terça-feira, 1 de setembro de 2015

COM AMIGOS COMO ESSES, O LULA NÃO PRECISA DE INIMIGOS.

Os blogueiros que se intitulam progressistas parecem acreditar que intolerância, prepotência e ranzinzice sejam sinônimos de evolução. 

No meu entender, caracterizam, isto sim, retrocesso. Lembram a Idade Média, quando qualquer ofensa a vultos religiosos poderia levar o coitado às masmorras da Inquisição.

Sou da geração 68 e me esbaldei com O Pasquim. Como era hilário ver os reaças expostos ao opróbrio no cemitério dos mortos-vivos do cabôco mamadô! O Henfil lavava a nossa alma...

Eis que a direita começa a civilizar-se e, ao invés de criar novos CCC's para vandalizar teatros e espancar atores, agora recorre ao humor: produziu um boneco inflável do Lula com uniforme de presidiário, que caiu nas graças de muita gente. Acontece.

A reação mais inteligente seria levar na esportiva e pagar na mesma moeda. Mas, a esquerda casmurra preferiu passar recibo de que ficou melindrada com a gozação. Quanto primarismo!

Como diziam os antigos, quem sai na chuva é para se molhar. Se os petistas agiam da mesmíssima maneira com o FHC, por que se ofendem tanto agora? O Lula virou santo? É sacrilégio fazer piada com ele? Que cabecinha pequena tem essa gente!

Piores ainda são os ferrabrases  que já furaram uma vez o tal do pixuleco e prometem reincidir. Aí a coisa descamba para a selvageria das turbas organizadas de futebol.

E, claro, tal truculência transforma uma besteirinha que passaria despercebida em assunto de repercussão nacional, fazendo o jogo da direita, que quer mais é ver todo mundo falando sobre o boneco. Assim, o cidadão comum aos poucos se acostumará à ideia de que o Lula pode ser preso na sequência da Operação Lava-Jato.

Foram lambaças semelhantes que centuplicaram a repercussão da turnê brasileira da blogueira Yoani Sánchez. Os especialistas em tiro no pé não aprenderam nem esqueceram nada desde então.

Com amigos como esses, o Lula não precisa de inimigos.

6 comentários:

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Que boa onda me deu encontrar o Cabôco Mamadô desenhado pelo Latuf.

Mas o Henfil nos dias de hoje, hein? Seria crucificado dia e noite,
sem parar. E quem se encarregaria disso não seria a Direita.

celsolungaretti disse...

Sim, Eduardo, pensei que ninguém perceberia. É que não encontrei no Google nenhuma charge apropriada do próprio Henfil, então, utilizando minha licença poética, escolhi a que melhor se casava com o texto. Percebi que era posterior à sua morte, claro.

Queria mesmo é de ter achado a do Henfil em que apareciam umas 30 lápides com nomes de mortos-vivos.

Cheguei a entrevistar o Henfil, no final de 1984. A revista já estava em fotolito quando saí da Editora Sublime, brigado com o dono (o Jácomo La Selva).

Fiquei com tanta raiva que acabei não comprando um exemplar na banca. Depois, com a morte do Henfil em 1988, fiquei com vontade de ter aquela longa e boa entrevista. E não encontrei mais a revista em lugar nenhum. Gostaria muito de a publicar no blogue.

Abs,

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Putzigrila! Viu, duas coisas aqui. Eu tenho a charge do montão de lápides a que você se refere, e posso digitalizá-la. Mas vou fazer isso com cuidado, porque está num livro que ganhei no dia dos pais um ano desses aí, com as edições do Pasca de 1969 a 1972, pela Editora Siderata. Vai ser meio trabalhoso digitalizar, porque tá no meio desse livro pra lá de volumoso, e trato o livro a pão de ló, já levei no veterinário e tudo.

Quanto a tua entrevista do Henfil, e se você fizesse um chamado aí, pelas redes sociais que utiliza e etc (e pelo blogue, claro), como uma garrafa atirada ao mar, pedindo a alguma boa alma que te mande a entrevista? Pode bem ser que alguém que lê o teu trabalho a possua, é ou não é? Você gostaria de publicá-la, e eu gostaria, ó, de lê-la!

celsolungaretti disse...

Meu caro Eduardo, para que tanto trabalho? É só uma charge. Cairia bem no contexto, mas a grande maioria dos leitores nem nota tais sutilezas. Agradeço seu interesse, claro.

Quanto ao chamamento geral, taí uma boa dica. Vou aproveitar, sim.

Um forte abraço

Daniel Oliveira disse...

A União da Juventude Socialista só faz vergonha... desde as eleições da Une, repleta de traudes, até esses atos bizarros como os que vc citou no texto. Enfim, recebem uma boa mamata e são anti-revolucionários da pior qualidade. Cães de guarda do PT-PCDOB e, consequentemente, da própria burguesia.
E quanto ao teu texto sobre a facada no pixuleco do Lula, foi a melhor análise que pude ler. Basta lembrar que estes grupos juntamente com seus partidos partiram para a ofensiva contra os protesto contra a copa do mundo e, paradoxalmente, defenderam o boneco inflável do Fuleco (mascote da copa 2014), e inclusive criticaram os manifestantes que furaram o Fuleco. Pilantras, vendidos e hipócritas!

Eduardo Rodrigues Vianna disse...

Bão, confesso que não queria abrir o livro pra pôr no scanner. =)

Mas daria pra fazer, de modo mais eficiente em algum laboratório da NASA, ou da KGB. Manja quando a gente trata um livro em espacial com todo aquele baita cuidado?

Este papo me faz lembrar uma frase engraçada que conheço. Ali na antiga UBRASUS, União Cultural Brasil-União Soviética, na Frei Caneca, havia um quadro na biblioteca segundo me contou o presidente, Professor Morais, sujeito interessantíssimo que foi-se deste mundo com mais de cem anos. Nesse quadro lia-se:

"TRATEM OS LIVROS COMO SE FOSSEM PESSOAS!"

A mensagem é ótima, exorta o descendente de Adão a tratar o livro realmente bem, assim como se deve tratar as pessoas. Mas o imperativo, no plural, dá um duplo sentido. Pode-se interpretar:

Tratem os livros como se [eles, os livros] fossem pessoas.

Ou:

Tratem os livros como se [vocês, seus brucutus] fossem pessoas.

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