EM 2022, BOLSONARO PRESO
Democracia, como o Ano-Novo, é uma ficção, deliciosamente posta em prática com um punhado de devaneio e outro de esperança.
Que o virar do calendário traga consigo a responsabilidade de quem, em 2021, deveria ter sido preso –se a Procuradoria-Geral da República descesse do poste de onde assiste a tudo e se o Congresso parasse de monetizar vidas em bilhões para autorizar investigação, seja por crime de responsabilidade, seja comum, ou ambos.
Janeiro, 2021, Bolsonaro no dia em que mais pessoas morreram em Manaus: "A hidroxicloroquina, a azitromicina, ivermectina, a Anitta, zinco, vitamina D têm dado certo".
Fevereiro: "Começam a aparecer os efeitos colaterais das máscaras".
Março. "Chega de frescura, de mimimi, vão ficar chorando até quando?". Abril: "Não vai ter lockdown". Maio: "Tem uns idiotas aí, o pessoal do 'fique em casa'".
Junho: o escândalo de suspeita de corrupção na compra de vacina.
Julho: "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".
Agosto: "Aquele filho da puta do Barroso".
Setembro: "Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá".
Outubro, mentindo: "Vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo aids".
Novembro: suspeitas de interferência no Enem.
Dezembro: "Não tá havendo morte de criança que justifique algo emergencial".
Carolina Maria de Jesus, sábia que era, encerrou o [seu livro] Quarto de Despejo com a efeméride da virada do ano:
"Despertei com o apito da Gazeta anunciando o Ano Novo (...) Pedi para abençoar o Brasil. Espero que 1960 seja melhor do que 1959. Sofremos tanto no 1959 que dá para a gente dizer: 'vai, vai mesmo! Eu não quero você mais. / Nunca mais!'".
Meu desejo é que, em 2022, Bolsonaro e seu entourage encerrem o ano perdedores nas eleições e presos na Justiça. A resolução para o próximo ano deste país deve ser para que isso ocorra. E que se vá, vá mesmo! (Thiago Amparo leciona Direito Internacional e Direitos Humanos na FGV)
Nenhum comentário:
Postar um comentário