sexta-feira, 25 de abril de 2025

TRUMP REVISITA O FASCISMO ESPANHOL: "MORRA A INTELIGÊNCIA, VIVA A MORTE!"

Unamuno, com barba branca, saindo da Universidade após confrontar os fascistas
Em outubro de 1936, numa solenidade que tinha lugar na universidade espanhola de Salamanca, algum professor dormia com o inimigo, proferindo um discurso de exaltação à irracionalidade franquista. 

Os descerebrados presentes se empolgaram e um deles gritou o lema da Falange fascista: "Viva a morte!". Outros o secundaram, bradando esta e outras palavras de ordem a favor de uma Espanha monárquica, ultranacionalista e ultracatólica no mau sentido. Enfim, como sempre brigavam com o presente e exigiam uma volta ao absolutismo feudal.

Lá estava também o general Milan-Astray, cujos seguidores ergueram o braço, fazendo a saudação usual ao ditador Francisco Franco em pleno ambiente universitário, como se ele se encontrasse no local. Uma contradição  em termos. 
Milan-Astray, o parceiro da morte

O reitor Miguel de Unamuno, um liberal humanista, confrontou corajosamente a horda, dizendo que falaria porque "ficar calado significaria mentir e o silêncio pode ser interpretado como aquiescência".

Rebateu a pretensão dos fascistas de estarem defendendo a civilização cristã, acrescentando que estava em curso uma guerra civil na qual vencer não significava convencer, mesmo porque "o ódio que não deixa lugar para a compaixão não pode convencer". 

O general Milán-Astray perdeu as estribeiras ao ouvir as fortes críticas ao seu modelo para a Espanha e, furibundo, urrou: "Morra a inteligência, viva a morte!".

Unamuno finalizou com uma frase que entraria para a História: "Vencereis, porque lhes sobra força bruta. Mas não convencereis, porque para convencer é preciso persuadir. E para persuadir é necessário algo que lhes falta: razão e direito na luta.".

Os descendentes de Unamuno começam a articular uma forte resistência civilizada à nova caça às bruxas ora em curso, tendo na última terça-feira (22) realizado a primeira manifestação generalizada contra as trevas trumpianas: cerca de cem reitores, representando dezenas de instituições acadêmicas, incluindo Yale, Princeton e Harvard, denunciaram a "interferência governamental sem precedentes" no ensino superior.

No dia anterior, Harvard iniciara a batalha jurídica ao estrangulamento financeiro como arma trumpiana para obter o que Unamuno qualificaria de aquiescência dos bem pensantes: entrou com uma ação judicial contra o bloqueio, por parte do Governo Trump, de US$ 2,2 bilhões em subsídios federais, como represália por tal universidade por haver rejeitado as exigências infames dos descendentes de Franco e do general Milan-Astray.

A China, apostando na inteligência, redobra esforços 
para se colocar cada vez mais na dianteira científica e tecnológica, inclusive fazendo altos investimentos para atrair cientistas de outros países - enquanto Trump, flertando com a morte, os aterroriza ao impor uma recaída dos EUA no macartismo. 

Não preciso de bola de cristal para saber quem  sairá fortalecido das atuais escaramuças e quem marcha para um fracasso retumbante e para o fim da hegemonia que herdou dos campos de batalha da segunda guerra mundial. (por Celso Lungaretti)  

2 comentários:

Anônimo disse...

Resenha do livro
Carlos Rojas. ¡Muera la inteligencia! ¡Viva la muerte! Salamanca, 1936
https://kb.osu.edu/server/api/core/bitstreams/6ff8cf0c-ae5a-570e-b048-5c52a578a4ab/content

Anônimo disse...

Sei não! Esse Donaldo é um maluco muito 'extranho'
https://substackcdn.com/image/fetch/w_1100,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F85252528-4165-4dc7-a3de-f9108d7bc023_601x188.jpeg

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