Foi exatamente às 11h16 de outro domingo, seis anos atrás, que o Dalton Rosado iniciou sua colaboração com este blog, com o post acima (acesse-o, completo, aqui).
Ele me mandara e-mail apresentando-se e oferecendo seus artigos; eu, como qualquer editor da minha geração, pedi que me enviasse algum texto. Gostando, publicaria, sem nenhum problema.
Gostei. Principalmente deste trecho:
"Democracia e república escondem no seu mais recôndito interior uma verdade que agora vem à tona deixando atônitos seus empedernidos defensores: elas são o sustentáculo de uma ordem social fetichista, injusta na sua essência constitutiva, economicamente segregacionista, sexualmente dissociada, etnicamente racista, humanamente xenófoba, politicamente nacionalista, e que, portanto, são antidemocráticas e anti-republicanas, se quisermos dar aos dois termos um sentido de busca do ideal de justiça".
E combinei com o Dalton os detalhes de uma colaboração permanente.
Parece que foi ontem, mas já se passaram seis anos. Tornamo-nos amigos e percebemos que, apesar da diferença de estilos (o dele, mais didático; o meu, mais inflamado), coincidíamos no que hoje é o fundamental: a firme postura anticapitalista, adversários ferrenhos que somos da conciliação de classes. Também coincidimos nas péssimas lembranças do PT.
Ele (vide aqui), por ter sido expulso, juntamente com a Maria Luíza Fontenele e outros destacados militantes petistas de Fortaleza, por se oporem a um conchavão imposto pela Direção Nacional: recusaram-se a abrir mão de indicarem o candidato a sucessor daquela pequena notável do nosso lado (a quem o partido deveria é ser muito grato por, pela primeira vez, haver conquistado uma prefeitura de capital). O objetivo era a viabilização de um acordo podre com outro partido.
Eu (vide aqui), por ter, em nome da solidariedade revolucionária, movido céus e terras para que a greve de fome dos quatro de Salvador tivesse desfecho favorável e aqueles companheiros dela saíssem sem danos físicos e/ou mentais. Os dirigentes do PT, contudo, preferiam que aqueles quatro militantes devotados mas inoportunos fossem para o diabo, pois poderiam prejudicar a imagem do partido nas eleições de alguns meses adiante. E, por ter ido buscar uma vitória na bacia das almas, fui qualificado pelo Ruy Falcão, juntamente com aqueles a quem protegi porque o PT se omitia, de cachorros loucos.
Noves fora, aqui era mesmo o lugar certo para o Dalton desenvolver o seu grande potencial como articulista, principalmente na divulgação de teses marxistas que os oportunistas tudo faziam e fazem para verem esquecidas, assim como para mostrar seu talento em outras áreas, como as crônicas, a ficção histórica e a música.
Hoje, ele é visto por nossos leitores como indissociável deste blog, pois ocupou como articulista um espaço que, por diferença de estilos, o David, o Rui e eu jamais preencheríamos com o mesmo brilhantismo (idem o já falecido Apollo Natali, cujo ponto alto eram as crônicas).
E, para o resto da equipe, é um companheiro em todas as batalhas e um irmão de todas as horas.
Que aos seis anos sigam-se outros seis... e mais seis para dar sorte! (por Celso Lungaretti)
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