O que havia de relevante a ser dito sobre a nova moda que acaba de chegar ao Brasil após pipocar por vários outros países, ocupou apenas cinco parágrafos da uma notícia da BBC News Brasil, assinada por Alessandra Corrêa:
"Massacres como o que deixou ao menos dez mortos e 11 feridos numa escola em Suzano, na Grande São Paulo,costumam ser seguidos por dias de cobertura intensa da mídia, muitas vezes com foco específico nos autores
Para a estadunidense Jaclyn Schildkraut, professora de Justiça Criminal da Universidade Estadual de Nova York, que há vários anos estuda massacres em escolas e universidades do país, esse excesso de atenção acaba recompensando os atiradores, ao torná-los famosos, e pode inspirar novos ataques.
'Tipicamente, a cobertura da mídia é centrada no atirador, em vez de focar nas vítimas ou nos heróis que responderam ao ataque', diz Schildkraut.
'Isso recompensa essas pessoas por matar outras pessoas e incentiva outros ataques semelhantes', afirma a especialista, autora do livro Tiroteios em massa: mídias, mitos e realidade (em tradução livre).
Schildkraut e outros especialistas ressaltam que uma das motivações desse tipo de massacre é a busca de atenção, fama e notoriedade".
É o óbvio. Nesta sociedade que insufla uma verdadeira compulsão pelos 15 minutinhos de fama, colocando todos os idiotas numa busca frenética e insana por holofotes, sem os quais sentem-se nada (talvez porque, verdadeiramente, sejam mesmo nada), alguns dos medíocres com QI de ameba tentam atingir tal objetivo da única forma ao seu alcance: por meio de uma patetada sangrenta.
Enfim, foi apenas mais uma confirmação de que o capitalismo terminal está engendrando um inferno na terra e, como previu Norman O. Brown há mais de meio século, cumpre atualmente o papel de um agente do instinto de morte, encaminhando-nos para a destruição total.
11 comentários:
***
Divirjo mestre!
Não existe instinto de morte.
Reich hoje e sempre!
Li os três autores que mais inspiraram a juventude rebelde de 1968 – Marcuse, Norman O. Brown e Reich –, além de toda a obra do Freud (este último para poder entender as sínteses que eles produziram entre Marx e Freud). Francamente, Reich me pareceu o mais simplista dos três e o Norman O. Brown o que foi mais fundo na tentativa de entender os novos fenômenos com os quais nos defrontávamos.
Se você é interessado no assunto, recomendo fortemente que você leia "Vida contra Morte", do Norman O. Brown; e "Ideologia da Sociedade Industrial" e "Eros e Civilização", do Marcuse.
Este artigo (http://www.dm.com.br/cultura/2015/08/essencialidade-de-um-desconhecido.html) dá uma pálida ideia do que é o "Vida contra Morte". Gostaria muito de encontrar a série de artigos que o Luiz Carlos Maciel publicou no Pasquim, tornando o Norman O. Brown conhecido entre nós; mas, dificilmente será achada hoje em dia, infelizmente).
Abs.
qual resultado positivo dessa suposta fama pra quem se suicida?
O mesmo que a maioria dos suicidas busca: causar determinado efeito nas pessoas. "Morro, mas provo a todos eles que isto ou aquilo"...
"qual resultado positivo pra quem se suicida?'
o SUICÍDIO PODE TER MAIS EFEITOS QUE MUITO ATOS heroicos...a auto imolação de Getúlio Vargas adiou o golpe militar em 10 anos..
***
Oi Celso,
Aqui é o Sady Fernandes.
Li o artigo do Helvécio Cardoso "A Essencialidade de um Desconhecido" que você sugeriu.
Pena que não tenha os demais livros e nem tenha planos de lê-los em data próxima.
Principalmente o do Norman O. Brown, lamento.
Quando mais jovem li dois livros de Reich: "Análise do Caráter" e "A Função do Orgasmo".
Em "Análise do Caráter" ele desmonta a teoria do instinto de morte de Freud e assevera que existe apenas o princípio do prazer.
"A Função do Orgasmo" deve ter sido difícil para Norman. É algo genital, simples, como você mesmo disse.
Não é a toa que os caboclos já diziam que "simplicidade é grande sabedoria".
Deve ter sido difícil para quem estava estacionado em outros estágios da libido, que dão prazer, mas nunca se compararão ao orgasmo preconizado por Reich, aceitar que ele estava certo.
A "cura" é potência orgástica, genital, de acordo com Reich e, pelo jeito como ele foi tratado, ofende a muitos por aí.
Celso, li que todas as edições do Pasquim foram digitalizadas pela Biblioteca Nacional e podem ser baixadas. Não conferi, mas já consultei outras publicações periódicas, algumas até do século XIX, e o serviço é excelente. A digitalização foi feita de tal modo, no formato .pdf, que é possível fazer busca textual em cada arquivo. Sugiro que você tente achar os textos do Maciel por esse meio. Boa sorte.
Marco Aurélio
P.S. Hemeroteca digital: https://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
Grato pela dica, Marco Aurélio. Em tempos mais amenos, deverei fazer isso. Por enquanto, estou muito ocupado em sobreviver à asfixia financeira a que me referi neste post recente: https://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2019/03/sobre-tempos-bizarros-dignidades-e.html
Não gosto de dramatizar as situações, mas o fato é que, neste exato instante, não possuo sequer o suficiente para almoçar no bandejão mais barato do bairro até o fim do mês.
Há tanta grana que eu deveria receber empacando no meio do caminho que eu só posso tirar uma conclusão: ou virei um sujeito muito azarado, ou há ações premeditadas sendo desenvolvidas para tornar a vida dos anistiados políticos a pior possível.
Sady, pelo mesmo motivo da resposta que dei acima ao Marco Aurélio acima, peço-lhe desculpas para não levar adiante esta troca de ideias.
As preocupações neste momento são tantas que nem dormir direito estou conseguindo, daí estar no blogue bem no meio da madrugada. Viver se tornou muito complicado nesta fase negra da História brasileira.
o que Getúlio Vargas ganhou com seu suicídio? ninguém se suicida porque acha bonito tem um motivo que o leva a isso
celso você tem face? me add ai
Postar um comentário