terça-feira, 25 de agosto de 2020

A CULTURA DA PAZ É INCOMPATÍVEL COM A INDÚSTRIA BÉLICA E COM O CAPITALISMO – 2

(continuação deste post)
Ministério da Defesa terá em 2021 orçamento quase R$ 6 bilhões maior que o da Educação
Segundo Steven Lee Myers, jornalista do New York Times, os países produtores de armas arrecadaram no ano passado os maiores ganhos que a indústria bélica produziu desde 1996: "O setor movimentou US$ 30,3 bilhões, tendo os Estados Unidos se consolidado como os maiores produtores mundias de armas". 

É o que revela um relatório governamental divulgado na semana passada nos EUA. O documento produzido pelo Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA mostra que os produtores daquele país foram os que mais lucraram em 2019 com a venda de armas (US$ 11,8 bilhões), seguidos da Rússia (US$ 4,8 bilhões), Alemanha (US$ 4 bilhões), China (US$ 1,9 bilhão), França (US$ 900 milhões), Reino Unido (US$ 800 milhões) e Itália (US$ 600 milhões).

Ora, esses países capitalistas dominantes (e a China ainda se reivindica marxista, o que deve revirar Marx no túmulo), vivendo a debacle capitalista de depressão econômica que caminha para uma inviabilidade funcional, não pode abrir mão da guerra interna promovida pelos altos índices de violência urbana, nem das guerras convencionais ora em curso nas regiões empobrecidas do mundo que lhes compram as armas. 

O colonialismo mercantil moderno agora prescinde de intervenções diretas como as do passado, quando impunha ao povo o idioma, os costumes e a governabilidade dos colonizadores, tidos como civilizados

Agora lhe bastam mecanismos externos, como o alto nível de produtividade de suas mercadorias, que não dá chance aos países pobres para a eles ombrearem-se na competitividade de mercado one world; e o fato de que muitos desses países pobres são dominados por governos despóticos que se mantêm pelas armas, oferecendo esmolas em troca de apoio político. 

Os países produtores de armas adoram o despotismo bélico genocida do 3º mundo para surfarem nas ondas dessa nova forma de dominação, aparentemente isenta de colonialismo. 

O Brasil, que vem se tornando exportador único de matérias-primas (as tradicionais commodities) e de alimentos, cada vez mais se enquadra no perfil de um país incondicionalmente subserviente ao capitalismo internacional; e, nessa condição, de um país armamentista como qualquer republiqueta africana genocida. 

Para se ter uma ideia dos gastos militares, basta dizer que, no orçamento para 2021, a dotação para o Ministério da Defesa (que inclui as três Armas: Exército, Marinha e Aeronáutica) superará em R$ 5,8 bilhões o valor destinado ao Ministério da Educação. 

Se é verdade que a maior parte desse orçamento vai para a folha de pessoal, e que os militares são mal remunerados (a menos que se comparem os seus ganhos com os do majoritário contingente que sobrevive sabe-se lá como com sua baixa ou baixíssima renda), ainda assim a máquina militar e bélica é demasiado custosa para nossa economia e, principalmente, para os bolsos grande maioria da população brasileira. 
A constatação óbvia é que temos um grande contingente de pessoal militar e critérios de aposentadorias diferenciados (salário integral aos recebidos na ativa) em relação aos aposentados do INSS, como se vivêssemos à beira de uma guerra com nossos vizinhos ou de participação num confronto bélico mundial, cujos critérios de letalidade não são mais os mesmos de antes da bomba atômica. 

Se considerarmos, também, os gastos com as polícias militares (cujas despesas recaem sobre os Estados) e, ainda, as Guardas Municipais, veremos que grande parte dos orçamentos públicos servem para a manutenção de uma ordem social belicosa, violenta, baseada na competitividade fratricida. 

O Brasil registra mortes anuais por assassinato acima de espantosas 60 mil, as quais, aliás, vêm aumentando desde o início da pandemia (quanto mais pobreza, mais mortes e submissão à ordem estatal). 

Passamos, atualmente, por uma guinada cíclica de assunção ao poder burguês, ora da horda da ultradireita com seus falaciosos discursos de salvadores da pátria, ora de uma socialdemocracia populista que acena com uma impossível humanização da exploração capitalista, sem a necessária ação teórica e prática de sua superação. 

O resultado de tal pendulo da ineficácia é essa eterna volta ao ponto de partida após ciclos de 20 ou 30 anos, quando se esgotam as esperanças e a memória amnésica popular se deixa manipular por velhos (tornados novos) discursos e ações populistas, que sempre incluem a mais hipócrita de todas as falácias: o combate à corrupção. 

Enquanto o capital martela na cabeça dos seus súditos militares o dístico se queres a paz, prepara-te para a guerra, os emancipacionistas lhe contrapõem: Se queres a paz, supera o capitalismo(por Dalton Rosado) 

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