Além de, ao que tudo indica, haver contado com forte apoio do grupo J&F na sua campanha para ascender a ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin tem uma ligação perigosa indiscutível e inquestionável com o alcaguete premiadíssimo Joesley Batista e sua gangue: o sogro de sua filha ocupa cargo de chefia numa das empresas do grupo.
Eis o que a Folha de S. Paulo apurou:
"Marcos Gonçalves é pai de Marcos Alberto Rocha Gonçalves, casado com uma das filhas do ministro e sócio fundador do escritório Fachin Advogados e Associados –do qual o relator da Lava Jato se afastou ao chegar ao STF.
...Marcos Gonçalves trabalhou por 16 anos para o grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley, e hoje é chefe de compra de gado do Mataboi Alimentos, frigorífico administrado por José Batista Júnior, o mais velho dos irmãos Batista.
Conhecido como Júnior Friboi, o primogênito da família Batista foi presidente da JBS de 1980 a 2005, quando decidiu se candidatar ao governo de Goiás. Naquela época, passou a integrar o Conselho de Administração da JBS, delegando a gestão da empresa aos dois irmãos.
Em 2013, Júnior vendeu sua participação no grupo J&F aos familiares.
Mas, em setembro do ano passado, quando Joesley e Wesley foram impedidos pela Justiça de exercer cargos executivos por conta das investigações da Polícia Federal, foi indicado por eles para assumir interinamente a presidência da JBS até o retorno dos irmãos".
Fachin se defendeu com uma nota na qual afirma não ter contado "com o auxílio de qualquer empresa ou grupo em seu processo de indicação ou de confirmação para o cargo de ministro do STF", qualificando de inaceitável "qualquer insinuação neste sentido, ainda mais quando o nome de seus familiares é envolvido".
O que não chega a ser inaceitável, mas apenas constrangedor, é o fato de um ministro do Supremo conhecer tão mal o idioma pátrio a ponto de ignorar que familiar é quem faz parte do círculo próximo à família, mas não tem o mesmo sangue. Ou seja, seu genro e respectivo pai são familiares do Fachin, mas sua filha é parente.
Inaceitável é ele não ter até hoje esclarecido de forma convincente a ligação do grupo J&F com a sua peregrinação aos gabinetes de figurões para cabalar apoio à sua candidatura ao STF. O jornalista Reinaldo Azevedo reconstituiu detalhadamente tais episódios. Se não passam de insinuações, ele que processe o insinuador.
Exatamente pela fartura de detalhes explícitos que forneceu, o dito cujo certamente deve ter obtido de seus informantes o compromisso de confirmarem tais relatos em juízo, caso necessário. Azevedo é meu antípoda político e sou o primeiro a enxergar nele um mundo de defeitos, menos o da ingenuidade.
Exatamente pela fartura de detalhes explícitos que forneceu, o dito cujo certamente deve ter obtido de seus informantes o compromisso de confirmarem tais relatos em juízo, caso necessário. Azevedo é meu antípoda político e sou o primeiro a enxergar nele um mundo de defeitos, menos o da ingenuidade.
Havia tudo isso de motivos para Fachin abster-se de atuar na delação premiada do grupo J&F |
Jornalista experiente que faz as acusações que ele fez ao Fachin, está careca de saber que poderá ter de responder por elas nos tribunais. Meu palpite é que o Fachin evita processar o Azevedo porque não tem como sair-se bem caso este argua a exceção da verdade.
E o mais inaceitável de tudo é Fachin haver omitido durante todo o tempo que tinha laços com o grupo J&F mais do que suficientes para obrigá-lo a distanciar-se da delação premiadíssima do Joesley Batista, passando a bola para outro ministro.
O apoio ou não à sua candidatura ao Supremo permanece como algo a ser devidamente esclarecido (mas, jamais, empurrado para baixo do tapete!); é impossível, entretanto, fugir à constatação de que o nome constante na certidão de casamento como sogro de sua filha constitua um obstáculo intransponível para a tarefa que Fachin aceitou desempenhar.
Tendo a delação premiadíssima do grupo J&F sido a mais generosa de quantas foram homologadas até hoje, pega muito mal que nela haja atuado um ministro cuja isenção poderia ser questionada. Mas, trata-se de uma rara ilação que deve ter passado despercebida ao Rodrigo Janot, tão useiro e vezeiro em substituir provas por ilações...
Tendo a delação premiadíssima do grupo J&F sido a mais generosa de quantas foram homologadas até hoje, pega muito mal que nela haja atuado um ministro cuja isenção poderia ser questionada. Mas, trata-se de uma rara ilação que deve ter passado despercebida ao Rodrigo Janot, tão useiro e vezeiro em substituir provas por ilações...
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