quarta-feira, 30 de outubro de 2024

MESMO QUE VINI JR. GANHASSE A BOLA DE OURO, A REDENÇÃO DO NOSSO FUTEBOL CONTINUARIA UM SONHO DISTANTE

E
u tinha sete anos quando a seleção brasileira de futebol, com uma campanha exuberante nos gramados da Suécia, conquistou pela primeira vez a Copa do Mundo da Fifa, reduzindo a pó o complexo de vira-lata que parecia  fazer as chuteiras dos nossos craques pesarem,  nos grandes momentos, tanto quanto aquelas bolas e correntes afixadas antigamente nos tornozelos de presidiários. 

O escrete que desperdiçara seu acentuado favoritismo na decisão do Mundial de 1950 contra o Uruguai em pleno Maracanã, deu a volta por cima com o desempenho mais espetacular de um selecionado nas partidas finais da Copa em todos os tempos, vencendo semifinal e final por idênticas goleadas de 5x2 contra a poderosa França e os anfitriões suecos.

Então, tendo passado praticamente a vida inteira sem a incômoda convivência com o complexo de vira-lata no futebol, causa-me muito desgosto vê-lo voltar com tudo nos dias de hoje, quando comentaristas esportivos, torcedores e famosos bicões transformaram a outorga a Vinícius Jr. da bola de ouro da revista France Football numa questão de orgulho nacional.

Os latidos dos vira-latas, desta vez, foram ensurdecedores, como se a colocação de tal troféu na estante do jogador do Real Madrid fosse compensar as cinco Copas de seleções e os onze Mundiais de clubes que o Brasil passou em branco desde o pentacampeonato da amarelinha em 2002 e o bi do Corinthians em 2012. Nunca demos tamanha importância à Ballon d'Or.

Como detesto essas ondas de tendenciosidade patrioteira, esclareço que:
– numa temporada de vacas magras, Vinícius Jr. se destacou mesmo um pouco mais do que Rodri, mas a premiação do volante espanhol do Manchester City não foi nenhum absurdo, até porque ele manteve a mesma excelência atuando em clube e seleção, enquanto o brasileiro até agora  não fez sequer por merecer a titularidade no escrete
Malcolm X e Muhammad Ali, amigos e titãs na luta contra o racismo.
– injustiças maiores, e que estão sendo esquecidas pela imprensa, foram as vitórias de Cristiano Ronaldo em 2013 e Luka Modric em 2018. O primeiro caso levantou inclusive fortes suspeitas de manipulação, pois o CR7 ganhara a bola de ouro apenas em 2008, enquanto Lionel Messi vinha de quatro conquistas consecutivas, entre 2009 e 2012. Se premiassem o gênio argentino como merecia, o placar passaria a ser de 5x1, atrapalhando os planos dos mercadores do futebol, para os quais convinha criar uma lucrativa aparência de competição entre ambos, 

Quanto ao racismo, é uma faca de dois gumes, pois antes não havia precedente de tamanha bronca na Espanha contra craques negros como nossos dois Ronaldos. Só o cai-cai Neymar e agora o Vini Jr. despertaram ojeriza tão acentuada. Será por causa da cor da pele ou da humilhação que ambos impunham a seus adversários com firulas e dribles desnecessários, por muitos considerada uma atitude anti-esportiva? 

O Lamine Yamal, que parece destinado a tornar-se um craque de prateleira superior à do ex-flamenguista, acaba de declarar que ouviu insultos racistas no estádio Santiago Bernabéu, não deu a mínima e respondeu ajudando o Barcelona a golear impiedosamente o Real Madrid: 4x0. 
Yamal: personalidade de adulto

Se o Viní Jr. tivesse uma cabeça tão boa quanto a desse menino de 17 anos que já brilha no Barcelona e na seleção espanhola, atingiria os racistas de forma muito mais dolorosa do que mendigando providências de autoridades.  

Alguém deveria aconselhá-lo a mirar-se no exemplo de Muhammad Ali, o esportista que piores retaliações sofreu dos racistas mas nem assim foi atrás da boa vontade dos brancos. 

Respondeu com seu talento e sua coragem, conquistando uma vitória que parecia impossível na maior luta de boxe do século passado. 

Com isto, recuperou o título mundial do qual o haviam privado sob pretexto infame, pois obrigar alguém a participar de uma guerra contrária a sua crença religiosa é uma atitude digna de ditaduras, tão repulsiva que dificilmente estadunidenses recorreriam a ela contra alguém que não fosse o Muhammad Ali. (por Celso Lungaretti)

2 comentários:

Anônimo disse...


Jesse Owens foi o responsável por calar Adolf Hitler, que pregava a supremacia ariana, ao ganhar quatro ouros nos jogos olímpicos de Berlim/1936.
Depois, sofreu racismo nos EUA!
É pacabá!!!
***
Se considerarmos que a ancestralidade é uma progressão geométrica de razão 2, mesmo considerando a consanguinidade, trinta gerações atrás teríamos, no mínimo, 45.000 n-avós.
Pureza racial é uma falácia desmentida por uma conta aritmética simples.
***
O Ego não deixa o racista pensar.
*
Aliás serenidade e humildade são boas o tempo todo.
***
SF
***

Anônimo disse...

https://aterraeredonda.com.br/o-vacuo-deixado-pela-esquerda/

https://outraspalavras.net/crise-brasileira/haddad-e-o-fmi/

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