É com muita tristeza que informo a morte do jornalista, escritor e professor Alberto Dines, aos 86 anos de idade, no hospital Albert Einstein, de uma gripe que virou pneumonia.
Admirei muito o Dines na terrível década de 1970, quando seu Jornal dos Jornais (página dominical na Folha de S. Paulo) era um dos poucos respiradouros da imprensa brasileira, amordaçada e intimidada pela ditadura.
Com extrema coragem e considerável jogo de cintura, ele aproveitava a crítica da mídia para contrabandear informações melindrosas de bastidores, impulsionar a distensão política e alertar-nos das tramoias da linha dura.
Eu comprava sempre a Folha na madrugada de domingo e devorava o Jornal dos Jornais antes da noite de sono. Muitos outros jornalistas e cidadãos idealistas, obrigados a viver debaixo das botas, faziam o mesmo. O Dines lavava a nossa alma.
O Observatório da Imprensa promete colocar rapidamente no ar uma edição reverenciando seu criador e mestre. Mas, vou antecipar-me, indicando o trecho que considero o melhor testamento que ele nos legou.
"Consolo é saber que a humanidade não é suicida, ela se move sempre na direção ditada pelo seu instinto de sobrevivência.
Foi assim há 70 anos, quando começou a 2ª Guerra Mundial, considerada a maior catástrofe dos últimos 500 anos, e assim será agora. Criaturas e nações cometem muitos desatinos mas, na beira do abismo, recuam e escolhem viver."
Entrevista na qual Dines relembrou sua atuação jornalística durante a ditadura
e a convivência conflituosa com o regime e com a censura (a partir de 33'40'')
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