sexta-feira, 21 de outubro de 2022

A ENTROPIA AVANÇA, COM O ESTADO BRASILEIRO SEMEANDO O CAOS

eliane cantanhêde
LULA MANTÉM SÓLIDOS 49%. BOLSONARO OSCILA, MAS NÃO
DISPARA, NÃO DESPENCA E NÃO TEM PARA ONDE CORRER
O
ex-presidente Lula segue favorito, com sólidos 49% de intenção de votos nas três pesquisas Datafolha do 2.º turno, e os ventos em segmentos importantes ainda não são prenúncio de uma tempestade perfeita contra ele.

Tais ventos, porém, empurraram o presidente Jair Bolsonaro para a frente em todas as regiões, exceto o Nordeste, animando a campanha bolsonarista e acendendo sinal amarelo na petista.

Sobram apenas 4% de brancos/nulos e 1% de indecisos, o menor índice já registrado nas eleições. Logo, a margem para Bolsonaro virar o jogo é muito reduzida, aritmeticamente insuficiente, e ele precisa tirar votos de Lula, quebrando a muralha dos 49%.

Após entrar no tudo ou nada ao usar o Congresso para implodir a lei eleitoral e a responsabilidade fiscal, impunemente, e despejar R$ 41 bilhões do dinheiro público para comprar votos, ele não parou mais.

No dia seguinte ao 1.º turno, anunciava o 13.º do auxílio Brasil para mulheres e a antecipação geral do benefício para dias antes da eleição. Depois, o empréstimo consignado para famintos e, agora, a antecipação também do auxílio para caminhoneiros e taxistas. 

Não é mais só o Planalto, mas o Estado brasileiro a serviço de um candidato, desvirtuando a igualdade de condições e a compostura republicana. 

Governo e bancos públicos servem como comitês de campanha e instrumentos de coação, deixando uma bomba fiscal para 2023. Algo nunca visto.

Há também o reforço dos pastores Brasil afora e a rede de patrões adaptando currais eleitorais à era digital: ou vota no meu candidato ou rua!, gravou um produtor rural bolsonarista na Bahia. Flagrado, disse que era só brincadeirinha. 

São mais de 720 denúncias, em todas as regiões, de ameaças que humilham, tiram a cidadania, desvirtuam a eleição e a democracia. São isoladas? Individuais?

Com tudo isso, Bolsonaro só oscilou um ponto para cima nos votos válidos e os ventos favoráveis vêm dos segmentos: tem 40% entre quem recebe auxílio Brasil e uns pontinhos a mais na espontânea, entre homens e os que ganham mais. 

Não afeta o favoritismo de Lula, mas produz medo, que se propaga rápido e inverte a percepção de quem é, de fato, mais forte. Muitos eleitores votam no mais forte.

Assim como não deslancha com a máquina e as ameaças, Bolsonaro tem incrível resiliência depois de Círio de Nazaré, Aparecida, nordestinos analfabetos, pintou um clima, Lula estacionou em possantes 49% e tempestades perfeitas acontecem, mas não estão no horizonte.

Tudo depende do Sudeste (particularmente de Minas), do debate da TV Globo dois dias antes da eleição e... de bombas armadas na surdina. (por Eliane Cantanhêde)
.
TOQUE DO EDITOR – O cenário é simplesmente desalentador. Significativa parcela da classe dominante faz um esforço descomunal para impor a reeleição do pior presidente da nossa História e maior exterminador de brasileiros em todos os tempos, não hesitando nem em desmoralizar a democracia burguesa que seria de sua conveniência preservar, nem semear o caos.

Mas, o tempo do coronelismo já se foi e, dada a absoluta falta de sustentabilidade econômica de um novo governo do pária mundial, se esses fanáticos alucinados obtiverem sucesso na sua faina, marcharemos inevitavelmente para uma explosão social de consequências imprevisíveis. 

Por mais paradoxal que aparentasse ser, tinha tudo a ver a identificação de Jair Bolsonaro com Vladimir Putin: são os governantes atuais que mais ultrapassam todos os limites da racionalidade para se manterem no poder, reduzindo seus países a terras arrasadas.
(por Celso Lungaretti)
"Não é mais possível esta festa de medalhas, este feliz aparato de glórias,
esta esperança dourada no Planalto! Não é mais possível esta festa
de bandeiras, com guerra e Cristo na mesma
posição! Assim não é possível!" 

2 comentários:

william orth disse...

Bom dia. Lula deve se eleger, na minha opinião já ganhou. O problema é quantidade de votos de Bolsonaro ,extremamente alta. Extremíssima direita muito forte. Abraço.

celsolungaretti disse...

William,

se não houvesse a conivência do TSE com os crimes eleitorais em cascata cometidos pelo Bolsonaro (caberia, sim, a cassação de sua candidatura, mas os togados não têm peito para tanto) e o analfabetismo político, citado no poema célebre do Brecht, de contingentes substanciais do eleitorado brasileiro, o genocida estaria reduzido a uns 5% dos votos.

O Lula pode ganhar, mas a votação absurda que um desqualificado desses obteve é desalentadora.

Não vejo, contudo, perigo ultradireitista caso seja derrotado. Pois a força do Bozo estava na faixa presidencial e na lorota de que seria um mítico opositor do status quo e da política convencional.

Provou ser, isto sim, um covarde que amarela na hora de agir e um represente menor, insignificante, da velha e apodrecida política fisiológica.

Então, perdedor, dificilmente continuará sendo ele o líder da extrema-direita. Ele a decepcionou totalmente.

Hitler estava na linha de frente do putsch da cervejaria. Mussolini aparece em todas as fotos da Marcha sobre Roma. O Bozo, em dois 7 de setembros seguidos, convocou seu gado para o golpe e refugou vergonhosamente. O núcleo duro dos fascistas não o perdoará por isto.

Daí eu prever que os políticos eleitos pelo bolsonarismo se dispersarão por outras legendas oportunistas; quem oferecer mais, leva.

E a ultradireita deverá se reciclar, parindo outra liderança, mais condizente com o que ela pretende. Só lá por 2024 ela voltará a acumular forças.

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