O jornalista José Cruz é eclético, escreve lá de Brasília sobre política, economia e esporte. Então, ninguém melhor do que ele para relatar como os parlamentares que, digamos, $impatizam com a Casa Bandida do Futebol, tentarão evitar que a CPI da CBF cumpra seu papel de higienizar a dita cuja, botando pra correr o cúmplice do detento Zé das Medalhas, o diretor de seleções e o técnico não só flagrantemente incompetentes, mas cujas ligações perigosas com a intermediação de jogadores os tornam inaceitáveis para os respectivos cargos, dentre outras figurinhas carimbadas. Só para lembrar:
- a Polícia Federal está investigando a parceria entre a Rede Globo e a CBF (vide aqui), outro assunto que interessa à bancada dos corruptos da bola manterem bem longe dos holofotes da CPI;
- o grande Zico, homem decente e um dos maiores futebolistas brasileiros de todos os tempos, acaba de lançar uma carta aberta (vide aqui), alertando para a forte possibilidade de que Rinaldi esteja transformando a gestão de seleções brasileiras de todas as categorias num próspero balcão de negócios;
- como técnico da Seleção Brasileira no seu fracasso anterior, Dunga convocou para disputar o Mundial 2010 da Fifa o jogador Maicon, cliente de uma empresa internacional de intermediação de jogadores da qual ele próprio, Dunga, participava, embora mentisse à imprensa e à Justiça gaúcha a este respeito (vide aqui).
Eis os detalhes sobre o fermento que senadores do PT acabam de colocar em mais uma pizza que deverá sair do forno do Congresso, segundo José Cruz:
Desmoralizada em campo e fora dele, a cartolagem da CBF continua com domínio sobre o desprestigiado Congresso Nacional. Os políticos, em geral, se curvam ao poder da bola.
Desmoralizada em campo e fora dele, a cartolagem da CBF continua com domínio sobre o desprestigiado Congresso Nacional. Os políticos, em geral, se curvam ao poder da bola.
Uma manobra do senador Humberto Costa (PT/PE) aumentou de sete para 11 o número de integrantes da CPI da CBF. Com o apoio de 27 senadores, ele apresentou requerimento alterando a composição da CPI que, em tese, dará à CBF chance de contar com mais parlamentares a ela alinhados, tentativa para barrar as investigações na suspeitíssima casa do futebol.
Os cartolas continuam com estreitas relações com vários parlamentares, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros, íntimo amigo e ex-patrão do lobista da CBF, Vandemberg Machado. E, José Sarney. Mesmo aposentado, ele ainda é influente entre políticos. Seu filho, Fernando Sarney, é vice-presidente da CBF no Nordeste.
...Essa estranha pernada do PT é para tentar barrar as pretensões do autor da CPI, senador Romário, de mergulhar nos bastidores das finanças da CBF. A manobra de Humberto Costa, alinhado ao Planalto, surgiu enquanto o governo que ele defende tenta enquadrar os clubes no cumprimento de seus compromissos fiscais.
De um lado temos a proposta de “moralização” – como se isso fosse possível no futebol… – e, no Congresso, representantes do próprio governo aliviam para esconder mais e mais os suspeitíssimos bastidores da CBF, cujo ex-presidente, José Maria Marin, continua preso, e o atual, Del Nero, não se anima deixar o país…
Mesmo diante das indefinições, as articulações são para que a relatoria fique com Romero Jucá (PMDB/RR), da base do governo. Como disse um experiente consultor do Senado, “Jucá tem boas referências, é um político preparado”.
Mesmo diante das indefinições, as articulações são para que a relatoria fique com Romero Jucá (PMDB/RR), da base do governo. Como disse um experiente consultor do Senado, “Jucá tem boas referências, é um político preparado”.
Mas, lembrando Millôr Fernandes, “esse negócio de político preparado é relativo, porque creolina também é preparado e serve para limpar latrinas”.
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