terça-feira, 29 de outubro de 2019

CPI SOBRE CRIME DA GANÂNCIA CAPITALISTA EM BRUMADINHO APONTA 22 RESPONSÁVEIS PELO EXTERMÍNIO DE 270 SERES HUMANOS

É uma peça exemplar o relatório final da CPI da Câmara Federal pedindo o indiciamento por homicídio doloso e lesão corporal dolosa de 22 diretores, engenheiros e terceirizados da mineradora Vale, pelo crime de ganância capitalista desmedida, que resultou no rompimento da barragem de Brumadinho (MG).

Graças à repulsiva incúria da Vale, que optou por economizar centavos brincando com a vida de seres humanos, 270 pessoas foram exterminadas (de 252 encontraram algo para enterrar, de outras 18 nem isto). 

Entre os criminosos o documento inclui o ex-presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, que deixou o cargo em meio ao escândalo, pois ele “tinha plena ciência da necessidade de se adotar medidas urgentes para o aumento da segurança nas barragens situadas na zona de atenção” e, claro, não o fez.

Protocolado no último final de semana, o relatório deverá ser analisado e votado em sessão da CPI marcada para esta 3ª feira (29). Mas, para produzir consequências penais, depende de providências a serem ou não tomadas pelo Ministério Público e pelo Judiciário.

Eis algumas das constatações:
— o refeitório e a área administrativa, entre outras estruturas, estavam localizados a pouco mais de 1 km da barragem que se rompeu, daí ter sido em tais dependências que morreu a maioria dos funcionários vitimados;
— nos 17 anos seguintes à aquisição da nuba, a Vale, simplesmente, não se preocupou em transferir tais estruturas para sítio mais seguro;
—  desde 2017, pelo menos, já se sabia que o fator de segurança da barragem estava abaixo de 1,3, o valor recomendado internacionalmente;
— as sirenes localizadas na região da Pousada Nova Estância e do Parque da Cachoeira não foram afetadas pela avalanche de lama e poderiam ter salvado muitas vidas, caso houvessem sido acionadas;
— durante o longo processo até o rompimento da barragem, em vários momentos a Vale soube ou foi informada sobre problemas que deveriam tê-la feito acender a luz vermelha;
— embora fosse uma barragem dotada de uma quantidade significativa de instrumentos de auscultação, estes não estavam adequadamente posicionados e nem cobriam as multicamadas do rejeito.
O presidente da Vale evitando homenagear suas vítimas
"É verdadeiramente alarmante que, diante de tamanhas incertezas relativas à barragem B1, a estabilidade da estrutura tenha sido declarada”, diz o documento. 

Também  questiona a forma fraudulenta (é o que afirma com todas as letras) pela qual a Vale conseguiu a licença ambiental para operar o aproveitamento de rejeito da barragem. (por Celso Lungaretti, utilizando informações da notícia do repórter Rubens Valente, publicada na Folha de S. Paulo)
Que diferença há entre o funeral de um lavrador e o de um mineiro?
Nenhuma. Aos olhos dos donos do PIB, ambos valem... nada!

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