terça-feira, 3 de outubro de 2017

BRASILEIROS QUEREM QUE UM PRESIDENTE DETESTADO CONCLUA O MANDATO E DEPOIS VÃO ELEGER QUEM CONSIDERAM LADRÃO...

Alguém já ouviu falar de um povo que desaprova por esmagadora maioria seu presidente da República, mas quer que ele conclua o mandato?

E que se mostra propenso a eleger, para sucedê-lo, um político que considera merecedor de uma vaga na prisão?

Os portugueses devem ter desistido de contar piadas de brasileiros. A realidade as supera.

Então, talvez seja hora de trocarmos de novo o Hino Nacional, livrando-nos do mostrengo resultante do aproveitamento de uma música composta originalmente para banda (e que tem mesmo todo jeitão de caber melhor em coretos de praças públicas!), à qual foram acoplados versos rococós escolhidos em concurso.

Ruim por ruim, mil vezes melhor seria terem mantido o hino inicial (que se tornou o Hino da Independência), com música também chinfrim de D. Pedro I e letra do poeta Evaristo da Veiga. Pois, no meio das habituais banalidades louvaminhas, há uma estrofe viril e altaneira, que vale o festival de clichês do Osório Duque Estrada inteiro:

"Brava gente brasileira,
longe vá temor servil!
Ou ficar a pátria livre,
ou morrer pelo Brasil!
Ou ficar a pátria livre,
ou morrer pelo Brasil!"

Enfim, como o que está malfeito está feito, o jeito é propormos uma nova opção. Meu voto é para a música que melhor expressa a geleia geral brasileira. 

E não é a própria Geleia Geral, embora pudesse ser. Só que Marginália II, composta por Gilberto Gil e Torquato Neto, vai mais fundo na exegese da nossa avacalhação e do nosso conformismo.

Além de ter um verso antológico, que merecia substituir a relíquia positivista Ordem e Progresso como dístico da bandeira: Aqui é o Fim do mundo.

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