sexta-feira, 27 de maio de 2022

TÃO INVISÍVEL ELE ERA QUE NINGUÉM O VIU MORRENDO NUMA CÂMARA DE GÁS

luís augusto simon
GENIVALDO, UM BRASILEIRO QUE ESTAVA NO PAÍS ERRADO
G
enivaldo era Confiança?

Ou Genivaldo era Sergipe?

Genivaldo era Flamengo desde criancinha? 

Ou Vasco? 

Palmeiras? 

Corinthians? 

Genivaldo era ponta? 

Ou zagueiro? 

Comia macarrão com arroz? 

Ou Genivaldo adorava uma moqueca? 

Genivaldo votaria no Bolsonaro? 

Ou era Lula roxo

Talvez, Ciro? 

Assistia a Pantanal ou jogava truco?  
Gostava de Kung Fu ou sonhava ser bailarino?

Queria ter um filho ou se alistar no Exército Vermelho? 

Se lambuzava com jaca ou pedia pra mulher fazer creme brulèe

Ninguém sabe. 

Genivaldo era um brasileiro invisível. 

Só ficou conhecido quando virou estatística. 

Mais um brasileiro morto numa abordagem policial. 

Genivaldo morreu numa câmara de gás em praça pública. 

Em Umbaúba. 

Estava na rua errada. Na hora errada. 

Como todos nós, estava num país errado. 

Como todos nós, algum dia pensou estar no
país do futuro

Estava no país distópico. 

No país do lodo. 

Descanse em paz, Genivaldo!
.
(por Luís Augusto Simon, o Menon do jornalismo esportivo)

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