sexta-feira, 8 de abril de 2022

LULA QUER DISPUTAR ROLETA RUSSA APOSTANDO AS NOSSAS CABEÇAS

O novo plano infalível do Lula não passa de uma
imitação extemporânea do escracho dos jovens
"Deputado tem casa. Eles moram numa cidade, nessa cidade tem sindicalista. 

Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas até a casa dele, não é para xingar, mas para conversar com ele, conversar com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Eu acho que surte muito mais efeito,"

Lula fez esta polêmica sugestão num evento da CUT, propondo tal linha de ação como alternativa à realização de protestos diante do Congresso Nacional, pois "isso não comove os políticos".

Previsivelmente, tanto a extrema-direita bolsonarista quanto a direita liberal deitaram e rolaram em cima da provocação lulista, assunto, p. ex., do editorial de O Estado de S. Paulo de 08/04, cujo título já diz tudo: Lula em estado bruto.

Já o comentarista Igor Gielow observou que Lula não consegue passar por uma casca de banana sem correr a pisar nela:
"Ora é a regulação da mídia, ora é a incapacidade de crítica a ditaduras amigas. Mais recentemente, houve a crítica direta aos militares, dizendo que retiraria quase 8 mil que estão na gestão do governo".
Deputado bolsonarista encenando a
farsa do valentão de gogó...
Na sequência veio a defesa do aborto, cujo timing foi tão inoportuno que Lula acabou sendo obrigado a recuar para cima do muro, dizendo-se, ao mesmo tempo, defensor do direito das mulheres a abortarem e pessoalmente contra o aborto.  Tais ziguezagues retóricos repercutem muito mal junto ao eleitorado.

Com inteira razão, Gielow disse que o diálogo de 50 com um proposto pelo Lula era um tipo de provocação "que drena sua energia da mesma fonte obscura que move os golpismos bolsonaristas".

Vou além: trata-se de uma puerilidade temerária, que fica no mínimo bizarra partindo de um sexagenário. O Lula incita o que fatalmente causará enfrentamentos e os fanfarrões bolsonaristas reagem exibindo as armas com as quais prometem receber aqueles que os forem escrachar. Faz lembrar as batalhas de pastelões na cara das comédias de um século atrás. 

E é tudo de que a esquerda brasileira não precisa neste ano já radicalizado e que marcha para a fervura máxima no quarto trimestre.

Se Lula queria exibir o muque, por que não o fez pessoalmente, comparecendo à infinidade de manifestações #ForaBolsonaro das quais se omitiu, uma por uma?

E se o que quer é mostrar valentia retórica, por que não honra o compromisso assumido pelo Partido dos Trabalhadores em 10/02/1979, no seu manifesto de fundação ("O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores")?
Hoje o cartaz no fundo talvez fizesse uma ressalva aos patrões companheiros...
Cadê o igualitarismo que estava ali? O oportunismo comeu?

Declarar-se favorável a uma sociedade sem explorados nem exploradores seria muito mais ousado do que insuflar brigas de torcidas organizadas. Mas, tanto quanto o Bozo, o Lula e o PT parecem propensos a substituir as propostas de governo por arranca-rabos e baixarias, talvez porque tanto um como outros nada tenham de novo e consequente para propor.

Fazendo uma campanha realmente de esquerda, mesmo que derrotados, acumularíamos forças para as batalhas subsequentes, porque a verdadeira guerra de quem quer transformar nossa sociedade injusta e desigual não acaba com a posse de um novo presidente, seja ele quem for.   

Mas, se trocarmos os ideais pelas porradas e pelos insultos, uma eventual derrota equivalerá para nós a uma perda total e nada há de restar para continuarmos lutando no dia seguinte. (por Celso Lungaretti) 

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