domingo, 13 de outubro de 2019

LARANJÃO É O BOLSONARO...

...que distrai a plateia enquanto o país é saqueado.
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No papel de laranjão-mor do pomar, Bolsonaro é imbatível.

Dia sim, e no outro também, ele arruma alguma confusão, bate o bumbo contra inimigos imaginários, briga com seu próprio partido, roda a baiana, faz cara feia e, assim, vai distraindo a platéia que ainda grita mito!.

Ninguém poderá negar que ele está cumprindo à risca sua missão de entregar o país, na senda aberta pela Lava Jato, seguindo disciplinadamente o cronograma golpista de 2016.

Pode parecer coisa de maluco, mas quem bancou sua candidatura está muito satisfeito e não rasga dinheiro.

Só no primeiro semestre, os grandes bancos tiveram um lucro de R$ 60 bilhões.

Enquanto isso, o banqueiro e especulador Paulo Guedes, chamado de Posto Ipiranga, o dono do cofre, coloca tudo à venda e promove o maior saque já visto no mundo ocidental. 

“Paulo Guedes é o grande inimigo do povo brasileiro. É isto que o Guedes está anunciando: entregando o pré-sal sem compreender a sua dimensão (… ) cuja produção vai gerar um excedente mínimo de 400 a 500 bilhões de reais”, denuncia o professor Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobras.

Das reservas do pré-sal da Petrobras a prédios públicos, tudo agora vai a leilão, até não sobrar nem o sofá na sala e ser derrubada a última porra da árvore na Amazônia sobre o corpo do último índio.

No comando de uma enlouquecida tropa de ocupação e desmanche, o capitão-presidente se diverte com ele mesmo, gargalha das próprias bobagens que fala, mas nem sabe direito o que está acontecendo à sua volta.

Em seu mundinho particular de uma realidade virtual, o que importa mesmo é nomear um filho embaixador nos Estados Unidos e livrar a cara de outro, às voltas com rachadinhas e milícias.

Na campanha eleitoral, ele alugou o nanico PSL, mas agora quer ser o único proprietário do espólio partidário alimentado com verbas públicas.

Militar medíocre e insubordinado, preso e processado pelo Exército aos 33 anos, escondeu-se por outros 30 nos fundos do baixo clero da Câmara, onde também não fez nada de útil.

Quando começou a campanha fazendo arminha com os dedos e ameaçando metralhar os adversários, nem ele, com certeza, acreditava na sua vitória, que lhe caiu no colo

Talvez Bolsonaro não se dê conta de que é apenas um laranjão no Palácio do Planalto, cercado de outros doidos, fardados ou à paisana, que dançam sobre a soberania nacional e o futuro do país, à beira do abismo.

Eram todos pés-de-chinelo na vida política e econômica do país, um bando de zé-ninguém, que nunca foi levado a sério em lugar nenhum.

Bolsonaro pensa que manda em tudo e não precisa de ninguém, mas não passa de um boneco nas mãos do ventríloquo Paulo Guedes, que sabe muito bem o que quer.

Bobagem esperar que ele renuncie ou tenha algum gesto de grandeza. Sem chance. Com esse Congresso, impeachment nem pensar.

Só largarão o osso no dia em que o STF resolver cumprir a Constituição, o TSE investigar a fundo o financiamento da sua campanha eleitoral, movida a milhões de dólares em fake news, ou a população sair às ruas para dar um basta!, como está acontecendo agora no Equador. 

Se, e quando isso acontecer, poderá ser tarde demais. Paulo Gudes já terá completado o serviço.

Estamos, literalmente, no mato sem cachorro.

E estão vendendo até o mato…

Vida que segue. (por Ricardo Kotscho, no seu site)
"Laranja madura / Na beira da estrada / 
'Tá bichada, Zé / Ou tem marimbondo no pé"

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Editor do Náufrago da Utopia,
Celso Lungaretti.
Você é muito arguto e bom estrategista. Por isso acompanho este blog.
Sua análise e os artigos que publica, além dos preciosos "toques do editor", são ótimos.
Esse artigo do Kotscho é muito objetivo, fala o óbvio ululante, mas ouso acrescentar um "toque do leitor" que, mesmo sem grandes conhecimentos, procura ler criticamente um texto.

O Kotscho está certíssimo na sua diagnose, mas, como é enviesado, faz o prognóstico errado.
Os caras estão tocando fogo mesmo no "patrimônio" do estado brasileiro.
São os campos de petróleo, imóveis, estatais e que tais.
O viés dele o faz considerar que são maus negócios, mas o futuro é incerto e Kotscho, com toda a sua credibilidade e respeitabilidade, sabe tanto quanto nós a respeito dele (do futuro). Assim ele não tem como afirmar se estamos fazendo o errado ou o certo.
Comprar a refinaria de Pasadena foi um erro, mas quem disse que se sabia, com toda certeza, disso na época. Já o preço... esse estava claramente superfaturado.

Pode ser que enxugar o estado seja bom e que vender ativos também resulte em benefícios.

Por outro lado, o governo Bolsonaro em certos aspectos é igual ao Temer quando liberou o dinheiro do FGTS e outras poupanças para fazer o PIB dá um pulinho no fundo do poço.
Igual ao Dilma-Lula ao inflar cada vez mais a bolha imobiliária para parecer que o desemprego está regredindo.
Ou quando o cara vira micro-empreendedor por necessidade (O MEI é criação de Dilma ou Lula) eles dizem que não está mais desempregado, o que possibilitou a Dilma arrotar um desemprego (fake) de 4%.
A onda de aplicativos não começou com Bolsonaro e também permitiu isso (queda no desemprego), mas gerou um tipo de emprego muito precário o que, para a estatística não tem a menor importância.
A legislação trabalhista nova gerou também um tipo de sub-emprego, mas melhora a estatística.
Bem pesadas as coisas, estão acontecendo as mesmas coisas que ocorreram antes, mas o tendencioso Kotscho só agora está vendo que são erradas.

O que assusta é que com todas as pedaladas e maquiagens, que não começaram agora, a economia não reage.
A finada não dá sinal de vida sustentável.
É game over.
Por isso a Romênia está na nossa frente na OCDE.

É bom mesmo não acreditar em tudo que dizem.

celsolungaretti disse...

Prezado leitor,

o blog procura expor um leque de opiniões interessantes do campo da esquerda, sem necessariamente concordar com todas elas.

O Kotscho, a meu ver, tem inteira razão quanto à absoluta mediocridade do Bolsonaro, pés-de-chinelo e zés-ninguém. Aliás, creio ter sido um dos primeiros a afirmar que o Paulo Guedes era tão "série B", entre os economistas, quanto o Joaquim Levy. E está produzindo os mesmíssimos resultados do Levy, ou seja, afundando a economia.

No meio dessa montoeira de nulidades, ele deveria ter aberto exceção para o Sergio Moro, embora nos repugnem tanto seus objetivos quanto seus métodos. Mesmo assim, temos de reconhecer que não é qualquer juiz de 2ª instância que chega até onde ele chegou, prestando ao sistema serviços que muitos outros, melhor situados hierarquicamente, estavam dispostos a prestar com idêntica amoralidade.

Dessa micareta toda, era o único que poderia ir longe mas agora está queimado, felizmente para nós. O restante, da insignificância veio e à insignificância voltará, talvez mais rapidamente do que muitos supõem.

Quanto à discussão sobre "patrimônio nacional", face à tempestade que se desenha no horizonte do capitalismo, me parece total perda de tempo. Ninguém parece querer enfrentar a verdade nua e crua de que tudo mudará drasticamente nas próximas décadas e o que realmente deveria nos preocupar é como sobreviveremos àquela que provavelmente será a pior depressão capitalista da História, com grande chance de desabar sobre nós ao mesmo tempo das consequências da insanidade ambiental.

O Kotscho é uma lenda viva do jornalismo brasileiro e eu o respeito muito por isso. Mas, sua fé cega na ressurreição política do Lula nada pode contra a faca amolada da História. Ele já é página virada, depois de cometer um rosário de erros ao longo desta década, tendo sido o principal responsável pela entrega do poder à extrema-direita.

Que vá cuidar dos netinhos e tentar ser feliz no novo casamento. Vou apoiar toda e qualquer solução que lhe permita desfrutar o que lhe resta de vida fora das grades. Mas sempre alertarei que sua época passou e nenhuma contribuição tem mais a dar em termos políticos.

Abs.

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