O CAPITALISMO É SEMPRE GUERRA

A guerra é invariavelmente a consequência última do capitalismo porque o capitalismo é sempre guerra. Thomas Hobbes já tinha visto isso de forma muito clara em sua teoria do estado de natureza.

Esquecemos de que estamos sempre em guerra uns com os outros no dia a dia. 

Esquecemos de que, quando conseguimos uma vaga de emprego, estamos indiretamente condenando o nosso concorrente ao desemprego e que o desemprego é o embotamento da vida, a falta de perspectiva e, no limite, a fome e a morte. 

Não consideramos o lado trágico deste combate mortal que travamos com o semelhante no cotidiano porque somos doutrinados a acreditar que não há guerra entre nós, mas, apenas, competição.

O futebol nos ensina que há perdedores e ganhadores, mas não que no chão duro da vida os derrotados perdem muito mais do que uma taça... 

Estamos em guerra para conseguir morar melhor e a preço barato, para conseguir pagar o transporte, para conseguir comprar comida. 

Quando você paga barato pelo Uber, você venceu uma guerra contra o motorista que lhe transporta. 

O empresário está em guerra com o trabalhador e este com o seu patrão na luta pelo valor do salário.

Não é preciso um conflito armado para trazer a devastação social

Novamente, Hobbes ensina: o que faz a nossa guerra não virar conflito aberto e destrutivo é a mão forte do Estado, mas quando a guerra atinge o nível de disputa entre povos, chegamos ao fato-limite de que não existe um Super Estado Mundial e aí a guerra pode se expressar plena e puramente em sua bestialidade.

Mas, não se engane: o que ocorre nos grandes campos de batalha é apenas uma versão macro e despudorada do que acontece em nosso microuniverso cotidiano. (por David Emanuel Coelho)