quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

VIAJE NO EXPRESSO DO HORROR E DESCUBRA SE SATÃ É UM EXTRATERRESTRE

Por sugestão do carioca Hebert, nosso leitor e comentarista de longa data, disponibilizo 
O expresso do horror (1973), filme que conquistou um grande contingente de apreciadores quando, no século passado, era reprisado à exaustão nas sessões trash da TV brasileira.

Eu o vi ainda no cinema e, confesso, não me entusiasmou. Porque a presença dos dois principais astros da Hammer, Peter Cushing e Christopher Lee, me fez crer que se tratasse de mais um dos títulos dessa notável companhia britânica que reergueu o gênero terror depois que ele praticamente morrera nos EUA. 

Como não tinha o estilo gótico inconfundível da Hammer, fiquei decepcionado. Agora, graças à internet, sei muito mais a seu respeito. Inclusive que deve ter havido mesmo uma intenção de aparentar alguma ligação do filme com a Hammer, que já estava decadente mas era uma marca consagrada.

Tratou-se de um projeto com baixíssimo orçamento e muita criatividade, em que o diretor espanhol Eugenio Marin mostrou ser um bom artesão, capaz de disfarçar a precariedade de recursos e entregar filmes que prendiam a atenção dos espectadores, embora fossem esquecidos logo à saída do cinema.

O sucesso televisivo brasileiro provavelmente se deve ao fato de Telly Savalas, então um mero coadjuvante, pouco depois ter começado a bombar como Kojak, o inspetor careca que sempre chupava pirulito, numa série que se estenderia por por cinco temporadas e 116 episódios. 

Tanto no cinema quanto na TV e no VHS, promovia-se
O expresso do horror como se Savalas tivesse uma participação equivalente às de Peter Cushing e Christopher Lee, o que nem de longe acontecia.

Os interessados em mais detalhes os encontrarão aqui. Trata-se de uma extensa e impecável análise do Rodrigo Carreiro, que tentava ser crítico de cinema e acabou professor da sétima arte na Universidade Federal de Pernambuco. Sua avaliação foi esta:
"...a relativa despretensão do longa-metragem o deixa livre para realizar um coquetel alucinado de gêneros, sem muita preocupação com verossimilhança. 
É daí que vêm os diálogos bem-humorados, as pitadas de ficção científica e a interessante teoria religiosa que permite a interpretação de que Satanás pudesse ser um extraterrestre. 
No todo, o filme acaba funcionando, mesmo que às vezes pareça um samba do crioulo doido e desde que o espectador não espere encontrar uma obra-prima"
 

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails