Pelé foi rei, hoje Messi é, amanhã outro será |
Ao acrescentar à liderança técnica que sempre exerceu uma postura guerreira de verdadeiro comandante e motivador de homens, tornou-se o coração, alma e cérebro do escrete alviceleste.
Se realmente desistir de disputar o Mundial de 2026, já tem como herdeiro Mbappé, a combinação perfeita de atacante: técnica apurada, velocidade e força.
Quanto a Cristiano Ronaldo e Neymar, foram reduzidos às suas verdadeiras dimensões, um ótimo finalizador (e nada além disto!) e um jogador que até tinha potencial para voos altos, mas desperdiçou-o com estrelismo e criancices, sempre preferindo ser celebridade a atleta.
Vale, ainda, uma recomendação aos comentaristas esportivos que insistem em repetir como papagaios ou discos antigos riscados que Pelé foi, é e sempre será o rei do futebol.
Não existe ninguém assim, em setor nenhum da atividade humana. A História nunca termina e ninguém, absolutamente ninguém, é insuperável.
Pelé foi o maior nome do futebol do século passado, que tinha diferenças gritantes com relação ao hoje praticado. Messi é, por enquanto, o melhor do século atual. Amanhã outro será.
Eu vi ambos atuarem e estou convicto de que nem Messi seria um fenômeno se jogasse naquele tempo, nem Pelé o seria nos dias de hoje. As comparações são inconsistentes, meros desperdícios de tempo e de palavras.
Além de servirem como falso consolo para a decadência recente do futebol brasileiro, que hoje só tem mesmo nível para chegar às quartas-de-final de uma Copa do Mundo.
Quanto aos hermanos argentinos, palmas para eles! Conseguiram tornar um pouco menos indigesto o chocolate europeu no século 21. Agora o placar é só de 4x2 para o velho mundo contra nosotros latino-americanos.
Foi assim que aprendi a contar com meu pai, quando criança: nós, os pobres das Américas, contra eles, os ricos da Europa. Fechamos o século passado empatados em 8x8 e no atual a diferença em nosso desfavor disparou, chegando a ser de três títulos, a maior de todos os tempos.
Isto se deve a serem grãos senhores e nós termos virado autênticos vira-latas?
Não. É por causa da enorme disparidade econômica, que aumenta cada vez mais, e também do pulo do gato que eles deram, ao acolherem em suas seleções quaisquer futebolistas de outros continentes que lá atuem e optem por adquirir dupla nacionalidade.
Mesmo assim a Argentina os derrotou. E jogando melhor!
Não foi, como o Corinthians na última vez (2012) que os superamos num Mundial de Clubes, resultado de um esquema cauteloso e dos milagres de um grande goleiro.
Apesar de a decisão ter-se dado na loteria dos pênaltis, o selecionado alviceleste fez por merecer a vitória, tanto no tempo normal quanto na prorrogação.
Então, se os brasileiros quisermos voltar a ser Davis atrevidos afrontando os Golias presunçosos, a Argentina mostrou que isto ainda é possível.
Mas, precisamos de humildade para identificar tudo que está errado e coragem para tomar as providências necessárias, mesmo que isto implique contrariarmos interesses de poderosos daqui e de lá.
Se não, o jeito é assumirmo-nos mesmo como vira-latas... (por Celso Lungaretti)
6 comentários:
Aquele velho ranço, Celso, de corintiano da velha guarda, ressentido e com recalques indeléveis recônditos no inconsciente e causados pelo Negão. Pelé disse love, love, love. Como dissera aquela velha (na pior acepção do vocábulo!) ministra de triste lembrança: "Relaxa e goza". Sempre que tu escreves algo relacionado ao Pelé, não consegues esconder esse ranço, Celso.
Menos, companheiro, menos!
Apenas atravessei toda a carreira dele ouvindo excesso de oba-oba. Enche o saco.
E, como todos tendemos a nos identificar com quem mais parece conosco, meus preferidos são os jogadores cerebrais como Cruyff, Sócrates e De Arrascaeta e não os intuitivos como Pelé, embora abra exceção para o inesquecível Mané, a alegria do povo. Quem o viu fazendo diabruras com aquela perna bem mais curta do que a outra não esquece jamais.
E o que tenho de pessoal contra o Pelé não é ter sido jogador do Santos e contribuído para o longo tabu, mas sim ele ter resistido a sucessivos e dramáticos apelos para disputar o Mundial de 1974, usando sempre a justificativa de que havia se despedido do escrete e estaria enganando os torcedores que compareceram às partidas de despedida caso voltasse atrás.
Quando ele mandou essa desculpa esfarrapada para o espaço, voltando aos gramadas para ganhar um punhado de dólares no Cosmos estadunidense, as críticas ressurgiram com força total, afinal ele havia também se despedido do Santos e não resistiu ao chamado da grana.
Então, ele trocou de desculpa esfarrapada: disse que em 1974 não quis jogar para não ser cúmplice da ditadura militar. Só esqueceu que o período mais terrível daquela ditadura foi exatamente 1970, quando ele nem tocava nesse assunto. 1974 foi um ano em que o terrorismo de Estado já arrefecia.
Como conhecia bem a cabeça dele (afinal sou paulista e aqui o Pelé sempre foi notícia), sempre soube o motivo real de ele não ter jogado o Mundial de 1974: o orgulho desmesurado de sua trajetória (tanto que se referia, nas entrevistas, a si próprio como Edson e ao jogador como Pelé!!!) e o receio de que não venceríamos tal Copa.
Em 1970 ele tinha fechado com chave de ouro sua participação no escrete. Não quis correr o risco de vestir de novo a camiseta canarinho e sair como fracassado.
Maradona fez exatamente o contrário, voltou sem reais condições físicas e fez tudo que pôde para salvar a seleção alviceleste. Admiro-o por isso.
Quanto ao Pelé, desprezo-o por sua leviandade ao usar uma luta que destruiu tantos dos meus estimados companheiros como mero papo furado para tentar sair da saia justa a que sua vaidade e sua ganância o conduziram.
Para mim isso foi indesculpável.
Se Pelé não foi, digamos, exemplo fora de campo, outros também não o foram. Vamos nos ater àquele escrete de 70. O garoto do Parque? Gérson? Tostão? Carlos Alberto? Enfim...Qual deles, pelo menos, balbuciou algo contra a repressão na época? Muito pelo contrário! Apertaram a mão do maior assassino do Brasil e ganharam um fusca do maior ladrão do Brasil. Ah, e a carreira futebolística do Negão não tem excesso de oba-oba, não! Percebo muito esse ranço em corintianos da velha guarda. O tal de Datena é um. Certa época, gritava e se esgoelava, em seu pastiche de programa, de que havia surgido alguém melhor do que o Pelé. Segundo ele, era o Ronaldinho rsrsrs. Depois de um tempo, "inexplicavelmente" (pausas para gargalhar), parou com a sandice.
Oi Celso, tudo bem por aí?
Desde já, desejo a saúde a você, e aos seus!!
Quanto a partida de ontem, a impressão que fica é:
ninguém cedeu um milímetro, diante das dificuldades
do placar adverso, assim como alguém determinado,
buscando todas as alternativas para a vitória,
seguindo aquele ditado: "a única coisa para a qual
não se tem remédio, é para a morte".
Quanta a Messi, a vitória de ontem, só o enobrece,
e faz a gente ter ainda mais carinho por Ele.
A Copa resolveu homenageá-lo, o que infelizmente
não aconteceu nem no caso do meu "Galinho de Quintino",
nem do seu "Doutor".
Quanto a postura de todos os atletas na final, a impressão
que fica, é que a postura geral, vai muito além do futebol.
Vai da formação, da maneira que foram educados, da cultura,
que se reflete na postura. Hoje como sabemos, a cultura descartável,
quer se impor, e quer porque quer, ser levada a sério, e tudo aquilo
que serve pra desmobilizar, e tirar de foco.
As influências nocivas estão aí, mas pelo que parece, isso tudo
acaba sendo deixado de lado para alguns, ao contrário de certos povos,
de mentes permeáveis. As gerações dos últimos 20 anos (sem saudosismo),
vem sendo doutrinadas pela subcultura, usada como ingrediente de sucesso,
a overdose de informação sem filtro, é tida como verdade absoluta,
de quem se acha muito "antenado(a)", e dane-se quem discordar.
A subcelebridade do momento, é sempre um exemplo a ser seguido,
e quem questiona o pretenso astro, é "agraciado" como o seguinte argumento:
"Conquistei meu espaço, falou tio? Se você não gosta, fica na sua, tá ligado?".
Influenciador digital (aquele que não presta serviço útil a ninguém),
é um "filosofo que sabe pouco, nenhuma vivência ou prática,
mas ensina a quem sabe menos ainda. Talvez seja algo a se pensar,
que vá muito além do País do futebol, se é que ainda merecemos este título.
Forte abraço do Hebert.
Anônimo das 15h55,
nunca cobrei de jogador nenhum que se manifestasse contra a ditadura. O que não aceitei é o Pelé, que nunca deu a mínima para o que acontecia nos porões, vir utilizar isso como justificativa para não ter atendido aos clamores generalizados e aceitado jogar o Mundial de 1974.
A resistência à ditadura foi uma luta terrível, na qual muitos companheiros abnegados e valorosos entregaram a vida. Utilizá-la como desculpa fajuta de mau pagador foi um insulto à memória deles.
Foi apenas isto que me indignou. Se tivesse inventado outra lorota para sair do mato sem cachorro no qual se meteu, eu não diria uma palavra.
Mas o Pelé foi mexer com algo muito maior do que ele próprio e seus probleminhas financeiros (estava querendo compensar os prejuízos que tivera com o Café Pelé e foi por isso que se prestou ao papel de garoto-propaganda do futebol nos EUA).
Abs!
Não Hebert, não dá mesmo para continuar chamando o Brasil de país do futebol. Quando era, a música do Milton Nascimento refletia a pura realidade: "Brasil está vazio na tarde de domingo, né? / Olha o sambão, aqui é o país do futebol".
Hoje vejo poucos jovens assistindo às partidas dominicais nos bares, estão é nos shoppings ligados noutras atrações da sociedade de consumo,
Quanto aos tais influenciadores, são o fundo do poço. Espertalhões posando de sabe-tudos. Antes eles faziam horóscopos, como o Olavo de Carvalho. Agora dão conselhos para os eternos infantilizados, que não assumem a responsabilidade por suas próprias vidas.
Zico e Sócrates foram magníficos craques, como também Cruyff, Maradona, Puskas e alguns outros. Mas, o Mestre está mesmo acima de todos e é tão importante nos dias atuais quanto foi Pelé na segunda metade da década de 1950 e durante a década de 1960 inteira.
Curiosamente, o Messi ganha de todos quanto à duração do seu apogeu, apesar de o futebol de hoje exigir muito mais dos atletas que o do passado. Mas ele aprendeu a compensar a perda de explosão física com truques como ficar só andando durante vários minutos e depois dar tudo que tem numa arrancada fulminante; ou cumprir mais o papel de garçom que o de finalizador.
É muito mais inteligente do que parece. Tanto que, na minha opinião, essa sua nova versão "guerreira" deve ter sido apenas algo que ele achava necessário na Copa e não uma emoção sincera.
E colou, ajudando-o a alcançar o grande objetivo de botar a taça principal que faltava na sua estante.
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