terça-feira, 28 de junho de 2016

TÊNIS TAMBÉM TEM SEU 'HOMEM CINDERELA'. O DO BOXE RENDEU ATÉ FILME.

Federer encarou com simpatia a perspectiva...  
Nesta 4ª feira (29), na 2ª rodada do torneio de Wimbledon, o maior tenista de todos os tempos vai enfrentar um azarão que ocupa a 772ª posição no ranking da ATP.

Roger Federer, ainda competitivo aos 34 anos, faz mais uma tentativa de conquistar seu ambicionado 18º slam. Seria uma extraordinária façanha para um jogador tão veterano, que ora enfrenta não apenas a geração posterior à sua, mas também a seguinte. Algo assim como um vovô duelando de igual para igual nas quadras com seus filhos e netos. 

Mesmo assim, as atenções estão todas voltadas para seu adversário, o britânico Marcus Willis, por conta de este possuir "uma das melhores histórias em muito tempo no nosso esporte", conforme destacou o próprio Federer.
...de enfrentar Willis e sua admirável história...

É que Willis, depois de atingir um promissor 15º lugar no ranking mundial de juniores, viu sua carreira estagnar e, aos 25 anos, já se dispunha a trocar a raquete pela prancheta de treinador. A namorada o convenceu a fazer uma última tentativa em Wimbledon e, surpreendentemente, ele superou os três adversários da pré-qualificação, mais os outros três da qualificação. 

Parecia já ter ido longe demais. No entanto, sobreviveu à partida inicial de Wimbledon, despachando por 6x3, 6x3 e 6x4 o 54º colocado do ranking, Ricardas Berankis.

Agora, mesmo que a carruagem vire abóbora ao se defrontar com Federer, terá sentido o gostinho de enfrentar uma lenda viva. Algo em que ninguém, nem mesmo ele próprio, apostaria há algumas semanas.
...que já provocou reações como esta.
É uma boa oportunidade para eu disponibilizar, na janelinha abaixo, mais um interessante filme para ver no blogue: A luta pela esperança (d. Ron Howard, 2005). Tem tudo a ver, só muda o esporte.

Mostra o ex-boxeador James Braddock (interpretado por Russell Crowe) encontrando muitas dificuldades para sustentar a família durante a Grande Depressão. Ele começara bem sua carreira, chegando a disputar o título mundial, mas foi aí que a sorte virou; perdeu por pontos de Tuffy Griffiths e, ainda por cima, fraturou a mão direita. 

A partir de então, acumulou 22 derrotas em 33 lutas. Abandonou os ringues e teve de resignar-se a trabalhos braçais como o de estivador.

De repente, a maré virou de novo. Um  aspirante ao título ficou sem adversário à véspera da última luta que precisava vencer para adquirir o direito de desafiar o campeão; e, temerosos, pugilistas mais adequados não o quiseram substituir (este episódio real foi a inspiração de Sylvester Stallone, quando ele escreveu o roteiro de Rocky, um lutador).
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Trechos da luta entre Braddock e Max Bauer...
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Em desespero de causa, até Braddock se tornou aceitável. Este concordou porque estava disposto a correr quaisquer riscos por dinheiro. E até tinha um novo trunfo: a dura labuta na estiva tornara poderosa sua mão esquerda, compensando a perda de potência na direita. 

Venceu uma, duas, três lutas. A imprensa o saudou como o homem Cinderela.  E o conto de fadas se completou com sua vitória sobre Max Bauer, tomando-lhe o cinturão dos peso-pesados.

Adiante o perderia para Joe Louis, mas consertou a vida para sempre. Inclusive lançou uma autobiografia que fez aumentar ainda mais sua popularidade, como exemplo edificante de homem que conseguiu dar a volta por cima, superando a adversidade.
...e o filme em que ela é o momento culminante.
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P.S. - O sonho de Willis terminou com a derrota por 6x0, 6x3 e 6x4 que Roger Federer lhe impôs em apenas 1h24. Depois, cavalheirescamente, consolou Willis, dizendo que ele jogara "como um Top 50". 

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