Minha resposta até rima, mas pode me incriminar... |
Muitos companheiros de esquerda gostam de fazer declarações de voto; devem ter motivos para crerem que suas escolhas vão inspirar muitos admiradores.
Não compartilho tal pretensão, até porque jamais me vi como guru seja lá do que for. Sou marxista da linha Karl, e também da linha Groucho: "Inclua-me fora disso".
Mas, até por falta de condições atléticas, não me acomodo bem em cima do muro. Então, apenas e tão-somente no modesto espaço deste blogue, vou deixar registradas minhas preferências, valham quanto valerem.
Presidenta da República:
LUCIANA GENRO, do PSOL (50)
Se acredito que o capitalismo é, atualmente, o maior obstáculo à felicidade dos homens e a principal ameaça à sobrevivência de nossa espécie, tenho ser coerente com minha avaliação. Então, não havendo no pleito presidencial a mais remota possibilidade de a direita (Aécio Neves) liquidar a fatura no 1º turno, é forçação de barra estimular voto útil desde já.
Quem está firmemente contra o capitalismo, vota em candidatos e partidos que se proponham a dar um fim ao pesadelo capitalista, não aos que querem apenas atenuar seus malefícios (os reformistas, como Marina Silva e Dilma Rousseff). Simples assim.
Quem está firmemente contra o capitalismo, vota em candidatos e partidos que se proponham a dar um fim ao pesadelo capitalista, não aos que querem apenas atenuar seus malefícios (os reformistas, como Marina Silva e Dilma Rousseff). Simples assim.
Respeito igualmente os companheiros Mauro Iasi (PCB), Rui Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU), mas tenho uma dívida de gratidão para com a Luciana, pelo papel por ela desempenhado no Caso Battisti, que considero a principal vitória conquistada pela esquerda brasileira de algumas décadas para cá.
E não posso deixar de reconhecer sua brilhante performance nos debates eleitorais, culminando com o xeque-mate dado em Dilma Rousseff, ao propor-lhe o aumento da tributação das grandes fortunas que passam de parasita pai para parasita filho, bem como dos lucros imorais e estratosféricos dos bancos. Deixando de responder duas vezes a esta interpelação claríssima, Dilma escancarou os limites do reformismo petista: late, mas não morde os verdadeiramente poderosos.
Governador de SP: GILBERTO MARINGONI,
da frente PSOL/PSTU (50)
Mesmo caso: os companheiros não errarão se votarem no Raimundo Sena (PCO) ou no Wagner Farias (PCB), mas tenho afinidade maior com o professor, escritor, jornalista e cartunista Maringoni, por força de sua participação na luta pela liberdade de Cesare Battisti. E pertencemos à mesma leva de candidatos à vereança derrotados em 2012.
Como todos que saíram do PT quando o partido mais tinha a oferecer em vantagens materiais e menos em ímpeto para transformar a sociedade brasileira, merece respeito. Os piores (oportunistas e carreiristas) chegavam aos montes, os melhores debandaram. Não se vendeu por um prato de lentilhas.
Senador por SP:
EDUARDO SUPLICY, do PT (131)
É o político mais influente que prioriza a defesa dos direitos humanos e também teve participação destacada no Caso Battisti, Como só ele está em condições de barrar a direita, aqui cabe, sim, o voto útil.
Seria péssimo perdermos um personagem tão simbólico, ainda mais se for substituído por seu antípoda: José Serra, o ex-presidente da UNE que se tornou cristão novo do autoritarismo, a ponto de ordenar a invasão da USP por brutamontes fardados.
Suplicy não estaria com sua reeleição ameaçada se houvesse saído do PT na hora certa, ao lado dos companheiros que lhe eram mais afins, como Chico Alencar, Heloísa Helena, Ivan Valente e Plínio de Arruda Sampaio. Torço para que, apesar da acentuada rejeição ao petismo em SP, continue cantando "Disparada" no Senado por mais oito anos --e, de quebra, defendendo alguns injustiçados (não tantos quanto deveria, mas ninguém é perfeito...).
Deputado federal por SP:
IVAN VALENTE, do PSOL (5050)
Outro velho guerreiro, que conheço desde os idos de 1976, quando fui pedir-lhe que convencesse o PT a não abandonar à própria sorte os quatro de Salvador (saiba mais sobre tal episódio aqui).
Nem sempre estivemos do mesmo lado ´nas querelas partidárias, mas nunca deixou de existir respeito entre nós.
Lembro com carinho de sua humildade ao servir de motorista para Plínio de Arruda Sampaio na última campanha presidencial, um idoso conduzindo outro, os dois acreditando que compensasse este outonal esforço para plantar sementes e legar um exemplo de luta aos pósteros, embora estivessem carecas de saber que o tostão não venceria o milhão.
Ao reencontrá-lo no enterro do grande Plínio, dei-me conta de que foi, à sua maneira, um titã; e de que ainda não surgiram substitutos à altura dos titãs que se vão, daí devermos olhá-los "com um pouco de compreensão", como sugeria Brecht.
Deputado estadual por SP:
CARLOS GIANNAZI, do PSOL (50789)
Embora tenha havido um certo --e mútuo-- desencanto na campanha municipal, continuo admirando a tenacidade com que defende as bandeiras do magistério paulista; e considerando muito meritória a sua iniciativa de haver proposto e encaminhado a instituição do Dia Estadual em Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos, o primeiro a ser criado por lei em nosso país. É celebrado, desde 2011, em 4 de setembro, dia da descoberta das ossadas de Perus (um dos locais em que os agentes da repressão enterravam clandestinamente os resistentes executados).
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