quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

ENQUANTO TOMA CONTA DA FAIXA PARA O PRESIDENTE, O FLANELINHA DIZ TOLICES – 2

(continuação
deste post)
Após criticar o TSE, o Boçalnaro disse que "estamos vendo, dia a dia, absurdos acontecerem", sem explicitar quais seriam tais absurdos. Não passou, portanto, de um reforço da cantilena com a qual induziu dos seus apoiadores a dizerem aquilo de que não têm certeza. 

Será que está se referindo ao questionamento das urnas que elegeram governadores, senadores, deputados federais e estaduais das suas hostes em grande número?

Ou alude à punição de quem bloqueou estradas com caminhões, tolhendo o direito constitucional de ir e vir?

Ou, ainda, se tratará de uma insatisfação com à multa aplicada a seu partido por ter levado à Justiça questões temerárias, sem provas, com o único intuito de tumultuar e questionar parcialmente o resultado eleitoral (dizemos parcialmente porque, no 1º turno, o PL se queixou das urnas)? 

"Nós sabemos o que aconteceu nesses quatro anos... nós lutamos pela liberdade até dos quem nos critica", continuou.

Também nós sabemos o que aconteceu e isso nos muito infelicita, pois:
— somos campeões de mortes por covid em números relativos e terceiros em números absolutos, com quase 700 mil mortes admitidas oficialmente, por conta da negação da necessidade das vacinas e da sabotagem governamental na compra destas;
— regredimos no ranking da economia mundial, da  8ª posição para a 12ª;
— tivemos crescimento pífio do PIB;
— o desmatamento avançou na Amazônia e órgãos de fiscalização ambientais foram desmantelados; 
— desmantelaram-se, igualmente, entidades de defesa dos silvícolas, bem como órgãos culturais, de direitos humanos e de gênero;
— vimos, estarrecidos, um autoproclamado outsider reassumir seu tradicional engajamento  ao fisiologismo político do centrão e praticar a mais descarada compra de votos já praticada no Brasil, tendo como principal instrumento o orçamento secreto que contemplou emendas parlamentares sem clareza de destinação e uso;
— a pasta da Educação foi devastada por cinco ministros inaptos e/ou ineptos, sendo o último deles flagrado numa maracutaia com pastores evangélicos;
— vimos um ministro das Relações Exteriores se transformar em ministro do isolamento exterior;
— vimos um ministro da Justiça, outrora paladino do combate à corrupção, exonerar-se do cargo denunciando a conivência governamental com o aparelhamento da máquina governamental policial e controle administrativo de órgãos de combate à corrupção;
— assistimos aos aumentos dos preços dos alimentos se tornarem insuportáveis para uma população que tem neste item alta percentagem dos seus gastos de orçamento doméstico.

Por fim, será que os boçalnaristas entendem o que significaria o alegado respeito dele à defesa da liberdade até de quem nos critica? Pois fazem o oposto, agredindo em lugares públicos, de forma acintosa e injuriosa, a imprensa, os adversários políticos, autoridades constituídas, etc. 

"Por que, meu Deus, o que eu fiz para merecer essa cadeira da presidência... que é sacrificante para o meu corpo?– choramingou ele, como se tivesse recebido um pesado fardo. 

Deve ter apostado no esquecimento de quantos o ouviram, no passado, declarar-se contrário à reeleição, pois tudo fez para carregar o mesmíssimo fardo por outro quadriênio e ficou desvariado ao receber do eleitorado o merecido chute no traseiro. 

Dizem que a mentira tem pernas curtas, mas, no no que lhe diz respeito, elas são, ademais, atrofiadas.

"Quem decide o meu destino são vocês. Quem decide o destino das Forças Armadas são vocês.Ora, o povo já manifestou sua decisão nas urnas, optando majoritariamente por outro candidato. 

Mas, Boçalnaro  somente considera povo os seus adeptos. Isto é próprio dos ditadores. 

Fica implícito na frase sobre a definição pelo povo da função das Forças Armadas (função esta já definida na constituição burguesa) o desejo de obter apoio popular para um golpe militar, de resto uma possibilidade só existente na sua mente perturbada, pois os altos escalões militares não demonstram nenhuma intenção de embarcarem nesta canoa furada.  

"Nunca vi o povo se manifestar para um presidente ficar..." Mas, o povo ao qual ele está se referindo nada mais é do que aqueles alucinados em vigília diante de instalações militares, parcela infinitesimal dos 58 milhões de eleitores que votaram nele no 2º turno, por motivos os mais diversos.  E os 60 milhões que o rejeitaram, onde é que ficam?

Boçalnaro
costuma magnificar o apoio recebido dos que lhe são favoráveis, sem considerar o peso dos mesmos no conjunto da população brasileira. 
Foi com base nessas análises parciais que trombeteava antecipadamente vitória nas eleições e criticava os institutos de pesquisas estatísticas idôneos. Levava em consideração apenas aqueles que estavam a seu serviço. 

"Não está nada perdido... só com a morte... vitória nas quatro linhas da constituição... dou minha vida pela pátria... vamos fazer a coisa certa... vamos vencer..." Foram suas últimas palavras, endereçadas a uma pequena multidão que ansiava por falas mais objetivas de virada de mesa. 

Enigmático, o candidato derrotado nas eleições deixa no ar a esperança cada vez mais distante de um levante armado antes da posse de Lula, mesmo tendo todas as suas tentativas anteriores de autogolpe flopado solenemente. 

Sei não, mas acho que os seus seguidores brocharam com esse tipo de discurso dúbio, que ora bate e ora assopra. (por Dalton Rosado) 

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