O ano já começa com os contratempos reais como contraponto aos eternos otimismos econômicos irreais.
Bastou a constatação da possibilidade de uma epidemia viral (o coronavírus) na China para as bolsas de valores mundo afora sofrerem pesados abalos.
Bastou a constatação da possibilidade de uma epidemia viral (o coronavírus) na China para as bolsas de valores mundo afora sofrerem pesados abalos.
Registre-se, por oportuno, que o universo de cassino das ditas cujas se restringe aos interesses especulativos dos rentistas e das empresas em busca do capital dos investidores acionistas que possam impulsionar os seus investimento em capital industrial fixo, base da realização da tendência capitalista da queda da taxa de lucros por investimento prevista há 160 anos por Marx.
Somente uma percentagem ínfima da população especula nas bolsas, e isto nada significa de renda para a maioria do povo, que, atolado em dívidas e vivendo com orçamento reduzido (ou desempregado), não tem como poupar para fazer investimentos sofisticados e obter ganhos daí decorrentes.
Assim mesmo, é de se registrar que, em maio de 2008 o índice Bovespa estava no patamar de 73 mil pontos e hoje oscila em torno de 115 mil pontos, passados 12 anos. Assim, quem tinha cerca de R$ 1 milhão aplicado nas bolsas, hoje, deduzida a inflação do período, viu seu poder aquisitivo reduzido a 1/3 daquele valor.
Nem no longo prazo, portanto, a especulação nas bolsas tem dado bons resultados, contrariando a máxima dos conselheiros financistas de que bolsa é investimento de longo prazo. A verdade é que a economia cada vez mais restringe os ganhos de capital; é o começo do fim.
A economia chinesa (hoje o segundo maior PIB do mundo e responsável por 16% do PIB mundial) exibe números portentosos em termos nominais, mas não do ponto de vista relativo, posto que não representa substancial produção de valor per capita, quando, p. ex., comparada com a europeia e estadunidense.
A economia chinesa (hoje o segundo maior PIB do mundo e responsável por 16% do PIB mundial) exibe números portentosos em termos nominais, mas não do ponto de vista relativo, posto que não representa substancial produção de valor per capita, quando, p. ex., comparada com a europeia e estadunidense.
A renda per capita chinesa equivale à nossa, e com igual concentração do capital em nome de empresas estrangeiras instaladas como forma de sobrevivência na guerra concorrencial de mercado.
O fenômeno chinês de produção mercantil comprova a progressiva dessubstancialização do valor (redução do valor das mercadorias e da massa global de mais-valia e de produção de valor válido), evidenciando a rota irreversível para o abismo das relações mercantis mundiais (falência de empresas, do Estado e do sistema financeiro, e consequente crescimento do desemprego estrutural).
No Brasil, assistimos à opera bufa das contradições na cúpula administrativa, com direito a um episódio simplesmente emblemático:
— a demissão do secretário-executivo da Casa Civil por ato considerado imoral pelo presidente (uso indevido de avião particular);
— sua posterior readmissão para outro cargo de confiança de peso equivalente; e
— nova demissão, face à repercussão negativa.
Fica evidente o desencontro administrativo da equipe, nesse governo em que interesses familiares e interpessoais reinam absolutos.
— a demissão do secretário-executivo da Casa Civil por ato considerado imoral pelo presidente (uso indevido de avião particular);
— sua posterior readmissão para outro cargo de confiança de peso equivalente; e
— nova demissão, face à repercussão negativa.
Fica evidente o desencontro administrativo da equipe, nesse governo em que interesses familiares e interpessoais reinam absolutos.
Não bastasse isso, a desculpa esfarrapada para a demissão do presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social, que caiu por conta da falta de planejamento e da paralisia dos processos de concessão dos benefícios previdenciários, escancara a falta de sinceridade dos discursos públicos diante do fracasso administrativo.
Destaque também para a defesa extemporânea da abstinência sexual para os adolescentes por parte da ministra Damares Alves, fiel ao seu fundamentalismo religioso que considera o sexo pecaminoso e somente justificável dentro do casamento.
É mais uma que vai na contramão da ciência, pois o que os especialistas do século 21 recomendam, para evitar a gravidez indesejada dos jovens, é um conjunto de fatores como melhora na educação, aí incluída a orientação sexual despreconceituosa; incentivo ao uso de preservativos; e outras medidas preventivas.
Mas, como se ter uma educação eficiente quando somos obrigados a suportar um presidente que trata o educador Paulo Freire como energúmeno por mera discordância ideológica e um impreCionante ministro da Educação cujos erros de ortografia só encontram paralelo nas lambanças por ele cometidas ao organizar o Enem?
Com os organismo mundiais prevendo, desde o final do ano passado, uma queda do PIB mundial em 2020, como se ser otimista com relação ao PIB brasileiro? Ainda mais com a imagem de predador ecológico tendo se acentuado desde a posse do atual governo, que cancela ou boicota antipaticamente (por medo de encarar a verdade) iniciativas contra a escalada do aquecimento global, comprovada por fatos noticiados diariamente mundo afora, inclusive em nosso país, que sofre alterações climáticas como as enchentes nunca antes vistas em Minas Gerais...
É óbvio que tais obtusidades afastam investidores, pois não lhes escapam as consequências danosas da idiossincrasia política do (des)governo atual e sua vertiginosa perda de popularidade.
O capital especulativo mundial, que para cá vinha atraído pelos juros altos que sempre pagamos (e ora vêm caindo), está se afastando do país e reduzindo as nossas (ainda confortáveis) reservas cambiais. Percebe-se uma rota de declínio que está deixando com as barbas de molho o capital nacional, temeroso diante da possibilidade de ficarmos vulneráveis também nessa questão.
Ainda não saiu o PIB de 2019, mas já se especula que será inferior aos 1,2% previstos em dezembro último. Mesmo assim, fazem-se projeções de de 2,5% para 2020!
Mais parece wishful thinking. Estará a vontade de que a cartilha liberal adotada na economia dê certo sobrepujando a realidade dos fatos?
É óbvio que tais obtusidades afastam investidores, pois não lhes escapam as consequências danosas da idiossincrasia política do (des)governo atual e sua vertiginosa perda de popularidade.
O capital especulativo mundial, que para cá vinha atraído pelos juros altos que sempre pagamos (e ora vêm caindo), está se afastando do país e reduzindo as nossas (ainda confortáveis) reservas cambiais. Percebe-se uma rota de declínio que está deixando com as barbas de molho o capital nacional, temeroso diante da possibilidade de ficarmos vulneráveis também nessa questão.
Ainda não saiu o PIB de 2019, mas já se especula que será inferior aos 1,2% previstos em dezembro último. Mesmo assim, fazem-se projeções de de 2,5% para 2020!
Mais parece wishful thinking. Estará a vontade de que a cartilha liberal adotada na economia dê certo sobrepujando a realidade dos fatos?
O que os candidatos a prefeitos e vereadores deste ano de 2020, ávidos em ganhar as eleições municipais de prefeituras falidas, terão a dizer aos seus eleitores sobre as questões de suas incumbências administrativas?
Admitirão a verdade de que pouco poderão fazer para o provimento minimamente eficaz de tantas demandas sociais reprimidas? Acredite quem quiser...
Certo mesmo para 2020 é que:
— teremos um campeão do Brasileirão;
— ouviremos uma imensidão de sandices preambulares aos tá okei?! presidenciais;
— escutaremos desculpas esfarrapadas tentando justificar o crescimento econômico abaixo do previsto; e— serão eleitos novos vereadores e prefeitos (e reeleitos alguns atuais) cuja verdadeira prioridade será a de sempre (beneficiarem-se das mordomias do poder e administrarem as verbas municipais).
Exíguas para o atendimento das demandas sociais, estas são, contudo, suficientes para eles cumprirem outro de seus principais objetivos: utilizando-se da demagogia e da politicalha, prepararem o caminho para sua reeleição ou para alçarem voos maiores.
Até quando vamos suportar essa cantilena eleitoral repetidamente inepta como contraponto a um mal maior (o risco de ditadura)?
Quanto ainda demorará para nos cair a ficha de que as opções possíveis não são apenas essas duas? (por Dalton Rosado)
Um comentário:
Um ponto que (pelo menos) eu ainda não vi sendo explorado na grande mídia é que essas epidemias causadas por vírus, bactérias e protozoários, que vêm se tornando muito frequentes e mais devastadoras, são consequências também das mudanças climáticas. Esses seres, que possuem tempo de geração muito curto, necessitam, como todos os outros, se adaptarem às novas condições climáticas através das mutações gênicas. Outros organismos, como os seres humanos, podem também sofrer mutação gênica, mas como o tempo de geração é muito mais longo demora mais para se manifestar. A implicação disso é que nós não estamos adaptados às mutações rapidas ocorridas por esses seres invisíveis
O Painel de Mudanças Climáticas (IPCC) já previu esses fenômenos logo no início.
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