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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

DEVASSANDO O DOI-CODI DOS BEAGLES

Tendo lecionado durante 19 anos na Universidade de Campinas, Carlos Lungarzo era o homem ideal para tentar desfazer a cortina de fumaça que a grande imprensa -acumpliciando-se com a tortura de bichos como outrora se acumpliciava com a tortura de gente- lançou sobre as atividades de uma instituição das mais suspeitas, felizmente interrompidas por uma louvável iniciativa dos jovens que lutam contra a desumanidade. 

E ele o fez, no longo e brilhante artigo O que é o Instituto Royal? (cuja íntegra pode ser acessada aqui), aprofundando os questionamentos por mim apresentados em Que sejam felizes os beagles! Que sofram os rapinantes! (vide aqui). 

Depois de uma exaustiva pesquisa na internet, Lungarzo constatou que tanto o instituto quanto sua proprietária são quase  incógnitos -para não dizermos  clandestinos-, embora isto não tenha impedido que seu faturamento, já em 2012, atingisse declarados R$ 5,25 milhões.

Mas, pergunta Lungarzo, onde pode ser encontrado "o histórico 'científico' do Royal, seus protocolos experimentais, a lista de seus colaboradores e clientes, os produtos realmente aplicáveis que foram viabilizados por seus testes, os registros de suas experiências longitudinais, etc."? 

E mais: "Por que ninguém, salvo as elites e as forças repressivas, consegue entrar nesse maravilhoso instituto?"

Noves fora, tudo indica que o Royal se dedique ao "grande negócio da produção de animais para experimentos tortuosos".
É o Instituto Royal ou o laboratório do dr. Frankenstein?

O final do artigo é tão esclarecedor e oportuno que o reproduzirei na íntegra:

"Com efeito, a realização de numerosos experimentos cruéis onde se mutilam, esquartejam, cegam, queimam e matam milhares de animais, diminui as despesas dos laboratórios, pois é menos caro que experimentos in silico (simulação com computador) ou in vitro (ensaio com culturas).

"Estas duas são formas que, combinadas com experimentações reversíveis e indolores em animais não humanos e em voluntários humanos, substituiriam totalmente a prática atual de tortura e extermínio massivo de bichos.

"Por sinal, os argumentos que pretendem que as culturas também exigem experimentação animal são falaciosos. O soro fetal bovino usado em muitas culturas, pode ser extraído mediante uma cirurgia com anestesia. Isto se faz com cavalos de raça e touros reprodutores, cuja saúde é cuidada pelos veterinários dos magnatas muito mais que a de qualquer humano. Quanto à extração do feto sob anestesia é, simplesmente, um aborto. Sendo o aborto aceitável em humanos, por que não seria em animais?

"Imagino que os principais clientes sejam laboratórios estrangeiros, sendo que, qualquer que seja o grau de civilização de um país, os capitalistas preferem dinheiro e não direitos, sejam animais ou humanos.

"Neste sentido, em muitos países de Europa, e inclusive nos EUA, há restrições para o uso de animais em experimentos. O Animal Welfare Act  de 1966 restringe o uso de animais de sangue quente, salvo algumas espécies de ratos.

"Obviamente, proíbe totalmente a tortura de bichos domésticos, especialmente gatos e cães, que não podem ser utilizados mesmo mortos, por causa da dificuldade para saber de que maneira morreram.

"A União Europeia possui diversas restrições de acordo com o país, mas o testing ban de cosméticos é válido em todos eles (vide  aqui). É muito provável que o Royal tenha nesses laboratórios de cosméticos, bem como nos dos produtos de limpeza, seus principais fãs. Um especialista não identificado que colaborou no exame dos beagles teria dito que as raspagens de pele em frio era típica de experimentos com cosméticos.

"Se os ativistas se informarem suficientemente com cientistas sensíveis (que existem) e pressionarem seus parlamentares, poderão conseguir que o Instituto seja desativado, e seus responsáveis indiciados por crimes ambientais. É possível que haja pessoas que saibam exatamente o que acontece no Royal, e que, se lhes fosse dada proteção, talvez falassem. Esta é a esperança. E permitirá um grande avanço ético na ciência".

sábado, 26 de outubro de 2013

QUE SEJAM FELIZES OS BEAGLES! QUE SOFRAM OS RAPINANTES!

Em 1972, quando eu morava numa comunidade alternativa, um cachorrão manso nos adotou. Foi entrando e, como não expulsávamos pessoas nem bichos, resolveu ficar. 

Nunca fui muito chegado a cães. Um deles me atacou de surpresa na minha meninice: veio correndo e, sem dar um único latido, cravou os dentes na minha perna.

Também não contribuiu para torná-los simpáticos o fato de meu tio ser criador de coolies. Quando o visitava, lá pelos 14 anos de idade, uma daquelas aspirantes a Lassie tinha a mania de pular sobre mim, quase me derrubando; mantinha-se em pé com as patas dianteiras apoiadas no meu ombro e me agraciava com borbotões de bafo fedorento, até que alguém me tirasse daquela saia justa.

Mas, quando a carrocinha levou embora o mascote da nossa  comuna, eu era o único homem disponível para resgatá-lo antes que o sacrificassem. Como não era tarefa para mulher, fui.

Ver aquela bicharada toda engaiolada, jururu, parecendo saber o destino que a aguardava, mexeu um pouco com meus sentimentos. 

E mais ainda quando o cachorrão, reconhecendo-me, passou da tristeza ao paroxismo da alegria num átimo. Até urinou de júbilo. 

Aí fiquei comovido de verdade. Gostei de ter empregado assim meu tempo e não lamentei a grana utilizada para alugar uma kombi na volta, embora nos fosse tão escassa.

Quanto aos beagles que os ativistas salvaram dos maus tratos, as madames que me perdoem, mas considero-os muito mais importantes do que cosméticos. 

E não engulo o papo furado de que pesquisas de medicamentos relacionados ao câncer sejam sagradas.

Trabalhei em empresas de comunicação que divulgavam o lançamento de tais remédios. Detestava-os profundamente... porque não se destinavam a curar o câncer!  Longe disto.

Sua verdadeira finalidade era e é, conforme alegações dos próprios fabricantes, a de dar  qualidade de vida  aos  pés na cova  e adiar um pouquinho o encontro deles com tanathos. A preço de ouro, claro.

[Antes que me esqueça: quem teve a repulsiva idéia de utilizar com tamanha impropriedade a expressão  qualidade de vida, fez jus a outra expressão, a que o grande Zé Celso cunhou para designar os publicitários:  filhos de Goebbels.]

Velhos incapazes de encarar a morte com dignidade pagam sem chiar os preços escorchantes, empobrecendo os herdeiros. Quando morrem, deixam uma terra arrasada para trás e são amaldiçoados pelos entes queridos. 

Mas, maldita mesmo é a indústria farmacêutica, quando depena sujeitos fragilizados pela dor e pela paúra! Nunca entendi por que não se entopem com a velha morfina, ao invés de caírem no conto do vigário dos tais me(r)dicamentos de ponta... 

Que sejam felizes os beagles! Que sofram os rapinantes, com (espero!) uma forte crise de abstinência de dinheiro mal ganho! 
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