terça-feira, 22 de junho de 2021

O REPÚDIO MUNDIAL À DESTRUIÇÃO EM CURSO NA AMAZÔNIA ECOOU NA BERLINALE: O PÚBLICO PREMIOU "A ÚLTIMA FLORESTA"

rui martins
DOCUMENTÁRIO QUE RETRATA COMUNIDADE
INDÍGENA YANOMAMI É PREMIADO EM BERLIM
O
documentário brasileiro A Última Floresta (2021), dirigido pelo cineasta e antropólogo Luiz Bolognesi com o apoio do xamã Davi Kopenawa Yanomami, foi o vencedor, na votação popular, da mais prestigiosa mostra paralela do Festival de Berlim, encerrado no último domingo (20/06).

Tendo documentado a vida do Paiter Suruí em Ex Pajé (2018), Bolognesi agora se aproximou de outra comunidade indígena nas florestas tropicais da Amazônia. 

Neste novo trabalho, ele alterna filmagens tradicionalmente observacionais com sequências encenadas desenvolvidas em colaboração com o xamã Davi, um dos porta-vozes dos Yanomami mais conhecidos internacionalmente. 

Tais sequências descrevem os mitos da criação Yanomami, sua relação com a natureza e a luta contínua que travam para preservar seu ambiente natural.

O filme despertou ainda mais interesse devido à situação vivida atualmente pelo Brasil, onde não só os garimpeiros como também os madeireiros estão destruindo a floresta e invadindo comunidades indígenas.

Tal destruição, aliás, faz parte de um projeto da ditadura militar (vide aqui), agora retomado por Jair Bolsonaro, o que lhe valeu na campanha presidencial o apoio de grandes empresas interessadas em plantar cereais (como a soja) e desenvolver na vasta área desmatada a criação de gado bovino e suíno.  

Tanto o garimpo, como as madeiras seculares, os cereais e o gado serão destinados a exportação.

A exibição do filme foi precedida pela distribuição de uma nota explicativa para o público alemão e para a imprensa: desde que Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, os garimpeiros de ouro e pedras preciosas voltaram a penetrar de forma massiva no ambiente de vida dos Yanomami, na fronteira entre  Brasil e Venezuela.

Os invasores não apenas envenenam a água com mercúrio, como também trazem doenças mortais –ultimamente a covid-19– para essas comunidades indígenas isoladas. 

Ademais, com suas promessas de um mundo moderno, a proximidade com garimpeiros também acaba se tornando um chamariz para os mais os jovens, por tentá-los a abandonarem suas vidas tradicionais na floresta. (por Rui Martins, diretamente de Berna, na Suíça)

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