domingo, 13 de novembro de 2022

COP-27 RECEBERÁ COMO HEROI DO CLIMA UM VILÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA

eliane cantanhêde
BRASIL RECUPERA IMAGEM E PROTAGONISMO
AMBIENTAL,  JOGADOS NO LIXO  NOS ÚLTIMOS 4 ANOS
A ida do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva à COP-27 nesta semana tem vários objetivos estratégicos, num mar de simbologia. 

Lula volta por cima ao cenário internacional, depois de dois mandatos e da prisão, e o Brasil recupera o protagonismo na preservação ambiental e sua imagem no mundo, jogados no lixo nos últimos quatro anos. Volta a brilhar, deixa de ser pária internacional.

Já no discurso da vitória, Lula deixou claras suas prioridades, como desenvolvimento, miséria e fome, questão climática, desmatamento zero e povos indígenas, questões não apenas desprezadas, mas ativamente atacadas na era Jair Bolsonaro – que nem sequer se dignou a ir à COP-26.

É isso que o mundo desenvolvido quer ouvir, é isso que Lula vai dizer no Egito, embalado por manifestações animadoras de Joe Biden e acenos claros – e aliviados – de parceiros tradicionais, como Alemanha, França e Noruega, que anunciam a volta ao Fundo da Amazônia.

Com Marina Silva e Izabella Teixeira, Lula vai lembrar que, na
era PT, o Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a assumir metas de redução de CO2, a se comprometer com um fundo para países vulneráveis, a atingir a maior redução de emissões de CO2 e 80% das áreas protegidas criadas no mundo de 2003 a 2008.

Mas assumirá também compromissos com o futuro, para recuperar os quatro anos perdidos e retomar os avanços para a sobrevivência do planeta. Não falará para a
bolha ambientalista (que Bolsonaro, seus generais, diplomatas e olavistas acusam, pateticamente, de ser mero instrumento do comunismo mundial). Falará para o mundo.

Incluem-se, aí, os fundos investidores internacionais, que surpreenderam com nota contra a política, ou antipolítica, de Bolsonaro para a Amazônia. Nenhum país democrático, investidor sério e conglomerado responsável põe dinheiro e negocia com depredadores do ambiente. Preservar florestas, terra, mar e ar não é utopia, é pragmatismo, é vida.

Last, but not least, Lula leva a bordo Fernando Haddad, com assento garantido no voo e no governo. Sua assessoria o imaginava no recriado Ministério do Planejamento, o mercado e os economistas o temiam na Fazenda e Celso Amorim talvez tenha de assimilar alguém fora da carreira diplomática no Itamaraty. Sim, Haddad é cotado para chanceler. A ver.

Lula vai à COP, mas os problemas de arrumação continuam densos e intensos. Afinal, democracia é assim: divergências, busca pelo consenso, confronto de ambições. E, se Bolsonaro tem de saber perder, o PT precisa aprender a vencer. 

Até porque o novo governo é de união nacional. Ou não? (por Eliane Cantanhêde)

TOQUE DO EDITOR – Cantei esta bola: o Lula passará, pelo menos, 2023 inteiro surfando numa popularidade fácil, ao desfazer as insanidades, injustiças e lambanças que o Bozo cometeu. 

A porca vai começar a torcer o rabo em 2024 ou 2025, quando não conseguir entregar a retomada do desenvolvimento econômico com que tanto sonham os brasileiros em geral.

Concordo em quase tudo com a Eliane, mas não quanto ao lugar certo para o Haddad. O mais apropriado seria um Ministério da Torre de Marfim (com a vantagem adicional de que aí o Lula talvez não teimasse mais em impingi-lo ao eleitorado, após três acachapantes derrotas consecutivas).

E é paradoxal o Lula, que quer porque quer aumentar os investimentos na Petrobrás e não suporta nem ouvir falar em mudança da matriz energética, ser visto como um salvador das florestas, dos bichos e do oxigênio.

Ele não passa de um fã ardoroso (o termo cai bem...) dos apocalípticos combustíveis fósseis, que podem aquecer o planeta até estarmos todos grelhados e/ou sofrendo as catástrofes do aquecimento global. (por Celso Lungaretti)  

3 comentários:

Anônimo disse...

Porra, Celso, Tucanhêde?! É dose pra mamute!Usar posições dessa nefasta como argumento de autoridade é fim de carreira, literalmente!

celsolungaretti disse...

ARGUMENTO DE AUTORIDADE?! Nada a ver. Pouco me importa se o mundo inteiro está a favor ou contra o que escrevo, então esse jamais é um motivo que influencia a escolha de textos alheios para esta tribuna.

Trago para o blog artigos alheios que considero inteligentes e esclarecedores, apenas isto. Não gosto de desperdiçar meu tempo escrevendo a mesma coisa que outros já escreveram satisfatoriamente.

Mas, nem sempre concordo com tudo que eles dizem. É bem frequente eu acrescentar, no final, meus toques como editor, que servem de contraponto a alguns posicionamentos.

Quanto a porventura ela ser tucana, pouco se me dá, desde que o texto dela seja jornalisticamente válido.

A Eliane não é revolucionária, nem o PT. Então, não deixo de publicá-la, da mesma forma que não excluo o Ricardo Kotscho. Ambos são grandes jornalistas. Ambos são sociais-democratas ou reformistas, jamais anticapitalistas como eu.

Nunca praticarei o ad hominem como editor deste blog. Avalio os textos, não a assinatura.

E, claro, para mim os textos que defendem o autoritarismo e/ou o capitalismo são péssimos em todos os sentidos, então a esses não publico. Simples assim.

Anônimo disse...

"Republicanismo" de mais custa caro, hein?!

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