"As reações de Dilma ao fogo cerrado contra seu governo parecem um caso grave da síndrome de Estocolmo. Quanto mais a direita a ataca, mais a presidenta a afaga.
A crise se agravou, e a reação da Dilma é dizer que vai aprofundar ainda mais o ajuste. Isso cria dificuldade para os movimentos que estão dispostos a enfrentar a ofensiva golpista.
A crise se agravou, e a reação da Dilma é dizer que vai aprofundar ainda mais o ajuste. Isso cria dificuldade para os movimentos que estão dispostos a enfrentar a ofensiva golpista.
O governo está muito fraco e precisa mais do que nunca das ruas para resistir ao golpe. Mas não podemos defender um governo que está ficando indefensável por causa dessa política econômica." (Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)
10 comentários:
Celso, essa postura do governo PT em afagar o grande capital está sendo novidade pra você? Pergunto isso porque, pra mim, não está sendo nem um pouco. PT tem que ser visto como um governo conservador voltado pra defesa do capital especulativo. Ingênuo que acredita em quinada à esquerda por parte desse partido.
Axel,
o PT é heterogêneo e contraditório. Infelizmente, Dilma tangeu-o significativamente para a direita, pois, quando o beijo do Lula fez dela presidenta da República, já tinha há muito deixado de ser a guerrilheira de outrora.
Tornara-se uma mera tecnoburocrata e, como tal, buscava soluções pragmáticas. Ora, sob o capitalismo, pragmático é agir de acordo com o que está aí --ou seja, seguindo a lógica capitalista-- do que tentar construir algo diferente.
Mas, extremamente vaidosa, a Dilma poderá até guinar à esquerda, quando perceber que o impeachment será inevitável se persistir no rumo atual. A direita está rifando ela. Resta-lhe cair nos braços do povo, conforme recomenda o Lula.
Só que, desta vez, a esquerda não parece disposta a salvá-la de graça, como salvou na última eleição. É este o motivo das declarações do Boulos.
Abs.
Boulos é um bom dirigente político.
Penso que ele poderá ter um grande
papel na reconstrução da esquerda
a certa altura, se se mantiver fiel
e firme, e se souber encarnar
o espírito radicalmenre democrático,
inovador sob vários aspectos, de que
a esquerda precisará, agora e depois.
Só não é muito correta essa posição de Boulos quanto à resistência a um "golpe". Que "golpe"?
Não há nenhum golpe de estado à frente, as oligarquias do Brasil e o império mundial não têm necessidade disso. O que existe é uma estabilidade do capital, sem nada que a desafie seriamente, e a culpa será inteirinha desse atual governo se vier a cair. E vai demorar um bocado até que a completa estabilidade do capital possa ser desafiada, por uma esquerda nova, democrática de modo radical, disposta a fazer autocrítica histórica -- penso que a esquerda precise disso em maior medida, é um assunto que ainda não foi posto sobre a mesa --, em condições de compreender que cabe a nós converter em realidade a ficção chamada "sociedade do conhecimento" uma vez que as necessidades do conhecimento são opostas às necessidades do capital, inteligente, exigente em termos de inteligência, capaz de criar conceitos lúcidos e profundos, longe de presunções, que rejeite os esforços de comunicação via Facebook ou coisa que o valha (que abandone o hábito miserável de assumir ou definir posição política por meio de "memes" de Facebook, por exemplo), etc, etc. Chegaremos a isto, mas vai demorar.
Concordo, Eduardo. O Boulos é um dos poucos petistas dizendo coisas interessantes hoje em dia. A grande maioria é de Carolinas, que não viram o tempo passar na janela.
Quanto à nova esquerda, eu estou muito cético quanto à sua gestação em tempos corriqueiros, mas vejo a possibilidade de se abrir uma janela histórica --revolucionária-- com a conjugação de duas crises avassaladoras: a da economia capitalista, que hoje é capaz de empurrar com a barriga, para a frente, as crises cíclicas do passado, mas não de erradicá-las, tudo levando a crer que um dia não dará mais para segurar e ela virá com força total, pior que a depressão da década de 1930; e a das alterações climáticas, que ainda vão provocar gravíssimas catástrofes.
Então, chegará um momento em que a espécie humana será obrigada a optar pela sobrevivência em termos solidários ou pela extinção se mantido o capitalismo. Não tenho dúvidas de que tal dia chegará. Mas não sei se chegará em tempo para nos proporcionar um novo ponto de partida.
Abs.
Explicando melhor, porque ficou um tanto confuso: não sei se a ficha cairá para a humanidade antes de os danos ecológicos atingirem um ponto de não-retorno. Pois, mesmo que da noite para o dia aposentássemos 95% da frota veicular mundial, ainda assim as consequências continuariam se fazendo sentir por muitos e muitos anos.
Parece-me que medidas drásticas só começarão a ser tomadas quando houver acontecimentos drásticos. E o meu temos é que isto só se dê quando já estivermos todos condenados.
Aí se cumpriria a profecia de Norman O. Brown, que via o capitalismo como corporificação do instinto de morte e coveiro da humanidade.
Você não foi nada confuso, Celso. O que nós dois estamos dizendo é que existe uma transição em marcha, não é mesmo? E tal transição pode desembocar em catástrofe, naquele momento em que "os vivos invejarão os mortos" segundo já está registrado de muitas maneiras pelo inconsciente coletivo da humanidade.
Mas eu sempre me lembro de que já estivemos em vias de desaparecer mais de uma vez: não teríamos chegado até aqui sem o invenção da agricultura, por exemplo, e houve crises militares realmente perigosas durante o século XX. Os riscos que corremos segundo penso são o de uma degradação ambiental sem remédio, como você escreveu, e, até agora, o da guerra nuclear. Entranto, sabemos que a palavra do ser humano envolve em grande parte um relato de sobrevivência.
Penso que devemos ter aquela posição que não é nem otimista e nem pessimista, mas atenta e sóbria, cética no melhor sentido, e sabendo que muito pouco podemos fazer neste momento, porque este momento pertence àqueles a quem nos opomos. Por outro lado, temos de prestar atenção aos meios de produção, porque apenas após o advento de meios de produção de novo tipo poderemos considerar a criação de uma sociedade superior à capitalista a despeito de todos os perigos. Os novos meios de produção, esses a que me refiro, começam a aparecer, e podemos ter uma conversa interessante a esse respeito. Por outras palavras, vale a consideração de Marx, de que a civilização se modoficaria muitíssimo conforme ocorresse a libertação das forças produtivas, o que não pode se realizar apenas por meio de um processo social e político.
Quanto à profecia de Norman Brown, se quisermos saber se é correta, basta olharmos ao redor, e para dentro de nós mesmos, isto é, basta olharmos para o horizonte das relações humanas. Mas tenho fé no espírito humano (em Deus, se alguém quiser interpretar assim), e acredito que a nossa posição política deveria sempre se revestir da consicência de que uma espécie como a humana não poderia experimentar a sua evolução sem uma grande chance de se autodestruir, em contextos como os dos séculos XX, em meio e após as grandes guerras, e XXI.
Estas são algumas das noções, muito diferenciadas, que deverão pertencer a um renascimento de esquerda em minha opinião. Estamos, certamente, muito longe disto.
isso é igual "rebelião" do PMDB...é tudo chantagem pra reajustar a mesada.
A economia, esta desconhecida, vem fazendo das suas e desacreditando os "analistas" mais respeitáveis.
Os sinais contraditórios na economia (queda de inflação na cesta básica, aumento de vendas no comércio e na confiança dos consumidores em contrapartida ao aumento do desemprego geral (mas, cresceu o emprego industrial em mais um sinal contraditório)) significam que ela está em um período de transição. Tudo indica que o pior já passou e teremos um segundo semestre de inflação em queda, emprego e consumo em alta.
Nada espetacular, mas mudança total das tendências apontadas pelos "especialistas". Em resumo: o "apocalipse" anunciado todos os dias pela mídia golpista e por certa "esquerdinha", como dizia o Professor Darcy Ribeiro, não vai acontecer!
O risco que o Brasil corre é político. Neutralizar os movimentos de direita treinados e financiados pelos EUA, desconstruir a atuação de "Tucanomoro" na Operação Lava-Jato e desmantelar o "comitê tucano da PF" é tarefa de um ministro da Justiça de verdade, o que não temos hoje. Só a Dilma sabe o que o inoperante JEMC ainda faz na Esplanada.
Eduardo Cunha? Apenas um Paulo Maluf do Legislativo, e ainda mais açodado pelo $ do que o original. Terá final ainda mais melancólico na Presidência da Câmara Federal do que teve Severino Cavalcante.
E aí, o movimento social terá espaço para cobrar uma guinada à esquerda do governo, como quer Guilherme Boulos, a torcida do Flamengo e a do Corinthians.
Ora, Marcos, tire os óculos cor-de-rosa e veja o que realmente está se passando. Ou bata um papo com as pessoas comuns no boteco, na barbearia. Como diria o Chico Buarque, "o que eu quero lhe dizer é que a coisa aqui está preta".
Caso contrário a aprovação da Dilma não estaria em 9%, com tendência a cair ainda mais...
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