Acompanho o futebol desde, pelo menos, 1960, então não acreditava que ainda veria novidades como o gol marcado nesta quinta-feira (2) pelo quase desconhecido Jhonata Robert, um pernambucano com pouco mais de 22 anos que atua como ala ou meio-campista no Grêmio.
Simplesmente a bola vinha caindo no círculo central e Jhonata, que chegou correndo, deu um balão para o alto antes que ela quicasse no chão. Foi cair dentro do gol de Volpi, que estava adiantado e não conseguiu voltar em tempo.
Já nos acréscimos, o Grêmio transformou em goleada a vitória, no estádio Olímpico (RS), contra o apático São Paulo, pelo Brasileirão 2021: 3x0.
Faltando duas rodadas para o final do campeonato, o tricolor gaúcho tem chances apenas matemáticas de escapar do rebaixamento, enquanto o tricolor paulista parece já estar a salvo.
Mas, uma difícil combinação de resultados ainda o pode degolar, o que o faria arrepender-se amargamente do desinteresse com que disputou a partida de ontem, deixando-se amassar o tempo todo.
Tentos que futebolistas marcaram de muito longe deixaram de ser novidade após a célebre tentativa de Pelé no Mundial Fifa de 1970, que, contudo, ficou no quase. Mas, em todas conheço, o arremate foi desfechado para a frente e passaria por cima se não tivesse caído aos poucos.
O chute de Jhonata foi para o alto, em ângulo inclinado, e caiu quase na perpendicular. A chance era enorme de, ao atingir o solo, bater no chão e passar por cima da meta. Mas, aterrissou tão próxima da chamada linha fatal que não subiu o suficiente para superar a altura do travessão.
Foi mais uma incrível sorte do que competência. Ainda assim, exatamente pelo inusitado e pela raridade, merece todos os prêmios de mais belo gol do ano, inclusive o da Fifa.
Fez-me lembrar o saque jornada nas estrelas, com que o brasileiro Bernard Rajzman surpreendeu o mundo do vôlei no Mundialito de 1982, disputado no Maranãzinho (RJ).
Ele o criou no vôlei de praia, ao perceber que mandando a bola uns 25 metros para o alto, ela caía com trajetórias surpreendentes por causa do vento e os adversários eram ofuscados pelo sol ao tentarem a defesa.
Adaptou a jogada para ginásios cobertos, nos quais os holofotes atrapalhavam tanto quanto o sol ao ar livre. Chegou a marcar, graças a seu saque inovador, quatro pontos seguidos contra a Coréia e um decisivo na vitória por 3x2 contra a União Soviética, levando o público ao delírio.
Mas logo a jogada foi assimilada pelos adversários, que aprenderam como anulá-la, e o jornada nas estrelas (apelido inspirado na franquia cinematográfica) caiu em desuso.
Para, surpreendentemente, algo semelhante a ela ressurgir no futebol, quase quatro décadas depois. (por Celso Lungaretti)
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