quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

DALTON ROSADO LANÇA SEU BRADO: "EM NOME DA HUMANIDADE, PAREM COM ISSO!"

“Marx não defendeu uma sociedade do trabalho, mas uma 
sociedade emancipada inclusive do trabalho, motivo
este que o fez saudar a obra do seu genro boêmio, 
Paul Lafargue.” (Anselm Jappe, pensador alemão)
.
Pode parecer demasiado pretensioso alguém, a partir de um blogue, lançar um brado em nome da humanidade. Mas não é. Uma iniciativa contra a injustiça pode ter tanta repercussão como a passividade diante dela.

As coisas poderiam ter tomado outro rumo, p. ex., se o povo alemão em 1930 houvesse dado ouvidos ao advogado judeu Hans Litten, que denunciou Hitler como cúmplice pelo ataque das S.A. nazistas ao clube berlinense Eden Dance Palace, frequentado por opositores. Mas, com as bestas-feras e seu mandante escapando impunes após o massacre (tiros disparados a esmo sobre os frequentadores, apenas por serem opositores do nazismo), a escalada do terror atingiu um novo patamar.

Hans Litten chegou até a intimar Hitler para depor como testemunha, artifício jurídico com o qual tentava demonstrar sua cumplicidade direta na matança, mas isto sequer impediu o seu crescimento eleitoral. E o bravo advogado de 27 anos foi posteriormente preso, torturado e assassinado na prisão. 

O culto e capaz povo alemão ficou indiferente a todos os crimes do III Reich e se tornou refém de suas atrocidades..
UM BRADO CONTRA A IRRACIONALIDADE 
PODE ECOAR E GANHAR FORÇA!
.
A grande mídia vem destacando com alguma ênfase, mas sem colocar o dedo na ferida, que o mundo vive o mais alto nível de tensão desde o fim da 2ª guerra mundial. 

Em relatório tornado público, o serviço secreto estadunidense garantiu que a Rússia está pintada para a guerra, inclusive com a instalação de mísseis de longo alcance e grande poder de destruição. 

A Aliança Militar do Ocidente, igualmente, está reforçando os portos militares europeus, principalmente na Alemanha. A Otan denuncia a existência de uma corrida armamentista. 

Afirma-se que Rússia e China querem testar a força bélica dos EUA; Trata-se do uso indistinto da razão da força substituindo a força da razão. 

Este é o ápice de tensão num mundo já conflagrado por guerras convencionais; guerras civis; conflitos religiosos fundamentalistas; desintegração institucional de países africanos, que desembocam numa situação de anomia social, com milícias estabelecendo o terror; instabilidade dos sistemas prisionais e consequentes guerras entre facções do crime organizado, etc., etc., etc. Tudo tendo como pano de fundo a acentuação da fome e da miséria mundial.     

A constatação é óbvia, a ponto do noticiário internacional da grande mídia admitir tal estado de coisas diariamente. 
É importante destacar a superficialidade de abordagem que vem sendo feita sobre a superação dessa crise mundial. 

Nesta 4ª feira (11), no Bom Dia Brasil da Rede Globo, após notícias que atestavam a gravidade da situação, com destaque para a tensão na Europa, o segmento foi assim concluído: 
1. a modernidade evoluiu muito rapidamente, aumentando o fosso entre pobres e ricos, bem como entre vencedores e perdedores;

2. há uma perspectiva de aumento da crise econômica mundial nos próximos anos;
3. os governos devem renegociar as suas expectativas. 
O problema é que, da informação correta, derivaram ilações que carecem de uma abordagem científica – a qual, caso fosse feita, implicaria a negação dos pressupostos que produzem tal estado de coisas. A única forma de se combater os efeitos explicitados no quadro social mundial exposto é o combate às verdadeiras causas, sem subterfúgios, e isto a empresa capitalista de comunicação não pode fazer sob pena de negar a si mesma e os seus interesses.

O fosso entre pobres e ricos é cada vez maior na modernidade? Claro! Mas, faltou dizer que: 

1. há uma incompatibilidade absoluta entre a modernidade da produção tecnológica de mercadorias e a produção de valor que serve como mediação social, sendo esta a causa de tamanha exclusão social;
2. modernidade seria altamente benéfica, trazendo uma profusão de benefícios sociais, desde que colocada a serviço da comunidade e não do capital (é este último, portanto, que precisa ser abolido, e não a modernidade!);
3. somente com a superação do modo de produção mercantil poderemos erradicar a miséria social que está na base dessas tendências latentes de conflagração bélica.      
Por fim, o Bom Dia Brasil recomenda aos governos que renegociem suas expectativas. Nada mais vazio e impossível de se realizar.

Os governos são dependentes da lógica de reprodução a que pertencem e de onde tiram os seus sustentos (tal qual a empresa noticiosa). Os modernos estados capitalistas nasceram do próprio capitalismo; são o seu resultado político.  Assim, jamais abdicarão da força para a continuidade de um modelo de relação social, o qual, embora falido, insiste em continuar vivo. 

Diante da explicitação da contradição inconciliável entre forma política e conteúdo de uma relação social exaurida por suas próprias contradições internas, somente o povo poderá evitar a repetição dos fatos que causaram os maiores genocídios da história da humanidade, a 1ª e a 2ª Guerra Mundial, cujo saldo foi de 70 milhões de mortos.    

O que estava na base destes conflitos do século 20 foi a segunda revolução industrial fordista, ao promover tal elevação do nível de produtividade de mercadorias que causou um desequilíbrio na economia mundial. 

Agora a coisa se repete com uma intensidade mil vezes maior, a partir da terceira revolução industrial da microeletrônica e da globalização da produção que juntou alta tecnologia de produção com salários de fome.    

O mundo não pode permitir a repetição genocida da história, deixando nas mãos de governantes submissos a uma lógica econômica assassina o comando dos botões das máquinas da morte. 

Somente ao povo esclarecido cabe a contenção da escalada do terror e, infelizmente, são poucas as vozes que se levantam contra a barbárie (*). 

Em nome da humanidade, bradamos: parem com isso! (Dalton Rosado)
* Daí a importância de um blogue libertário e descompromissado com a lógica capitalista como o Náufrago da Utopia, que é capaz de publicar textos críticos contundentes, não vendendo a sua alma ao capital.

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