Notícia que acaba de sair do forno e aparece com destaque nos grandes portais jornalísticos: "Pela primeira vez no Relatório de Mercado Focus, analistas do setor privado estimam queda da atividade também em 2016" (vide aqui).
Trocando em miúdos: estamos condenados à recessão pelo resto de 2015 e também durante o ano inteiro de 2016.
Nenhuma novidade. Eu já escrevia isto em abril, baseado em relatórios do FMI que deixavam bem claro para onde rumávamos:
"A recessão será brava em 2015 e 2016, com os quatro anos seguintes trazendo algum alívio, mas ainda nos deixando bem longe dos cenários comparativamente auspiciosos da década anterior. Ou seja, de imediato, estamos f... e mal pagos; adiante, continuaremos f..., mas nos pagarão um tantinho mais".
O Joaquim Levy, pelo contrário, mentia descaradamente ao prognosticar algum alívio ainda neste ano. Ninguém bem informado acreditava nisto. Muito menos ele.
5 comentários:
Celso, seria bom prestarmos atenção ao seguinte.
Formou-se, por iniciativa de Penna, do Partido Verde, uma frente de deputados pela implementação do parlamentarismo. Há 225 adesões, de gente de TODOS os partidos, entre os quais o PSOL. Trata-se de um assunto interessante sobre o qual poderíamos nos manter informados, por algumas razões.
Para a esquerda genuína, socialista, é fundamental saber que devemos atuar com a perspectiva da transformação da sociedade, mas que devemos atuar igualmente no terreno democrático, de avanço democrático, e qualquer gritaria ultraesquerdista está fadada a ser ignorada pela imensidão do povo trabalhador. Grande e justo é o desafio de voltarmos a fazer política popular em larga escala, nas casas, nos bairros, nas igrejas, em grande estilo e com política de alta qualidade, algo dificílimo atualmente. Eu pessoalmente estou espenhado nesta conversa, sem afobação e com consciência das dificuldades, com gente boa, de luta, e disposta a ES-TU-DAR! Militância política vitoriosa é aquela que se dá em torno às pautas concretas de interesse da maioria do imenso povo, com um esforço constante até mesmo pela elevação da cultura do povo por meio da política, tal como fizemos contra a ALCA em 2002.
Por outro lado, e para contemplar a saída civilizada para as crises políticas que precisamos reivindicar, o parlamentarismo aparece como uma perspectiva para o fortalecimento dos partidos políticos do ponto de vista ideológico, ainda que o Parlamento permanecesse por um longo tempo dominado pelos interesses fisiológicos.
Lamentavelmente, e como um corolário da atual crise da política de uma maneira geral, não lemos nada a respeito na imprensa dos partidos de esquerda a que pertencem alguns dos deputados que aderiram à frente parlamentar proposta por Penna, como o PSOL e o PC do B. Há também lideranças de destaque, que ainda gozam de prestígio frente ao distinto público, como o Vicentinho.
Sabemos que a perspectiva parlamentarista é problemática quanto a vários aspectos e que houve uma má experiência de parlamentarismo durante o fraco governo Jango. Porém, tratar-se-ia de uma via para a politização pública, se um partido como o PSOL, para citar o melhorzinho, quisesse deixar de ser um saco de gatos para se tornar um partido político de verdade.
Jacob Gorender concordaria com isto. Na opinião dele, a classe trabalhadora É reformista. E nós, de nossa parte, sabemos que, para falar a sério, uma revolução anticapitalista vitoriosa somente poderia ocorrer nos países capitalistas mais desenvolvidos, em outro momento, COM O SURGIMENTO DE MEIOS DE PRODUÇÃO NÃO APENAS CAPAZES DE SUSTENTAR UMA MUDANÇA DA SOCIEDADE, MAS QUE APONTASSEM INDUBITAVELMENTE PARA ELA, e com sólidas instituições de tipo democrático, geradoras de certas tradições de tipo democrático, ao ponto de a revolução acontecer de modo pacífico. A maioria das pessoas que se julgam de esquerda a quem conhecemos ficaria estarrecida ao saber que era este o tão sofisticado pensamento de Karl Marx.
It's a long way, Eduardo, para transformarmos "depufedes" (meu saudoso pai os chamava assim) em parlamentares.
Mas, com a nova tendência à eternização de presidentes mediante uso e abuso da máquina governamental, o parlamentarismo teria, pelo menos, a vantagem de simplificar os trâmites para o bota-fora de governantes desmoralizados.
Uma Dilma, recordista absoluta de rejeição, já teria sido mandada para casa há muito tempo.
Pois é, as vias que poderíamos ter para a necessária revitalização da esquerda são todas de uma longa duração, e eis aí um problema. Mas penso que uma conversa sobre parlamentarismo traria, de início, uma boa noção do aspecto republicano da política, e só faria sentido, para nós, se assumíssemos a prerrogativa de que a boa politica de esquerda é aquela que vai para a imensidão do povo, o que requer vontade e verdade para aprender e para ensinar. Não é o estado de espírito que prevalece nesta época.
O mundo se curvou diante do naufrago. Não é melhor assim? Já que é para dizer loucuras então não vamos economizar.
Mas que falta de humor, companheiro! A frase é um chavão e, evidentemente, fiz apenas um gracejo.
Agora, quem acompanha meu trabalho sabe que muitas vezes acerto em assuntos nos quais a grande imprensa erra. É um fato.
Mas, isso não me sobe à cabeça. Conheço as redações e sei que nelas há muitos bons jornalistas, que chegariam às mesmíssimas conclusões do que eu, se os editores e diretores deixassem.
Eles são tolhidos e eu tenho liberdade de ação. É só isto.
Então, vocês deveriam procurar análises isentas aqui comigo, pois não tenho rabo preso com ninguém. Os jornalões têm, todos eles.
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