidência mais forte em favor de Homero foi a descoberta das ruínas de várias cidades, construídas e destruídas no sítio por ele indicado. Troia seria uma dessas cidades.

O certo é ele ter nos legado relatos tão apaixonantes que inspiraram um sem-número de películas, algumas dando uma visão global do que teria sido o conflito, outras enfocando-o sob o ponto de vista de um (ou destacando tal ou qual) personagem.

Sobre Ulisses há muitos e o melhor deles é A Odisseia (d. Andrey Konchalovskiy, 1997), minissérie que foi editada como filme para comercialização em VHS e DVD. 
...contra os reis gregos Agamemnon (Rufus Sewell) e Menelau (James Callis).
Troia (d. Wolfgang Petersen, 2004) foi fiel a Homero ao mostrar um Aquiles (Brad Pitt) que tinha mesmo pés ligeiros, mas alterou muitos outros detalhes da trama homérica, enraivecendo os puristas.

Helena, a mulher mais bela de sua época, vem excitando a imaginação dos cineastas desde o cinema silencioso (há um registro de 1927, de um filme chamado The Private Life of Helen of Troy), passando pelos épicos macarrônicos da Cinecittà. 

E até a jovem filha que Agamenon sacrificou aos deuses em troca de bons ventos para sua frota teve direito a um (ótimo) tributo cinematográfico: Ifigênia (d. Michael Cacoyannis, 1977).

Helena de Tróia (d. John Kent Harrison, 2003), cuja íntegra vocês podem ver na janela abaixo, é também um telefilme e tem também uma surpreendente qualidade (a telinha parece destinada a satisfazer os públicos mais exigentes, aqueles que hoje a telona negligencia).
Sienna não convence como a mulher mais desejada de sua época

Centra-se no casal Paris/Helena, que tem sido quase sempre mostrado de forma negativa. 

Desta vez, contudo, Paris é corajoso e digno, um irmão à altura de Heitor; e Helena, uma mulher que atrai o infortúnio e para a qual os desejos que desperta só trazem infelicidade. 

Quando encontra o verdadeiro amor, ela pensa ter finalmente quebrado a maldição, mas vai é provocar a destruição de um país. 

Mesmo Menelau, o próprio símbolo do esposo traído, aparece sob outras luzes. Só Agamemnon continua sendo um vilão, como sempre é mostrado.

Vale por um enredo imaginativo e muito bem costurado, que prende a atenção dos espectadores a ponto de nem sentirmos passar as quase 3 horas de duração; por um tom desencantado e antibelicista quase sempre ausente das obras deste tipo; e pelas atuações corretas dos atores, em sua maioria desconhecidos mas bem escolhidos para seus papéis –com exceção do bombado Joe Montana (Aquiles), que parece ter vindo diretamente do Ultimate Fighting.

Quanto à Helena, seria mesmo difícil os produtores encontrarem alguma atriz que conseguisse convencer como a expressão máxima da beleza e da sensualidade; vai daí que, tanto vestida quanto nua, Sienna Guillory ficou devendo.

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