sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

ENQUANTO OS PRESOS SÃO DIZIMADOS, AS AUTORIDADES MATAM AS ESPERANÇAS DOS BRASILEIROS.

O ano novo sangrento em Manaus...
GENOCÍDIO NOS PRESÍDIOS
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Muita gente fica estarrecida com as imagens televisas de pessoas decapitando outras, mostradas nestes dois massacres recentes: o de Manaus, com 64 mortos; e de Roraima, com quase 40.

Quem se choca com as cenas nem se apercebe de que as justificativas e as medidas tomadas pelas autoridades são mais preocupantes. 

Também não se atenta para os fatos de tais acidentes (como disse o presidente Michel Temer) se repetirem há décadas; e de  as medidas tomadas no passado, que não resolveram nem amenizaram nada, serem iguaizinhas às de hoje.

Até a cobertura da imprensa sobre o assunto é idêntica à de 1992, quando 111 detentos foram assassinados pela Polícia Militar de São Paulo no complexo do Carandiru. E as avaliações dos especialistas, idem. Vejamos os mais comuns.
...e o massacre do Carandiru. Tudo como dantes.

Explicam, p. ex., que os condenados deveriam ficar separados entre aqueles que cometeram crimes menos graves que os daqueles sanguinários. Também são sempre mencionadas a superlotação, as condições precárias, a corrupção de agentes – até pouco falada diante do seu tamanho – e a falta de medidas de ressocialização. Como se tudo isso fosse novidade.

Já as autoridades dão um show de horror, a começar por desconhecerem quantas pessoas estão presas onde ocorre um motim ou um genocídio. Depois, não sabem com exatidão quantos fugiram nem quantos morreram. Qualquer tabela de word, em qualquer versão, resolveria esse problema.

Quanto às medidas para contornar a situação, a primeira é colocar um robô falante a dar explicações e apontar soluções (desta vez foi o ministro da Justiça). Este faz sua arenga como se estivesse certo de que o mundo está acreditando nela, mas com a certeza interior de que nenhuma alma viva confia numa só palavra do que diz.  

Dinheiro, que sempre falta na prevenção, até a quem pede socorro, começa a jorrar na verborragia palaciana. Lembro bem de uma proposta do então ministro Márcio Thomaz Bastos para a construção de cinco presídios federais. Nem sei se algum foi construído na sua gestão...
 
Ministra Carmem Lúcia em visita recente a presídio gaúcho
Aí, transferem os presos de um lado para o outro. Ninguém indaga ou contesta esta saída pela tangente, mesmo sabendo que todos os presídios do país estão superlotados. 

Além dos famosos mutirões para soltar os que já cumpriram suas penas. Ora, deveriam é abrir investigações para punir quem manteve na prisão pessoas que tinham o direito de estarem em liberdade. 

Vou terminar mencionando as reuniões realizadas para os fotógrafos e jornalistas. A última deste tipo foi a da presidente do Supremo Tribunal Federal com o presidente da República. Que solução vai trazer uma autoridade que não teve condições de adentrar uma das detenções que tentou visitar há poucos meses?!

Existirem os problemas é grave; mais grave, porém, é sabermos que daqui a algumas décadas eles se repetirão da mesma forma, com as mesmas autoridades se desculpando e batendo cabeça da mesma maneira.

Para encerrar, lembro uma conhecida frase anônima: “Uma caneta na mão de um político mata mais do que uma arma na mão de um bandido”. 

Por demonstrarem tanta fragilidade e recorrerem a tanta enganação, eles conseguem matar as esperanças até do mais otimista dos brasileiros.
(por Pedro Cardoso da Costa)

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