Até agora eu não cogitara postar aqui o filme Comboio (1978), mas, neste momento em que nossos caminhoneiros estão botando pra quebrar, tem tudo a ver.
Minha relutância se devia a tratar-se de uma obra menor na carreira do grande diretor e roteirista estadunidense Sam Peckinpah, um californiano descendente de índios paiutes, que teve seu apogeu nas décadas de 1960 e 1970, quando foi responsável por obras-primas como Pistoleiros do entardecer, Meu ódio será sua herança, Sob o domínio do medo, Pat Garrett e Billy The Kid e Cruz de ferro.
Comboio mostra exatamente o poder de fogo de que dispõem os caminhoneiros que transportam cargas pesadas e estão o tempo todo se contatando por rádio. Ao decidirem utilizar seus veículos como armas, é como se conduzissem gigantescos tanques de guerra.
Quando um dos mais populares deles (Kris Kristofferson) entra em confronto com um xerife truculento e corrupto (Ernest Borgnine), recebe a solidariedade dos colegas, que convergem de todos os pontos para aquela cidade, decididos a formarem um gigantesco comboio e invadi-la, apesar das tropas estaduais mobilizadas para os deterem pelo caminho.
Funciona muito bem como espetáculo, tem sequências eletrizantes nas rodovias, mas, com sua pegada meio cômica, fica aquém do padrão habitual de Peckinpah, acostumado a lançar um olhar adulto e geralmente amargo sobre episódios do passado e presente, com o uso de uma violência muito impactante como componente dramático, não por mero exibicionismo comercial. Apropriadamente, chamavam-no de poeta da violência.
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