Inaugurado em 08/08/2008, este blogue completará cinco anos com quase 700 seguidores e mais de 770 mil visualizações de páginas, originárias do Brasil (600 mil), EUA (90 mil), Rússia (16,7 mil), Portugal (13 mil) e Alemanha (6,2 mil), principalmente.
Os textos postados estão na casa de 2,1 mil, sendo mais de 300 com o marcador Cesare Battisti; quando da libertação do escritor que a Itália queria silenciar, o total já era de aproximadamente 250.
Foi a mais prolongada e --considerando-se a extrema desigualdade de forças--, surpreendentemente vitoriosa campanha assumida pelo blogue, que também se colocou ao lado do cineasta Roman Polanski; do ex-etarra Joseba Gotzon; de Julian Assange, Bradley Manning e Edward Snowden, que escancararam para o mundo a nudez do rei; da iraniana Sakineh Ashtiani, quase-vítima da intolerância medieval; do movimento estudantil em geral e dos universitários da USP em particular (pois submetidos a controle policial como nos piores tempos da ditadura militar); e do de outros humilhados e ofendidos no dia a dia brasileiro.
Afora as lutas travadas contra as múltiplas facetas e manifestações do autoritarismo, inclusive no seio da web; e a defesa permanente dos direitos humanos, dos ideais revolucionários e da memória da resistência à ditadura de 1964/85, da qual tenho orgulho de haver participado, ao lado de alguns dos melhores cidadãos que este país já produziu.
Afora as lutas travadas contra as múltiplas facetas e manifestações do autoritarismo, inclusive no seio da web; e a defesa permanente dos direitos humanos, dos ideais revolucionários e da memória da resistência à ditadura de 1964/85, da qual tenho orgulho de haver participado, ao lado de alguns dos melhores cidadãos que este país já produziu.
Dos textos mais clicados no blogue, o 2º lugar é de 30/06/2009, tinha até agora 3.939 hits e está sendo republicado abaixo, como parte desta pequena retrospectiva que incluirá também os meus três favoritos e um balanço do caminho até aqui percorrido.
É um fruto tardio da minha fase de crítico de rock e editor de revistas musicais, quando cheguei a redigir o texto de uma publicação inteiramente dedicada ao fenômeno Michael Jackson. Por ocasião de sua morte, já sem as limitações de outrora, pude escrever o que realmente pensava sobre tal fenômeno, dando vazão ao meu ódio visceral à indústria cultural e à minha comiseração por suas vítimas, inclusive MJ.
É um fruto tardio da minha fase de crítico de rock e editor de revistas musicais, quando cheguei a redigir o texto de uma publicação inteiramente dedicada ao fenômeno Michael Jackson. Por ocasião de sua morte, já sem as limitações de outrora, pude escrever o que realmente pensava sobre tal fenômeno, dando vazão ao meu ódio visceral à indústria cultural e à minha comiseração por suas vítimas, inclusive MJ.
MICHAEL JACKSON (1958-2009):
DO BOI SÓ SE PERDE O BERRO
Do boi só se perde o berro, diziam os antigos. Foi o que me veio à cabeça ao assistir à overdose de Michael Jackson em jornais, revistas, rádios e tevês.
A mesma indústria cultural que deu projeção exageradíssima a quem tinha talento, é verdade, mas nunca foi um revolucionário da música como os Beatles; que tanto glamourizou suas esquisitices de adulto malresolvido, como se fosse desejável que quarentões se comportassem à maneira de impúberes; que foi de uma crueldade ímpar ao expor o que me pareceu ser mais uma atração platônica pelos jovens do que pedofilia propriamente dita (ou seja, ele continuaria estacionado na sexualidade infantil, impotente para chegar às vias de fato); e que o relegou ao ostracismo quando sua imagem se tornou politicamente incorreta - agora transforma sua morte num repulsivo espetáculo de canonização midiática.
Nunca apreciei a música do Jacksons 5, nem a que ele fez depois na sua carreira-solo. Comercial demais para o meu gosto de rockeiro apegado às origens bluesísticas.
Ademais, os malditos videoclips, de quem Jackson foi o rei, marcam a retomada do controle por parte da indústria cultural, depois de ter sido obrigada a submeter-se à explosão roqueira durante alguns anos gloriosos, entre o final dos '60 e o início dos '70.
Nunca esquecerei de Joe Cocker, depois de um animado passeio por São Paulo, entrando diretamente no palco, com a roupa que vestia. Para arrasar, com sua entrega incondicional à música.
Nunca esquecerei da temporada do Cream em que os fulgurantes improvisos de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker faziam com que, noite após noite, os números tivessem duração diferente.
Nunca esquecerei de Jimi Hendrix, com sua beleza selvagem, implodindo o hino estadunidense em Woodstock.
Os clips dos anos 70 significaram a substituição do talento bruto pela produção onerosa, da paixão pelo ensaio, da arte pelo espetáculo. E Michael Jackson acabou simbolizando essa domesticação.
Mas, seu destino como ser humano vitimado por essa engrenagem perversa sempre me inspirou compaixão. É triste vermos como um menino bonito, simpático e espontâneo, após receber o toque de Sadim (Midas às avessas) do sistema, tornou-se um adulto descaracterizado e sofredor.
Até sua cor quis negar, ao invés de orgulhar-se dela como o grande Muhammad Ali. Acabou ficando com imagem idêntica à dos vampiros mutantes de um clássico do terror, A Última Esperança da Terra (d. Boris Sagal, 1971), como se castigado pelos deuses.
Foi sugado, espremido e jogado fora. Aí a comoção causada por sua morte deu chance a um reaproveitamento do bagaço, para faturarem mais um pouquinho.
A indústria cultural é um dos componentes mais doentios e malignos do capitalismo putrefato. Casos como o de Michael Jackson dão uma dimensão total de sua capacidade de destruir seres humanos para saciar a curiosidade mórbida de seus públicos, movida pelo amoralismo do lucro.
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