Poucos têm tantos motivos como eu para suspeitar dos conteúdos da Folha de S. Paulo; já perdi a conta das batalhas que travei com tal jornal, acusando-o de tendenciosidade.
Mas, o exercício do jornalismo ensinou-me a distinguir os textos com deformação ideológica daqueles que cumprem apenas funções primordiais da imprensa, como as de informar, interpretar e alertar.
É o caso do editorial desta 3ª feira (23) da Folha, que precisa ser conhecido pelo máximo de brasileiros, pois trata de outro gravíssimo problema de saúde pública, a requerer as mais urgentes providências. Leiam, avaliem, difundam.
É o caso do editorial desta 3ª feira (23) da Folha, que precisa ser conhecido pelo máximo de brasileiros, pois trata de outro gravíssimo problema de saúde pública, a requerer as mais urgentes providências. Leiam, avaliem, difundam.
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ATÉ SÍFILIS
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"Há certas notícias do Brasil que parecem nos transportar de volta ao século 19, ou antes. Não bastassem zika, chikungunya e dengue, viroses transmitidas pelo velho e conhecido mosquito da febre amarela, o país vê explodirem também os casos de sífilis congênita.
Em 2014, último dado disponível, foram 16.266 ocorrências de nascituros infectados. Entre gestantes, a incidência quase quadruplicou, indo de 7.920 casos, em 2008, para 28.226, seis anos depois.
Para comparação: há 508 casos confirmados de microcefalia desde outubro, que provocaram alarme nacional. Os números da sífilis são coisa muito mais séria.
A infecção pela bactéria Treponema pallidum, ao ser transmitida da mãe para o bebê, pode causar malformações ósseas no feto (inclusive microcefalia). Se não for tratada até um mês de vida, há risco de cegueira, surdez e retardo mental.
Neste caso, não há uma população de insetos fora de controle por incúria do poder público. Há, isso sim, uma coleção de falhas –passadas e presentes– das autoridades de saúde.
Atribui-se a explosão de sífilis, primeiro, a um aumento de notificações. O problema já existiria faz muito e não teria sido conhecido na sua real dimensão. Ora, isso só demonstra um fracasso do sistema de vigilância sanitária, mitigado por avanços mais que tardios.
Há fatores concorrentes e mais atuais. Tantas mulheres infectadas evidenciam uma frequência ainda alta de sexo desprotegido, a atestar a deficiência dos programas governamentais de educação e prevenção a respeito de doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Outra explicação, ao que tudo indica ainda mais grave, é a falta de medicamentos para tratar as mães e sua prole –há carência das duas modalidades de penicilina (benzatina e cristalina). Levantamento do Ministério da Saúde em janeiro apontou desabastecimento em 16 Estados.
Se a sífilis é a mais conhecida DST, a penicilina é o pai de todos os antibióticos. A substância foi identificada em 1928 a partir do fungo Penicillium por Alexander Fleming e abriu uma nova era de combate a germes que afligem a humanidade desde o início da espécie.
Há algo de muito enfermo em um sistema de saúde que não consegue, em pleno século 21, manter e distribuir estoques adequados de um remédio tão básico."
2 comentários:
No ano passado, numa cidade do interior do Estado perguntei ao filho de um amigo, que é médico de um ambulatório municipal, se era muito grande a incidência das DST. Ele disse que era uma calamidade.
Disse ainda que a mídia centrava as notícias na AIDS no entanto a sífilis grassava assustadoramente.
Informou ainda que meia dúzia de ampolas de Bezentazil [penicilina] de 1.200.000 unidades ou 2.400.000, conforme o caso, era suficiente para sanar o mal.
No entanto, era dificultoso a disponibilidade de tal remédio. Os laboratórios investiam mais na fabricação e "empurrometro" de outros remédios "modernos" sem o perigo do choque anafilático da penicilina. O tratamento [no caso da sífilis] com os novos remédios se gasta três/quatro vezes mais.
Enquanto isso os burocratas da ANVISA, refestelados em ambientes refrigerados, com suas normas fora da realidade social, obrigou os pobres a procurarem um médico para ter a receita para comprar uma simples pomadinha. Ou então pagar o dobro sem receita na compra de um genérico.
Ele disse que quem sofre com essa burocracia são os pobres. Os velhos farmacêuticos ficaram inibidos de indicarem os remédios eficazes.
Os ricos são frouxos mesmos; procuram médicos particulares ou conveniados para um simples resfriados ou uma picada de pernilongo, arrematou.
"Se não for tratada até um mês de vida, há risco de cegueira, surdez e retardo mental."
sem problemas..excelente chance de sucesso na mídia, na TV ou na politica..pra não falar na justiça ou na web...
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