Recebi um email do Departamento de Filosofia da UFMG, onde fiz da graduação ao doutorado, informando a respeito da ativação de catracas em todos os locais de acesso da Faculdade à qual o curso pertence.
Desconheço estudos a respeito da efetividade de tal medida para a segurança - os números por alto que vi mostravam índices de violência praticamente idênticos em prédios com ou sem tais barreiras -, mas de uma coisa eu tenho certeza: do quanto as catracas servem para segregar ainda mais as Universidades Públicas da sociedade brasileira.
A maioria esmagadora da população brasileira não possui a mínima ideia da natureza das universidades públicas. Muitos até mesmo acreditam serem elas pagas. Sobre esse ponto, eu mesmo já tive inúmeras experiências com pessoas me perguntando quanto eu pagava de mensalidade por estudar na UFMG, tendo de encarar a surpresa do inquiridor quando respondia ser ela totalmente gratuita.
Em outras ocasiões, conversando com frequentadores populares do antigo Mineirão, pois o novo não é mais do povo, ouvia deles o desconhecimento de onde ficava localizada a Universidade, mesmo sendo ela literalmente ao lado do estádio.
As Universidades Públicas brasileiras não fazem parte do dia a dia do povo brasileiro, sequer da maioria dos universitários brasileiros, pois mais de 70% dos graduandos nacionais estão em faculdades particulares, muitas das quais de nível altamente duvidoso.
Diante deste quadro, a cada corte de gastos ou ação obscurantista, apenas a comunidade universitária e seus egressos se levanta para protestar, ficando o restante da população na absoluta indiferença.
Em 2013, a ordem era queimar todas as catracas |
Não poderia ser diferente em uma sociedade governada pela mercadoria e pelo interesse privado. Marx já salientava, na Questão Judaica, ser a segurança o princípio mais sagrado da sociedade burguesa, estando todos os demais direitos submissos a ele.
Deste modo, a universidade apenas mostra mais uma vez sua natureza de instituição burguesa, mas em profunda crise em um país cuja base econômica neoextrativista vai se enraizando de forma acelerada, transformando toda ciência e todo o saber em supérfluo.
Muito longe estamos da universidade necessária sonhada por Darcy Ribeiro. (por David Emanuel Coelho)
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