António Guterres, secretário-geral da ONU, não esconde sua inquietação: a organização mundial com sedes em Nova York e Genebra pode chegar a uma situação equivalente a falência por falta de dinheiro em caixa.
Os cortes feitos pelo Trump, equivalentes a US$ 9 bilhões que eram destinados a diversos organismos onusianos, mais os atrasos de diversos países, causarão inicialmente uma onda de demissões e o abandono de Genebra e Nova York, trocadas por cidades onde o dia a dia é menos dispendioso.
Estas dispersão e fragmentação são capazes de fragilizar e diminuir a importância da ONU, já acusada de ineficácia por vários países e pelo próprio Trump.
A Unicef, p. ex., pretende se transferir para Roma com a maior parte dos seus funcionários, cerca de 300, deixando um grupo menor em Genebra para atender às urgências.
Tais deslocalizações e demissões já estão provocando perdas financeiras para a cidade de Genebra (o mesmo deve estar ocorrendo com Nova York) e uma substancial diminuição na arrecadação de impostos sobre os bons salários pagos a tais funcionários.
É provável também uma baixa no preço dos bons apartamentos com a partida dos locatários transferidos ou demitidos pela ONU. muitos dos quais não terão como viver em Genebra, cidade com elevado custo de vida, e serão obrigados a retornar aos seus países, alguns em idade difícil para encontrar novo emprego.
Programas como o Alimentar Mundial das Nações Unidas, que dependem de doadores, sofreram cortes imediatos em situações dramáticas, com pessoas em importantes funções ficaram desempregadas e sem seguro saúde.
Na Organização Mundial da Saúde houve 2.371 demissões. Somando-se as demissões com as aposentadorias e aposentadorias antecipadas, chega-se a 45% do total dos empregados.
A situação da ONU vai ser dramática em 2026 com um corte de 25% nas operações de manutenção da paz, equivalente a 61 mil efetivos. Haverá o risco de atrasos nos pagamentos e apelos para que outros países ou multinacionais contribuam para compensar a retirada das subvenções dos EUA.
Essa crise vai também ocorrer no número de capacetes azuis da ONU enviados às zonas em conflito. No momento, haverá uma redução de 25% do contingente atual, com o desligamento de 13 a 14 mil policiais e militares.
Embora Trump se considere candidato a um Prêmio Nobel da Paz, seus cortes vão afetar setores importantes da ONU como as missões para a manutenção da paz, controle de cessar-fogo, proteção de civis no trabalho com ações humanitárias. (por Rui Martins)
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