quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

PASSAREI A DEFENDER A PERMANÊNCIA DE DILMA ROUSSEFF NO CARGO...

...se for removido o motivo primordial para um homem de esquerda aceitar ou ficar indiferente ao seu afastamento: o estelionato eleitoral

Quem foi formado na tradição marxista e não virou suco com o passar dos anos, jamais engoliu a decisão de Dilma Rousseff, de administrar a economia segundo o ideário da direita, corporificado num arrocho fiscal de características escrachadamente neoliberais. Pois Marx cansou de repetir que é a orientação econômica que define a identidade ideológica de um governo. 

Alguns, por mero oportunismo e apego ao poder, defendem hoje as medidas de austeridade que tanto execraram no passado; outros, os idealistas sinceros, as engolem por considerar a continuidade de Dilma um mal menor. 

Eu não consigo: pior do que tudo, para mim, será o povo ficar acreditando que aquilo que foi feito nestes 11 meses equivalha às posições da esquerda; pois crer numa aberração dessas o levará a considerar todas as forças do espectro político como farinhas do mesmo saco

Então, é preferível perdermos um governo no presente do que perdermos a chance de construir um futuro expurgado da exploração do homem pelo homem, missão que jamais conseguiremos levar a cabo se dilapidarmos tão exacerbadamente nossa credibilidade.

Nesta 4ª feira (16), contudo, o Valor Econômico garante que já foi acertada a saída de Joaquim Levy do ministério.

Caso isto realmente venha a ocorrer, e significar uma guinada de 180º na política econômica do governo, aí, sim, valerá a pena defendermos o mandato de Dilma.

Mas, tendo clareza quanto ao seguinte: supondo-se que o governo continue relutando em optar por soluções revolucionárias, errará terrivelmente se apenas ensaiar uma volta ao passado, conforme propõem as viúvas do Mantega. A mera retomada do nacional-desenvolvimentismo do primeiro governo de Dilma levaria o Brasil ao colapso econômico e a uma depressão sem precedentes, impondo rigores terríveis a nosso povo sofrido.

Fora do capitalismo se abre um leque de possibilidades. Dentro do capitalismo, a alternativa à recessão continua sendo o reequilíbrio das contas públicas.

O que a esquerda jamais poderá admitir ou consentir é que o custo do ajuste seja atirado quase inteiramente nas costas dos trabalhadores, dos excluídos e dos indefesos. 

Pelo contrário, o Brasil tem sido de uma magnanimidade extrema com o grande capital (principalmente os parasitas do mercado financeiro) e com os rentistas. É a hora de darmos um fim a este tratamento, privilegiado a tal ponto que não encontra similares nem mesmo nas grandes nações capitalistas. 

É por aí que as dificuldades atuais têm de ser superadas, não com aumentos explícitos ou implícitos da taxação dos explorados, pois deste lado o elástico está tão esticado que logo acabará arrebentando.

E, claro, já passou da hora de a esquerda correr o risco de denunciar e confrontar o fisiologismo dos políticos profissionais, expondo-os à execração pública ao invés de comprar seu apoio com cargos e recursos públicos (com a agravante de, conforme se constata atualmente, não ter garantia nenhuma de que os compromissos por eles assumidos serão honrados nos momentos cruciais). 

Torço para que Dilma finalmente passe a mirar-se no exemplo da Wanda. E estou disposto a apoiá-la, se perceber nela a determinação de voltar a ser quem eu conheci em 1969, mas não vejo há muito, muito tempo...
.
Recado do povo brasileiro ao Joaquim Levy

2 comentários:

OLNEY GALVÃO disse...



faz tempo que quero comentar sua posição extremista de apoiar o GOLPE ,

MESMO POR CULPA DA dilma , que não é mais WANDA .

Não sou comunista e acho que não haverá revolução socialista no Brasil

( pelo menos por enquanto ): não é da índole do povo brasileiro ...

A queda da DILMA será um retrocesso para o desenvolvimento do Brasil

(com essa Direita que só apresenta as metas do Consenso de Washington)

e o fim da vitória da esquerda de 1964,conquistada com a vitória do LULA.

OCG

celsolungaretti disse...

Olney,

chamar impeachment de "golpe" é puro Goebbels: martelar uma mentira até fazê-la passar por verdade. Acho deplorável que a esquerda copie essas imundícies do nazismo e do stalinismo.

Em segundo lugar, não apoio nada disso, apenas sei discernir para onde os acontecimentos se encaminham. O Brasil não aguenta mais um ano de recessão e não sairá da recessão enquanto a Dilma estiver lá. Então, de alguma forma a afastarão. É simples assim.

Não tenho poder para decidir a forma como ela será afastada nem pretendo me alinhar com os que, no frigir dos ovos, tomarão tal decisão. Mas, se minha torcida valer alguma coisa, o certo mesmo é a chapa presidencial ser cassada pelo TSE e se convocar uma nova eleição.

Não exatamente por causa das pedaladas, mas por algo muito pior e muito mais sério: o ESTELIONATO ELEITORAL. Se elegermos presidentes com uma plataforma de esquerda e logo na constituição do ministério eles guinarem para a direita, colocando um neoliberal para gerir a economia, haverá tudo menos uma democracia. Ou botamos ordem nesse circo ou a avacalhação será total e o povo vai ser cada vez mais ludibriado.

Daí essa paralisia que empobrece cada vez mais o País e o está conduzindo a uma depressão econômica. Daí a necessidade de uma nova eleição, pois o governo atual é legal mas ilegítimo. Não tem credibilidade nenhuma nem um mínimo de competência para tirar o País da crise.

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